CAPÍTULO 25

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MARIANA

DIAS DEPOIS

Nos últimos dias o Pietro me encheu de perguntas sobre o sumiço do Calleri, e eu fui dizendo as mesmas desculpas de sempre.

Percebi que ele está cabisbaixo, deve estar sentindo falta do jogador.

Eu já não tinha mais criatividade para justificar o fato do Calleri nunca mais ter falado com ele.

Não tivemos mais nenhum contato, nem mesmo em rede social. Ele realmente está cumprindo com o que prometeu, se afastou de nós.

Mesmo preocupada com meu filho, eu tenho que trabalhar. Estou no hospital fazendo relatórios e mais relatórios. É uma demanda enorme e eu só quero férias. Preciso de uns dias de descanso, preciso dar um pouco mais de atenção ao Pietro, principalmente agora, para ver se ele começa a esquecer o argentino.

Pedi a Luiza que me mandasse mensagem assim que ela o pegasse na escola, não sei, mas meu sexto sentido de mãe está dando um sinal de alerta, sinal de que algo de errado está acontecendo.

Quando deu meio-dia, eu fui direto para o restaurante almoçar. Não esperei a mensagem da Luiza, já liguei pra saber se estava tudo bem.
É o horário que ela está saindo da escola com ele.

– Lu, aconteceu alguma coisa? Está tudo bem? – perguntei assim que ela atendeu.

– Estou indo pra casa, não posso falar agora. – ela diz e ouço barulhos da rua.

Sim, aconteceu alguma coisa. Eu já fiquei preocupada. Se não tivesse acontecido, ela diria logo.

Fiquei esperando ela retornar, comecei a bater os dedos na mesa, a olhar toda hora para a tela do celular, sinais de nervosismo.

Assim que ela chegou em casa me ligou para contar o que aconteceu.

– Pietro estava chorando muito na saída. Quando me viu, correu para me abraçar e começou a chorar mais ainda. – ela diz.

– O que aconteceu, Luíza? – pergunto.

– Ele disse que os coleguinhas falaram que o Calleri nunca mais foi buscá-lo e não foi porque não gosta mais dele. Você sabe, tem criança que mesmo com pouca idade, é terrível. – ela fala.

– Meu Deus, imagino como ele está. Cuida dele, por favor. De noite eu vou tentar conversar com ele. – falo e encerro a ligação.

Não sei o que acontece com os colegas do Pietro, por que eles fazem isso... Não é a primeira vez que ele escuta esses comentários, e o agravante é que são crianças da idade do meu filho. Como podem fazer comentários tão ácidos assim?

Vai ser o jeito eu ir na escola ter uma conversa com a diretora.

Almoço, quer dizer, tento. A comida não desce, não tenho apetite. Voltei para o segundo turno do trabalho e tentei focar nas coisas que eu tenho para fazer, mas meu filho não saiu da minha mente.

Quando deu 16h eu respirei aliviada pois é hora de voltar para casa. Enfrentei o trânsito caótico de São Paulo, mas logo estou no prédio onde moro. Entrei em casa e ele estava assistindo TV.

– Oi, mamãe. Que bom que você chegou. Eu senti muito a sua falta. - ele diz.

– Oi, meu príncipe. Também senti muito a sua falta. Como foi na escola? – falo me sentando próxima dele.

– Ruim. – ele diz na lata.

Pietro sempre foi muito transparente, não consegue esconder nada, nem quando apronta.

– Por quê? – pergunto.

– Meus coleguinhas falaram que o Calleri não vai mais me buscar e é porque ele não gosta mais de mim. – ele fala com tristeza.

UM CERTO ALGUÉM - Jonathan CalleriOnde histórias criam vida. Descubra agora