Como se tivesse lendo meus pensamentos. Iara, sorria jogando água com a mão em concha, a água salgada caiu dentro dos meus olhos ardendo como brasas, foi assim que nadamos até a praia onde Esther nos aguardava impaciente
— Algum sinal da Nara? — Perguntou assim que chegamos, sem um pingo de paciência.
— Não sei, mas há bem pouco tempo ela disse que iria para dentro da floresta. Eu sinto a presença dela, mas não sei onde está. — Iara respondeu com a mesma arrogância. Superior e subalterna na hierarquia militar.
Ela enrolou os cabelos na mão e torceu para tirar o excesso de água. Sem pensar e Para ajudar, liberei um pouco do calor das minhas chamas em sua direção. Iara me lançou um sorriso lindo de gratidão quando seus cabelos voaram ao sabor do vento sequinhos. Iara prendeu seus fios lisos e pretos em um nó. Uma pena, eu eles eram tão lindos, sedosos e compridos. Não percebi que Esther nos encarava até que pigarreou para chamar nossa atenção.
— Vamos entrar na mata como lobas e seguir pela ligação que vocês têm umas com as outras. O que a Amkaly queria? — Ela encarou a filha. Iara olhou para mim, me dando o direito de responder.
— Queria falar com minha irmã, mas não disse sobre o que era.
— Bem, agora vamos deixar de fofocar e correr, antes deixar eu dar uma conferida nessas coisinhas chegando.
Esther abriu seu sobretudo. Independente da roupa que usava, sempre tinha um casaco comprido por cima, que chegava à metade das pernas. Era praticamente a sua segunda pela. Podia ser comum na Europa durante o inverno, mas aqui? Nesse calor dos infernos?
Observei enquanto ela enfiava e tirava as mãos dos bolsos, fingindo desinteresse. Em outros momentos. Esther, dava leves batidinhas. Quando
puxou um lado do casaco para a direita, tive a visão completa do que estava por dentro: os inúmeros bolsos estavam cheios de pequenos frascos coloridos. Parecia uma estante de livros, pegou o que queria, guardou tudo, mas um dos vidros raros, o que só aumentou minha curiosidade. Depois de encontrar o que procurava, um frasco caiu e rolou para perto de mim. Ergui o pé para afastá-lo, mas antes que tocasse no vasilhame, ele sumiu no ar. Esther, com aquele sorriso diabólico nos lábios, segurava o vidro que surgiu novamente em sua mão.
— Eles são mágicos. Além de mim, só Agatha, Manom, Angel e Aldra podem pegar sem evaporar no ar como acabou de acontecer com você. — Ela guardou a poção, dando batidinhas no bolso. Quando se virou, me viu olhando curiosa para dentro de seu casaco e revirou os olhos. — Pergunte, garota. Eu sei que está se remoendo de curiosidade. Pergunte antes que eu me arrependa.
Esther era nossa professora de magia, por isso não me senti intimidada.
— Eu notei que os vidros têm uns símbolos que nunca vi quando estudamos simbologia e suas causas. O que significam? — Para Esther não os ter mostrado em sala de aula, deviam ser ultra secretos.
Esther me olhou da mesma forma que um gato olha para um passarinho tomando banho numa poça de água. Escondido, esperando para dar um pulo e estraçalhar com os dentes seu corpinho indefeso. Mesmo eu não sendo exatamente indefesa, diante de Esther eu era um zero à esquerda. Era assim que ela me olhava.
— Isso não são símbolos, garota intrometida. — Ela pegou um dos frascos na palma da mão e o trouxe bem próximo aos meus olhos para eu ver melhor. Eu continuava vendo símbolos estranhos, e de perto ficavam ainda mais esquisitos. Era como se estivessem vivos, se mexendo. — São letras de uma língua morta muito antes de os humanos terem escolhido uma religião.
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🏳️🌈Bruxas e Guerreiras vol.03
General FictionSINOPSE Com seu povo e suas tradições, Nara Shiva aprendeu desde que nasceu, que a morte nada mais é que a metamorfose do organismo vivo, do corpo da carcaça, as lobas não são e nunca foram nunca foram humanas. O espirito de uma loba espera anos...