Nara shiva
Durante as duas semanas após o pedido de ajuda do Darius, Esther e eu planejamos uma forma de chegar na reserva sem levantar suspeitas. Os festejos de Yule, que celebram o fim do inverno e início da primavera, eram a oportunidade perfeita. Como Nalum nasceu na Noite Sem Fim de um Yule, a justificativa é que estaríamos comemorando seu aniversário de catorze anos e como presente oferecemos umas férias curtas para Nalum e as amigas.
Aguardei as famílias do coração e de sangue se organizarem para dar o aviso. Estava levando nessa jornada muitos lobos adolescentes, incluindo o bruxinho filho da Esther, minha irmã e minha filha, que não estavam acostumados a estar em locais como este.― A reserva de Joinville é bem maior do que Salém. É uma ilha paradisíaca cercada invisível a olho humano, próxima a Florianópolis. Seus habitantes são lobos e lobas que não acreditam em laços de companheiras de alma, vivem livres e sem regras. ― Os lobos se mantiveram em silêncio, como se esperassem que eu explicasse mais.
― Na alcateia de Joinville ― Assumiu Esther. ―, todos, repito, TODOS são ninfomaníacos. Eles não discriminam idade ou gênero, podem ir para cama tanto com uma anciã como com uma criança. Se já passou pelo primeiro cio, é considerada apta a ter uma família, diferente da nossa alcateia, onde evitamos relações com menores de dezessete anos. ― Lilith olhou assustada para seu bruxinho. Filhos machos eram uma minoria na reserva, apenas Esther, Winnie e a própria Lilith foram sorteadas para ser mães de bruxos. O que minha beta dizia as deixava desconfortáveis.
― Tem alguém que vai adorar essa reserva. ― Inaê alfinetou. Eu sabia a quem ela se referia, e as outras guerreiras também, a julgar pelos sorrisinhos disfarçados. Amkaly olhou com desprezo para as gêmeas, mas não falou nada, o que me deixou desconfiada. Sabia por experiência que ela não levava desaforo para casa e o fato de ter ficado calada me deixava em alerta.
― Meninas, deixem as brincadeiras para quando estivermos em casa. A reserva do Darius é desconhecida pela maioria de vocês, nada de brincadeiras ou de mostrar seus dons, nada de magia e também não levaremos nossas armas.
― Por que não, se ganhamos o direito de usá-las? ― Amkaly perguntou, dando um passo à frente.
― Ganhamos o direito de usá-las em guerras que envolvam humanos e outros seres frágeis, pois são presas fáceis para os demônios, o que não é o caso. ― Eu não me sentia muito bem em repreender Amkaly na frente das lobas, elas já se detestavam sem motivo e isso gerava ainda mais desdém. E também por termos uma história linda, mesmo que não tenha dado certo.
― Como não é o caso, Nara? Não é justamente isso que vamos fazer lá? Investigar as mortes misteriosas que estão acontecendo? ― Todos ficaram quietos de repente, encarando Amkaly sem reação. ― O que foi? Por que estão me olhando assim?
As peças finalmente se encaixaram em sua cabeça e ela entendeu o tamanho da besteira que cometeu ao expôr a informação, uma vez que somente as guerreiras sabiam do real motivo. Amkaly pelo menos teve a decência de baixar a cabeça enquanto Nahemah tentava diminuir os danos.
VOCÊ ESTÁ LENDO
🏳️🌈Bruxas e Guerreiras vol.03
General FictionSINOPSE Com seu povo e suas tradições, Nara Shiva aprendeu desde que nasceu, que a morte nada mais é que a metamorfose do organismo vivo, do corpo da carcaça, as lobas não são e nunca foram nunca foram humanas. O espirito de uma loba espera anos...