Quando saí do banheiro, ainda amarrando o roupão, ouvi uma das gêmeas dispensando o lobinho de mais ou menos uns vinte anos, que olhava encantado para as lobas que estavam jogadas pelo chão lendo ou mexendo em jogos de guerra no tablet, pelo visto elas estavam em guerra entre elas mesmas, dada a concentração do grupo.
Para desgosto de Inaê, que tinha largado o jogo, o garoto permanecia parado sem sair do lugar, enquanto o empurrava com violência para longe, segurando a porta impedindo a visão do que estava acontecendo na sala.
— Darius mandou avisar que tão logo que a sua alfa esteja disponível, ele vai estar esperando para conversar próximo às piscinas formadas nas pedras, quando a maré está baixa, ele também falou que ela sabe onde fica.
— O lobo ficava na ponta do pé para driblar a bruxa, que o impedia de ver alguém dentro da sala.
— Já deu o recado agora se manda, por acaso é cego? Não vê que está atrapalhando nosso jogo? Seu otário! — Falava e empurrava o lobo, que não saía do local, meu receio era de ele não sair da minha porta com suas próprias patas e ainda por cima ter o focinho quebrado.
— Tenho que falar com a alfa e não com você. — O lobo sorria sem parecer incomodado com a grosseria da loba.
— Eu vou dar o recado. Fora daqui, ou eu mesmo vou te levar em casa puxando por suas orelhas. — Inaê empurrava a porta e o lobo segurava com o pé, deixando-a mais zangada ainda.LAs meninas continuavam alheias ao que acontecia na porta, ou se perceberam, não deram importância, o jogo parecia mais interessante.
— Se fosse aquela lobinha deusa grega dos cabelos grisalhos, ela eu deixaria colocar uma coleira em mim com o nome dela. Como é mesmo seu nome?
Ao ouvirem esse comentário acabou a concentração no local, foi então que resolvi aparecer evitando que uma luta começasse ali mesmo no meio da sala, Nyxs esticou o pescoço com cara de poucos amigos quando ouviu a quem o garoto se referia e Nalum segurou a mão dela mostrando sabe-se lá o que no tablet, para tirar sua atenção do “Dom Juan” de araque lá fora.
No momento em que cheguei na porta Inaê mostrou os dentes ao jovem que ao notar minha presença baixou um pouco a cabeça em sinal de respeito, que não durou muito tempo, pois logo se ergueu sorrindo, ele era uma bela espécime de lobo macho, marombado, queimado de sol, olhos pretos, cabelos chegando na altura da cintura, amarrado em um rabo de cavalo no alto da cabeça, com uma tatuagem imensa que começava no ombro direito e ia descendo por seu abdômen cheio de gume e entrava no calção surfista parando sabe-se onde, mas toda aquela aberração estava de olho esticado, com desejos de passar as patas enormes na minha Filha, no meu girassol, o que não daria certo, Nalum, graças a Deusa, nem pensava nesse tipo de coisa.
—Senhora, meu alfa pretende conversar com a senhora.
—Eu ouvi e já entendi, avise que passo por lá logo mais, e mais uma coisa, se eu te pegar de olho comprido ou cheio de gracinhas para cima da minha filha, eu arranco essa coisinha insignificante, que você tem entre as pernas e enfio no seu rabo
— Mil desculpas senhora.eu não sabia que a lojinha era sua filha, perdão.—O lobo se afastou rápido, andando de costa sempre olhando para mim, segurando as partes íntimas como se já sentisse a dor, andou tão rápido que por pouco não caiu. Mesmo assustado com o que falei, olhou abusadamente para as gêmeas que o desafiaram com o olhar, mas ao perceber que uma das lobas pretendia cumprir a promessa, quando ela deu um passo à frente, o lobinho saiu em disparada.
Esther chegou com aquele sorriso diabólico, seguida de Manon, com ares de quem acabara de assustar um lobo.
As garotas se estiraram todas olhando para porta, enquanto Esther e Manon entravam passando de lobas a humana, todas procuraram um melhor lugar, no chão ou nas cadeiras, para ouvir o que Esther e Manon tinham para contar, as duas tinham saído, mais cedo, antes do pôr do sol, para examinar o local onde avistaram um corpo recentemente, com esse, era o quarto corpo em menos de um ano.
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🏳️🌈Bruxas e Guerreiras vol.03
Ficción GeneralSINOPSE Com seu povo e suas tradições, Nara Shiva aprendeu desde que nasceu, que a morte nada mais é que a metamorfose do organismo vivo, do corpo da carcaça, as lobas não são e nunca foram nunca foram humanas. O espirito de uma loba espera anos...