CAPÍTULO 94

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CALLERI

Nesses últimos dias eu tenho me dividido entre os treinos para a semifinal da CDB e ficar com o Pietro.

Ele teve um febrão ontem à noite, mesmo tendo tomado injeção no consultório médico.

Não o levamos para o pronto-socorro porque já sabemos o que ele tem.

Demos um antitérmico e fizemos compressa até a febre baixar, mas me corta o coração vê-lo doente.

Hoje à noite, depois que eu sair do CT, vou dormir com ele novamente.

Comprei dois joguinhos para ele, antes de vir treinar, esses joguinhos ele ainda não tem. Certeza que meu pequeno vai gostar.

– E aí, Jonny, seu filho está melhor? – Lucas me pergunta.

– Está melhorando. Teve febre ontem, mas hoje não deu mais. – eu falo.

– Graças a Deus. Tomara que ele fique curado logo. – o camisa 7 diz.

– Amém! É muito ruim ver filho doente. – eu falo e ele concorda.

– Imagina quando são dois ao mesmo tempo?! – diz rindo.

– Tudo vem em dobro. – digo.

– Mas é assim mesmo, a gente sofre junto. – meu companheiro diz e a gente vai andando para o vestiário.

– Assim que sair daqui eu vou ficar com ele. – digo assim que entro no vestiário.

– Vai sim. – Lucas diz e a gente encerra o assunto.

Fim de treino, tomei uma chuveirada no CT mesmo, peguei minha mochila e fui para casa de Mariana. Já estava quase anoitecendo quando eu estacionei na rua do prédio dela.

[...]

– Oi, meu amor. – digo ao encontrar Mariana na cozinha.

– Oi, meu jogador. – ela vem me beijar.

– O que você está fazendo? – pergunto.

– Um bolo para nosso pequeno. – ela responde.

– O cheiro está ótimo. É laranja? – pergunto sentindo o cheirinho.

– É. – responde.

– Cadê meu filhote, está dormindo? – pergunto voltando para a sala.

– Está. Mas daqui a pouco vou chamá-lo. – ela diz sentando ao meu lado.

– Ele está mais animadinho? – pergunto puxando-a para ficarmos abraçados.

– Sim. Hoje não deu febre, comeu um pouquinho no almoço e bebeu um copo de suco. – ela vai relatando.

– Graças a Dios. Tomara que ele jante direitinho também e não dê mais febre. – eu falo.

– Não quero que você fique preocupado. Amanhã tem jogo importante, tem que se concentrar. Pietro está bem, é normal criança adoecer. – Mariana fala olhando bem nos meus olhos e eu presto atenção em tudo.

Ela sabe que a torcida pega no pé quando eu não jogo bem, reclama da falta de gols, enfim... Mas, poxa, como é que eu não vou ficar preocupado em ver meu filho doente?! Meu filho, meus pais, minha mulher, minhas irmãs... É a minha família.
Às vezes a gente não consegue deixar os problemas de casa, em casa, e isso acontece com todo mundo.

Porém, dessa vez, por ela, eu vou tentar não me preocupar.

– Me promete? – ela pergunta por fim.

– Vou tentar. – digo com um sorriso discreto.

– Amor... – ela se aproxima e me abraça.

– É meu filho, amor. Não sei se eu consigo. – digo em meio ao nosso abraço.

UM CERTO ALGUÉM - Jonathan Calleri Onde histórias criam vida. Descubra agora