CAPÍTULO 11

1.8K 99 13
                                    

CALLERI

Ontem tivemos um jogo fora de casa, com muito sufoco conseguimos arrancar o empate. Não era o resultado que a gente queria, muito menos a torcida, mas, infelizmente, foi o que deu.

Às vezes o empate é pior que a derrota, principalmente quando o time joga bem.

Cheguei em casa muito cansado, só pensava em dormir. Me deitei achando que o sono viria logo, mas não veio. Então fui olhar as redes sociais.

No Instagram, eu vi fotos e vídeos do Pietro, um garotinho que é meu fã, eu o conheci no evento do Passaporte FC e me encantei com o carisma e espontaneidade dele.

Lembro dele dizendo “Eu queria falar com você, mas minha mãe disse que eu ainda não posso”. Todos riram e a mãe dele ficou extremamente envergonhada, depois disso, eu o convidei para entrar comigo no jogo passado no Morumbi, ele ficou tímido, acho que por conta da quantidade de gente que tinha perto. Muitos jogadores, fotógrafos, enfim, muita gente estranha para uma criança pequena.

Não sei explicar, mas eu fiquei encantado com esse menino, ele é especial. Os pais dele têm muita sorte em ter um filho tão incrível.

Respondi no stories da mãe dele que estava com saudades e que era pra ela levá-la ao Morumbi.

Depois fiquei pensando se eu sou doido. Eu conheci o menino há pouquíssimo tempo, respondo o stories da mulher, e se o pai do menino ver e sei lá, achar ruim?! Olha só a confusão que eu vou me meter.

Eu não conheço o pai dele, nas duas vezes que encontrei com o garoto ele estava acompanhado da mãe, que por sinal foi muito educada comigo dizendo que vai levá-lo ao Morumbi novamente e agradecendo o carinho com ele.

Como eu estava de folga, era quinta-feira pós-jogo, fiquei deitado o dia todinho pensando no garoto, nesse estranho sentimento que ele me despertou. Um sentimento que eu não tinha sentido antes por ninguém, nem mesmo pelo meu afilhado.

Como eu os convidei, chamei, na verdade, mandaria os ingressos.

Pediria a alguém pra deixar na casa deles, mas antes precisava falar novamente com a mãe do garoto.
Pensei em como fazer isso enquanto o dia passava, passou tão rápido que quando eu me toquei, já era noite.

Enrolei bastante, digitei a mensagem várias vezes e apaguei.

Como eu não tenho o contato dela, o canal é o direct do Instagram. Era tarde da noite, não sei se era conveniente mandar mensagem uma hora dessas, mas foi a hora que me deu coragem, então vai ser agora mesmo.

“Boa noite, Mariana. Desculpa o horário, mas eu gostaria que você me mandasse o seu endereço, quero enviar os ingressos para o jogo do domingo. Vou mandar 3, pra você, o Pietrinho e seu marido”.

Depois da mensagem eu fui dormir, minha mente só pensava em encontrá-lo novamente.

Acordei tarde no outro dia porque também fui dormir tarde. Era quase 11h da manhã. Peguei o celular e fui direto na conversa com a Mariana, mãe do Pietro. Ela tinha respondido o seguinte:

“Não precisa se incomodar. A gente já comprou os ingressos”.

Fiquei pensando: “será que o marido dela não gostou?” será que ela se sentiu ofendida?”

Eu fui bem direto na mensagem, não pensei que podia trazer problemas pra ela e para mim também.

Resolvi stalkear o insta dela para saber mais sobre como era a família e o que ela fazia.

Na bio dela tinha : Baiana morando em São Paulo. Assistente social. Mãe do Pietro. São Paulina.

Nada demais, não dizia muita coisa, não entregava nada muito pessoal.

Fui olhando as fotos e descobri que ela tem uma irmã mais nova chamada Maria Luiza, e que o Pietro a chama de Titia Lulu, descobri isso porque tem uma foto deles dois e a legenda diz: “O tanto que ele ama Titia Lulu”.

Os pais moram na Bahia, o pai se chama Mário e a mãe se chama Cláudia.

Não vi nada relacionado a marido, tem inclusive fotos do aniversário do Pietro de 2 anos que só tem eles 5.

No aniversário de 3 anos, só tem ela e a irmã, e uma outra mulher, que provavelmente deve ser amiga da família. Nenhuma menção ao pai dele. Talvez ela seja solteira.

Outra coisa que me chamou atenção é que o Pietro só tem o nome dela, os sobrenomes são iguais. Descobri olhando o insta da irmã, que tem o mesmo sobrenome deles.

Mais cedo ou mais tarde eu descobriria o mistério sobre o pai do Pietro, mas confesso que saber que ela provavelmente é solteira me aliviou a consciência.

Não ia ter ninguém querendo acabar com minha raça por eu estar mandando mensagem no direct dela.

Hoje tinha treino no turno da tarde e no caminho para o CT eu pensei que talvez o Pietro gostasse de vir conhecer o lugar de treinamento do time dele. Se eu tivesse oportunidade com certeza faria o convite. Só ia esperar ter um pouco mais de aproximação com eles.

Não sei porque, mas não consigo parar de pensar nessa família. Alguma coisa dentro de mim foi despertada com aquele sorriso sincero dele, ele é tão esperto, tão inteligente, eu fiquei impressionado.

Espero que o domingo chegue logo para eu poder revê-lo.

Cheguei ao CT, estacionei o carro e fui para o treino. Era um treino diferenciado, o professor Ceni passou a explicação no gramado e mostrou o que ele queria de nós.

O treino foi puxado, voltei para casa bem cansado, para encerrar a noite de sexta, eu pedi um japonês para a janta. Não estava a fim de fazer nada e muito menos sair de casa.

Às vezes rola uns convites do pessoal do clube pra sair, baladas e coisas desse tipo, mas eu tenho recusado ultimamente.

Deitei e comecei a rever as fotos do Passaporte FC. A maioria era de crianças, mas a mais especial para mim, era com o Pietro.

_______________________________________

Comentem e votem para mais capítulos. ❤️

Gracias por lerem até aqui!

                               🫶

UM CERTO ALGUÉM - Jonathan Calleri Onde histórias criam vida. Descubra agora