CAPÍTULO 15

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CALLERI

Segunda é dia de descanso, depois de um jogo pegado no Morumbi.

Acordo mais tarde e vou preparar meu café da manhã. Enquanto preparo algo para comer, recordo que ontem tinha conversado com a Mariana, nossa conversa foi somente sobre o Pietro, mas eu confesso que gostaria de saber mais sobre ela, se ela namora, o que ela gosta de fazer além de levar o filho ao Morumbi.

Queria também entender a história do pai do Pietro, estou achando que ele a abandonou grávida, porque se ele tivesse morrido, ela não teria problema em contar ao filho.
Provavelmente é isso mesmo.

Fiquei lembrando do abraço que ela me deu e que depois a deixou constrangida. Eu senti uma estranha mudança dentro de mim, não sei explicar o que foi. Ela é linda, isso não dá pra negar, tem um rosto meigo, um sorriso desses que cativam, mas além da beleza ela tem uma sensibilidade, uma feminilidade que a gente percebe só em conversar.

Fiquei pensando no olhar dela enquanto passava manteiga em dois pães, mas sou despertado dos meus pensamentos pelo Luciano que estava me ligando.

– Cara, isso tudo é saudade de mim? – falo ao atender.

– Não, isso tudo é curiosidade para saber quem é aquela moça que que estava com você e uma criança. Que por sinal, eu vi você postando foto. – ele diz.

– Curioso demais. Mas te respondendo: É o Pietro e a Mariana, mãe dele. Eu os conheci no dia do Passaporte FC. O garoto é meu fã e eu acabei convidando-o para entrar comigo em um jogo, e desde então, a gente se esbarra no Morumbi. – falo.

– Pensei que você estava pegando a mãe do menino. – Luciano diz.

– Não. Eu me apeguei ao menino. Ele é uma criança incrível. – falo.

– Só a criança, né? Porque eu bem vi que a mãe é bem bonita. – ele diz.

– A mãe é linda, mas nós só conversamos sobre o Pietro mesmo. – eu falo.

– Então quer dizer que se ela der mole, o atacante entra em ação? – Luciano diz.

– Não viaja, cara. – eu falo.

– Se liga, quando tem criança envolvida é mais delicado. – Luciano diz.

– Eu sei. Não viaja com isso. – eu falo.

– Só estou te dando um toque como amigo. – ele diz.

– Não se preocupe, não sou nenhum cafajeste. – falo.

– Certo. Qualquer coisa estou aqui. – ele diz, eu agradeço e desligo.

Encerrei a conversa com Luciano e fui me sentar para tomar café. Fiquei confuso com o que ele disse. Claro que a Mariana desperta o interesse de qualquer homem, se ela estiver solteira, está por escolha, porque ela é linda, educada, simpática e ainda tem o Pietro, que faz qualquer pessoa se apaixonar.

Depois do café eu resolvi procurar uma loja de molduras, ia emoldurar o desenho do Pietro para colocar em minha casa.

Achei uma loja que faz o serviço e entrega rápido, passei lá, deixei o desenho e combinei o horário de ir buscar.

Enquanto não ficava pronto, eu resolvi tomar um suco em uma lanchonete e aí me veio a ideia de chamar a Mariana e o Pietro para tomar um sorvete qualquer dia desses. Não sei se ela ia topar, ou talvez ela deixe o Pietro ir... Se ela fosse também, ótimo, mas só de estar com ele um pouquinho já vale muito a pena.

Quarenta e cinco minutos depois eu recebo uma mensagem dizendo que já está pronto, passo para pegar e pagar.

Quando chego em casa, mando uma foto para a Mariana, é mais um pretexto para falar com eles.

"Mandei emoldurar o desenho do Pietrinho. Agora ele vai ficar para sempre comigo." – mando na mensagem.

Não recebo resposta, ela deve estar trabalhando. Mas não tem importância, quando ela ver, vai responder.

À noite, enquanto eu falo com a minha mãe por ligação, vejo a notificação do Instagram, é a Mariana respondendo a mensagem.

"Que lindo, Calleri. Não esperava! Obrigada por tanta consideração." – ela diz na mensagem.

"Esse carinho é muito importante para mim." – eu digo.

Precisava puxar assunto com ela, até achar uma forma de chamá-la para um sorvete.

Terminei de falar com a minha mãe, e me concentrei na conversa com ela.

"Eu vou mostrar pra ele amanhã, ele já dormiu." – ela diz.

" Ele dorme cedo." – falo.

"É porque ele dá trabalho para acordar pra ir pra escola. Só não dá trabalho quando é pra ir te encontrar." – ela diz.

"Falando nisso, vocês querem tomar um sorvete comigo qualquer dia desses?" – pergunto antes que minha coragem momentânea se acabe.

A resposta demora e eu penso em cancelar o envio da mensagem, mas não faço isso. Depois de uns minutos vejo ela digitando. Digita por um tempão e eu fico ansioso. "Ela vai me dizer um não de uma forma educada", é o que eu penso.

"Se eu contar ao Pietro é capaz dele não dormir nunca mais." – ela diz.

"Marca o dia que for melhor pra você. Ele chega da escola depois do meio-dia, eu peço a minha irmã pra deixá-lo com você, e se for final de semana, eu mesma deixo e depois vou buscá-lo." – ela diz.

"Eu quero que você vá também. Nós três!" – eu mando.

Por Díos, Jonathan Calleri, precisava ser tão direto assim? Agora era tarde, ela já tinha visualizado a mensagem.
Chega a ser torturante esperar a resposta dela, e eu só espero o pior.

"Não, não posso."

"Vou sair com meu namorado."

Eu pensava em respostas desse tipo.
Depois de alguns longos e torturantes minutos de espera, eis que ela me responde.

"Ver o melhor dia pra você. Eu só posso no final de semana". – diz a mensagem dela.

"Próximo sábado. Eu passo para pegar vocês, é só você me passar o endereço." – digo.

Estava muito corajoso, queria ver só até onde essa coragem ia dar.
Ela me passa o endereço do prédio onde moram. Deu certo!

"No sábado à tarde, passo para buscar vocês." – falo.

Ela só respondeu que estava certo e o assunto morreu.

Tenho quase certeza que ela não tem namorado, isso me deixa aliviado.

Agora, aliviado por quê? O que eu fiz, Díos? Será que fui irracional?

Só sei que era tarde e no sábado eu ia tomar sorvete com eles dois.

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Gracias por lerem até aqui!

                               🫶

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