CAPÍTULO 14

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MARIANA

Pietro entrou com o Calleri mais uma vez. Durante o hino, ele ficou o tempo todo segurando-o, como se estivesse protegendo.

E o Pietro eu nem preciso dizer, é um sorriso tão grande, dava pra ver de longe a felicidade dele.

Quando o hino acabou, vi o Calleri  pegando-o no colo e dando um beijo no rosto, depois virando o rosto para que o Pietro também o beije, depois ele veio correndo até mim.

Antes de se virar, o Calleri olha pra mim e dá um sorriso de canto, eu sorrio de volta pra ele. Meu olhar fica fixo nele até o perder de vista em campo.

– Mamãe, o Calleri disse para esperar por ele para entregar o desenho. – Pietro diz.

– Está certo, meu amor. Agora vamos voltar pra nosso lugar. – digo.

Voltamos para nosso lugar na arquibancada, e o jogo já tinha começado. A torcida canta muito alto, a energia é surreal.

Pietro se empolga com tudo, grita o nome dos jogadores e faz festa quando o Calleri toca na bola. Parece até gente grande.

– Mamãe, não esquece de falar com o Calleri pra eu entregar o desenho. – Pietro pediu.

– Vou falar, meu amor. Deixa o jogo acabar. – eu falo.

Depois de uma hora que a gente teve esse diálogo, o jogo acabou.

– Mamãe, manda mensagem para o Calleri. – Pietro pediu.

– Calma, meu amor. Vou mandar. – falo.

Nem precisei mandar mensagem, o jogador tinha mandado uma mensagem no direct.

– Onde vocês estão? Estão dentro do estádio ainda? – ele pergunta.

– Estamos sim. – respondo.

– Vou esperar vocês na entrada, peço para liberarem para vocês irem buscar e voltarem. – ele diz.

Eu entendi o porquê dele não nos acompanhar, se ele saísse, certamente não voltaria tão cedo para casa.

Calleri tinha falado com o segurança para nos deixar sair para pegar o desenho e depois voltar.

Fomos até o estacionamento, Pietro pegou o desenho e a gente voltou para o estádio. Já era de noite quando isso aconteceu.

Caminhamos um pouco até o local onde o jogador estava, o estádio já estava vazio.

– Calleri, aqui. - Pietro diz ao entregar o desenho.

– Aqui é você, aqui sou eu com a sua camisa, e aqui é a mamãe. – ele explica.

– Cara, eu amei seu desenho. Está muito lindo. Parabéns, campeão. – o jogador fala.

– Obrigado! – Pietro diz.

– Agora a gente já vai, se despede do Calleri, filho. – digo.

– Tchau, Calleri. – ele diz.

– Tchau, campeão. – o jogador fala pegando ele no colo e dando um abraço.

– Tchau, Mariana. Foi muito bom ver vocês novamente. – ele diz me olhando novamente nos olhos.

– Tchau, Calleri. Obrigada por tudo mais uma vez. – eu respondo.

Nós nos despedimos e fomos embora. Estranhamente, eu fui o trajeto todo lembrando do olhar do Calleri.

Aqueles olhos castanhos passam tanta tranquilidade, acho que é por isso que as crianças gostam tanto dele.

Cheguei em casa e o Pietro estava dormindo, fiquei com pena de acordá-lo, então tirei a roupinha dele, passei um lenço umedecido e vesti o pijama.

Tomei um banho e me sentei um pouco no sofá pra ver TV. Entrei no Instagram e dei de cara com o desenho do Pietro nos stories do Calleri.

“Esse mini são paulino me encanta. Obrigada pelo carinho, Pietrinho.”

O carinho dele chamando o meu garoto de “Pietrinho”. Como eu já tinha visualizado, aproveitei e respondi: “Obrigada você, Calleri, por fazer tão bem ao meu pequeno.”

Dessa resposta, começou a surgir uma troca de mensagens com o jogador, nem eu estava acreditando no que os meus olhos liam.

"Eu vou guardar esse desenho com muito carinho." – o jogador diz.

"Fico feliz." – respondo.

"Ele estuda?" – Calleri pergunta.

"Sim. É o primeiro ano dele na escola." – falo.

"Deve ser um máximo." – ele fala.

"Sim. Todos os dias temos histórias novas." – falo.

"Ele é muito esperto." – Calleri diz.

"Fiquei impressionado com o desenho dele." – ele manda em seguida.

"Ele estava muito empolgado para te entregar." – falo.

"Eu amo esse carinho dele." – ele diz.

"Ele ama você. Até brinquei que ia ter uma conversinha com você porque estava roubando o amor do meu filho." – falo e coloco uns emojis de risos.

"Nossa, desculpa. Não era minha intenção.' – ele responde e coloca emojis de risos também.

"Posso te pedir uma coisa?" – ele pergunta.

Nessa hora eu gelei. O que será que ele ia pedir? Como estava muito curiosa, respondi logo.

"Pode!" – mandei na mensagem.

"Não me afasta dele não." – ele diz e eu me surpreendo.

"Não, jamais faria isso. Como eu disse, ele ama você. Então, enquanto estiver dando certo..." – falo.

"Enquanto estiver dando certo? Não entendi." – ele diz.

"Sim. Sendo bem honesta com você, não quero que meu filho se iluda e depois você simplesmente o esqueça, ele vai sofrer muito." – falo.

"Então, como mãe, te peço que não crie ilusões na cabeça dele. Vamos indo dia após dia." – completo.

"Não, Mariana. Não farei isso com ele. Mas eu entendo você, pode ficar sossegada." – ele diz.

"Que bom. Sinto um alívio.  Vou confiar em você." – falo.

"Traz ele em todos os jogos no Morumbi, por favor." – ele diz.

"Sempre que der a gente vai sim." – falo.

"Se você não se sentir ofendida, eu dou os ingressos." – ele diz.

"A gente ver, viu?!" – eu falo.

"Certo! Vou deixar você em paz agora. Boa noite!" – ele diz.

"Boa noite!" – mando e encerro a conversa.

Às vezes acontece umas coisas na vida da gente que mesmo a gente vendo, ainda não é capaz de acreditar.

Voltei para o que eu ia fazer antes dessa conversa, que era assistir TV.

Coloquei um filme de comédia, queria rir um pouco antes de dormir.

Minha irmã chegou em casa, ela tinha saído com uns amigos da faculdade para um passeio.

– Oi, mana. – ela diz.

– Oi, Lulu. Que bom que você chegou. – falo.

– Estou cansada e amanhã já é segunda. – ela diz.

– Nem me fala. Vou assistir um pouquinho e depois vou dormir. – falo.

– Amanhã quero saber como foi no Morumbi. – ela diz.

– Amanhã te conto tudo. – falo.

– Boa noite. – ela diz e entra no quarto.

Eu fiquei na sala assistindo por uma hora e depois fui dormir, afinal, no dia seguinte começaria tudo outra vez.

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                               🫶

UM CERTO ALGUÉM - Jonathan Calleri Onde histórias criam vida. Descubra agora