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Como um cavalo com cabresto, seguiu apenas um rumo, a passos largos e não escutando o chamado de Ortega que me seguia quase correndo.
Abriu a porta do escritório com uma certa brutalidade e foi direto nas gavetas onde guardava os documentos e retirou o papel pardo de dentro. Retirando os papéis do divórcio.
— Wednesday não faz isso.
Provavelmente Emma ficou com as crianças na sala, já que a única presença ali era Jenna, que encostou a porta nos deixando sozinhas.
— Não fazer o que, dar o livre arbítrio para Enid? — Pegou a caneta e quando estava prestes a assinar, o papel simplesmente foi puxado antes que a ponta da caneta fizesse o risco — Ortega, me dê isso.
— Não, e agora você vai me ouvir — Ela segurava os papéis acima da cabeça — Não percebe que está agindo pela raiva? E que você assim que assinar esses documentos vai se arrepender.
— Não, eu não vou me arrepender, assim como ela aparentemente não se arrependeu de aparecer com outra mulher no casamento — Tentou ir na sua direção e puxar os documentos, mas Jenna deu a volta na mesa e não deixou — Você quer fazer o favor de me dar esses benditos documentos?
— Porra, para de ser tão cabeça dura, me escuta ao menos uma vez na sua vida inferno — Ela elevou um pouco o tom de voz — Deixa de ser uma acéfala e usa o mínimo dos neurônios existentes na sua cabeça, os que ainda funcionam e que a raiva não pulverizou.
Silêncio, apenas fiquei em silêncio olhando nos seus olhos. Deixando meu coração angustiado mostrar minha vulnerabilidade nos meus próprios olhos marejados.
— Ela passou a droga do casamento inteiro olhando para você, eu sei o que eu estou falando. Enid te comeu com os olhos, Wednesday — Cega, estava cega de raiva — E eu duvido que se a Enid estivesse com aquela garota de uma maneira romântica, que ela faria tal ato.
Não acreditava naquilo, não após ver todos os cuidados dela com a tal Bella, como ela foi embora sem nem ao menos olhar para trás.
— Olha, se quiser assinar esses papéis, tudo bem, vai em frente — Ela os colocou na mesa — Mas faça isso em um momento onde a raiva não esteja em cada célula do seu corpo. Porque você está agindo por impulso, algo que você mesma sempre odiou Enid fazendo.
Foi a última coisa que ela me disse antes de me deixar sozinha, remoendo minha própria consciência. Me afogando na minha própria mágoa.
Odiava chorar, odiava se sentir tão fraca, mas quando percebeu já estava sentada na cadeira com as mãos na cabeça, puxando gradativamente os fios de cabelo. Batidas leves na porta soaram, fazendo com que eu enxugasse minhas lágrimas e assobiasse por entre os lábios quando deixei o ar sair dos meus pulmões.
Novamente as batidas foram ouvidas e com elas vieram a voz baixa de Williams regada de receio. Ansioso e tenebroso pela minha falta de resposta.
— Pode entrar, Will.
Sua figura girou a maçaneta e ele adentrou o escritório, carregando uma xícara de chá fumegante e me estendendo. Intercalei o olhar entre ele e a xícara tentando entender o que aquilo significava.
— Vovó sempre fala que coisas quentes expulsam a tristeza que está no nosso coração — Sorriu e pegou a xícara, puxou ele para se sentar no colo e beijou sua bochecha — A senhora está chateada com a mamãe, não está?
Seus olhos me avaliaram com uma tremenda intensidade, como se ele lesse minha alma, onde palavras estavam cravadas nos meus ossos. Entalhadas, assim como marceneiros faziam com a madeira.
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Silence
FanfictionATENÇÃO⚠️⚠️⚠️: Abordará assuntos como, depressão, automutilação, bullying, suicídio, psicose, psicopatia e até mesmo abuso sexual. A gatilhos em todos os capítulos, repito, em todos. Essa fanfic terá assuntos delicados sendo abordados do início ao...