CAPÍTULO QUARENTA E SETE

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                         NARA SHIVA

— Está dizendo que a garota se alimenta de sangue? Que é uma vampira de verdade? — Estava realmente surpresa com a novidade. Não me admira que a garota seja exageradamente pálida e que não se veja um pingo de sangue em seu corpo. Nyxs é toda branca, mas tem a pele rosada e lábios muito vermelhos. Embora eu tenha percebido que a boca da garota era quase arroxeada e as unhas com cor normal, além do pouco brilho nos cabelos pretos. Ela se difere um pouquinho, muito pouco, dos vampiros que conhecemos.

— Sim, ela é vampira. Qual o problema? Será que ninguém pode ser diferente? — Me mostrou os dentes rosnando, como os lobos fazem para defender sua cria.

— Calma, criatura. Eu só fiz um comentário, não estou menosprezando a garota. Até porque, de um jeito ou de outro, todos nós somos diferentes. Abaixe a guarda, não precisa atacar sempre que se sentir ameaçada. Você a alimentou com seu sangue? Notou se houve alguma mudança? Nosso sangue é diferente e, em contato com outros seres, modifica o DNA deles. Ela já se transformou em morceguinho?

— Se continuar fazendo perguntas cretinas como essas, nossa tentativa de amizade encerra aqui. Estou indo embora. — Já ia levantando, mas fui mais rápido e a mantive no local.

— Foi mal, desculpe, não tive a intenção de ser imbecil. É que fiquei surpresa com seu gesto e preocupada com as consequências. A primeira vez que alimentou a garota, onde ela te mordeu? — Pela cara, ela não estava gostando nada do interrogatório. — É muito importante saber, Amkaly, tanto para você como para o bem-estar da garotinha.

— Eu ofereci meu pulso. Como ela estava com muita fome, tomou dos dois e usou glamour para esconder. Por isso que eu andava com marcas de algemas. Não deu para segurar a gargalhada, lembrando o quanto ela gostava de jogos quando estávamos transando. As marcas de algemas evitavam perguntas.

— Mas que espertinha. Suponho que ela também usa glamour no chalé de vocês para parecer que nunca foi habitado. Esther vai amar essa garota. — Continuei rindo, dessa vez pensando na cara da minha beta quando souber que foi enganada por uma criança.

— Eu pedi para ela fazer isso sempre que eu não estivesse por perto. Ela tem medo de cobras e seu glamour é muito poderoso. Nunca vi um igual, a cada dia fica mais forte. Agora ela se alimenta a cada três dias, sempre no meu pulso. Às vezes, eu deixo numa vasilha, como avisei recentemente. — Para meu espanto, ela estava bem tranquila com os acontecimentos.

— Confesso que não esperava tanta generosidade vinda de você. — Falei com sinceridade. Amkaly era a última pessoa que eu esperaria ser generosa, principalmente com uma desconhecida e, pior ainda, com crianças.

— Ela estava morrendo, Nara. Por minha causa. Seu corpo tinha tantas queimaduras que não sei como ela não se desintegrou. Vê-la indefesa, sem poder se defender, e saber que fui o pior ser de todos que cruzaram sua vida… Aquilo quebrou algo dentro de mim.

Amkaly estava realmente arrependida. Nunca tinha visto a loba demonstrar que se importava com alguém que não fosse ela mesma.

— Pois leve a garota para fazer um exame com Helô ou Ananya. Elas podem verificar como está sua não-vida, há quanto tempo virou vampira, quem a transformou ou até encontrar uma cura para sua visão.

— Ela não lembra de nada. Outra coisa, leve você, já que é tão caridosa. Ela não é minha filha para eu me preocupar com essas coisas. — Dessa vez, senti Amkaly de volta, a mesma que veste uma armadura para afastar todo mundo.

— Está bem, mas eu sei que você se preocupa com a garota. Não finja. Jamais vi você desse jeito, toda melosa. — Ela disfarçou um sorriso.

— Eu sempre fui melosa com você, lobinha.

🏳️‍🌈Bruxas e Guerreiras vol.03Onde histórias criam vida. Descubra agora