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Borrão, tudo era apenas um compilado de cores distintas que passavam apressadamente sobre meus olhos, as vozes apenas zumbidos, como um enxame de abelhas-africanas.
Não viu nada e nem ninguém, o peito estava absorto pela raiva, tão quente que o próprio fogo era capaz de se queimar. Estava dirigindo de maneira automática, onde o risco de causar um acidente era gigantesco. E se perguntou quando estacionou o Mustang como chegou viva até a casa dos pais.
Mas aquilo não importava, porque às vezes já se sentia morta por dentro, mas naquele momento estava viva, bem viva, e com um ódio descomunal em cada parte que se arrepiava do corpo.
Era como se escutasse o lobo interior clamando para sair para a guerra. Era só um poço de raiva acumulada, o pavio de pólvora que explodiu.
Como imaginou, a porta de entrada estava aberta, John e Amanda sempre a deixavam daquele modo caso as filhas aparecessem. Mas fez questão de anunciar a chegada.
Escancarando a porta com tanta força que um estrondo percorreu por toda casa, calando as vozes que falavam na cozinha. Fazendo os olhares se voltarem para o corredor, se voltarem para minha pessoa.
E estava pouco se fodendo para educação, estava pouco se lixando se os mais velhos na mesa eram os pais. E não ligava para o assombro deles ao me olharem, não ligou para mais nada.
— EU SÓ VOU DAR UM AVISO A VOCÊS, UMA COISA É MEXER COMIGO, OUTRA BEM DIFERENTE É MEXER COM MEU FILHO — Apontou o dedo para os pais — COM MEU FILHO VOCÊS NÃO SE METAM.
— COM QUEM VOCÊ ACHA QUE ESTÁ FALANDO, ENID? — O pai berrou e se levantou, inflando o peito como um galo-de-briga — SOME DURANTE MESES E ACHA QUE ESTÁ NA RAZÃO DE CHEGAR ASSIM?
— ESTOU FALANDO COM DOIS IMPRESTÁVEIS QUE NÃO SERVEM NEM PARA SEREM CHAMADOS DE PAIS — Rosnou — DOIS IRRESPONSÁVEIS QUE ESQUECERAM AS PRÓPRIAS FILHAS POR DEZESSEIS ANOS E ACHAM QUE TEM DIREITO DE APONTAREM MEUS ERROS.
— Enid, olha tenha...
— CALA ESSA BOCA QUE EU NÃO ESTOU FALANDO COM VOCÊ, ISABEL — E seus olhos se arregalaram, apontou para todos daquela cozinha — JÁ CHEGA DESSE TEATRO, CHEGA DESSA MERDA DE ENCENAÇÃO DE FAMÍLIA PERFEITA.
Viu pelo canto dos olhos Jenna pegando o telefone, escutou o nome de Wednesday sendo falado por ela.
— AS ATITUDES DE VOCÊS ESTÃO ENTALADAS AQUI — Colocou a mão na própria garganta — VOCÊS NÃO PASSAM DE UM BANDO DE FILHAS DA PUTA... É ISSO QUE VOCÊS SÃO, EU ATUREI TUDO O QUE ESCUTEI NAQUELE CASAMENTO, SEUS OLHARES E O DESPREZO DE CADA UM POR EU ESTAR ACOMPANHADA. MAS AGORA MEU FILHO...
— VOCÊ APARECEU COM OUTRA NA FRENTE DA WEDNESDAY — Jenna tentou fazer Emma ficar quieta, mas de nada adiantou — ESTÁVAMOS PREOCUPADOS COM ELA.
— O MEU CASAMENTO NUNCA FOI DA CONTA DE VOCÊS — Sentia as veias saltando da garganta — SE EU QUISESSE TRANSAR COM UMA CIDADE INTEIRA, NINGUÉM TERIA NADA A VER COM ISSO.
— ABAIXA ESSE TOM — Sorriu para o pai — EU NÃO VOU FALAR DE NOVO.
E abaixou o tom, falando de forma lenta e com cada palavra transbordando de nojo.
— Você é desprezível, John, meu erro para você foi ter forjado minha morte, foi ter ido embora? — Sua mandíbula ficou tensa, e seus olhos estavam focados nos meus — Logo você querendo dar lição de moral? Logo você que sumiu por dezesseis anos e foi para guerra para fugir da família. Se diz Militar, mas não passa de um cachorrinho medroso que foge de qualquer responsabilidade.
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Silence
FanfictionATENÇÃO⚠️⚠️⚠️: Abordará assuntos como, depressão, automutilação, bullying, suicídio, psicose, psicopatia e até mesmo abuso sexual. A gatilhos em todos os capítulos, repito, em todos. Essa fanfic terá assuntos delicados sendo abordados do início ao...