CAPÍTULO VINTE E UM

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Nara shiva

      Darius desceu da moto preocupado e se desculpou pela forma como fomos recebidas na entrada da reserva. Devido aos acontecimentos recentes, os lobos estavam armados como forma de proteção.

      Eu entendia a sua atitude, embora, nesse momento, meu único desejo fosse continuar a conversa com a lobinha prateada que estava revirando tudo dentro de mim sem nem saber.

― Mil desculpas, Nara Shiva, por você e seu povo terem sido recebidos desta forma. É que na noite passada ouvimos gritos e alguém pedindo socorro, mas não encontramos a tal pessoa tampouco rastro de luta. ― Ele estendeu a mão para me cumprimentar, que aceitei com um sorriso forçado.

― Eu sabia que deveria ter uma explicação razoável para essa recepção amigável. ― Respondi.

Darius sorriu e fingiu não ter entendido a ironia e se dirigiu a Amkaly.

― Minha alfa linda continua tão radiante como da última vez que nos vimos. ― Darius beijou a mão da loba, que sorria com seus galanteios sem desmentir o que ele falava.

― Você também continua o mesmo galanteador de sempre. Tenho pena da loba destinada pela Deusa a ser sua companheira. Se ela for ciumenta como eu, as fêmeas que se cuidem. ― Ela foi puxada para um abraço carinhoso. Quando se separaram, entrelaçaram os braços e Darius deu tapinhas de leve em sua mão.

― A loba que se candidatar a me aturar terá que ser um anjo de mãos pegajosas para me prender, porque eu sou feito e trabalhado com substância omnifóbica. ― As lobas mães pareceram confusas com o termo.

― É um material que, segundo meu tio Anael, os cientistas estão trabalhando com a Celeste para viabilizar um tecido que nunca molha, independente do líquido. ― Expliquei. ― Nada fica em sua superfície. Eles irão transformá-lo em roupas para as guerreiras usarem por baixo das vestes de guerra e para o fardamento dos soldados.

― Ah! O pessoal da casa de shows está inquieto esperando sua chegada. Todas as festas têm tema em sua homenagem. ― Darius completou.

    Amkaly apertou seu braço na intenção de fazê-lo calar a boca, o que foi prontamente atendido. Ela respondeu de forma teatral, forçando um tom mais alto, como fazemos quando queremos chamar atenção para um assunto e anular outro.

― Não se preocupe. Quando sua loba ou lobo chegar, é bem capaz de vir com luvas aderentes para te prender. ― Os dois sorriram, alheios aos inúmeros olhos os encarando.

Eu não estava gostando nada do rumo que ela tentava a todo custo encaminhar a situação, parecia que escondia algo, melhor colocar um freio nessa conversa antes que algo pior fosse dito e eu me sentisse na obrigação de ser grosseira em público.

― Darius, tem mais quatro garotas. Três são descendentes da minha beta, que estão chegando também por outro portão. Provavelmente viram seus lobos armados e devem estar por aí. Aconselho pedir aos meninos para não apontarem armas. Elas são meio nervosas, sabe como é, né? As gerações vêm melhor que a anterior. ― Sorri mostrando todos os dentes, longos e afiados. Na verdade, eu estava preparando o terreno para Nyxs e as garotas sentirem que poderiam aparecer sem levantar suspeitas.

      Senti braços rodeando minha cintura, apertando de leve e parecendo muito nervosa. Cheirava meu pescoço de uma distância moderada, como se estivesse com medo que eu percebesse, fazendo meu corpo pegar fogo e tremer em choque. Só eu sabia quem era a dona desse toque atrevido. Nyxs tinha o dom de me afetar de forma que ninguém mais podia. Salivei sem querer, perdendo a noção de tudo que era importante.

      Por sorte, surgiu um segundo cheiro com odor de fêmea no cio, que circulou por todo o ambiente. As lobas farejaram o ar, procurando a dona do aroma.

🏳️‍🌈Bruxas e Guerreiras vol.03Onde histórias criam vida. Descubra agora