CAPÍTULO CINQUENTA E TRÊS

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                         NYXS

       Prendi a respiração, isolando tudo, focada somente  no som da floresta, ouvi quando o casal de  águia satisfeitos com o estrago que fizeram na taipam e já de papo cheios, subiram na metade do voo, desistindo de arrancar mais um pedaço da cobra que estava morrendo.

 .      Se despediram   avisando para ter cuidado e não aterrissar no pântano, estávamos voando a dez mil pés, o aviso veio tarde demais, uma massa de ar ascendentes que gerou uma turbulência que veio ao encontro do meu corpo sacudindo  minhas asas não consegui subir, estava sem forças e manter as asas abertas em movimentos estava ficando insuportável. Meus ombros queimavam e cada fibra de músculo ardia como se estivessem  sendo cortados por uma gilete afiada, minha queda era inevitável, me apavorei 

       já quase arrependida de ter brigado para subir sem um treinamento adequado, agora sei o quanto fui irresponsável, mas nada se compara a experiência incrível de  tudo que senti durante o voo, a sensação de grandeza e liberdade diminuía o remorso. Uma rajada de vento me empurrou para trás tirando meu equilíbrio quase inexistente, meus pulmões ardiam como brasas quando cai tal qual uma pedra jogada do alto de um edifício.

— Arghhhhh! Que porra.. Que caralho de  dor infeliz!

        Minha asa entortou na mesma  hora que ouvi o estalo de ossos quebrando, a dor que me invadia era cruel, com muito esforço para não me mexer, examinei mentalmente cada parte do meu corpo, aliviada quando me certifiquei de que o barulho não era de parte alguma do meu corpo, portanto eu deveria ter pisado em um esqueleto. 

    .   Que raios de lugar era esse que em todo canto tinha carcaça humana? Seria um ossário para depósito de condenados? Com toda certeza ninguém da minha reserva sabia que aqui existia um pântano recheado de corpos, seriam lobos? Ou humanos?

 .      Bem… Eu estava presa neste lamaçal, com as asas enterradas, e a pior parte era  a falta de ar nos pulmões, não poder respirar normalmente estava me sufocando.

— Ssssss! 

       Ouvi baixinho muito próximo, procurei assustada, a cobra estava viva?!  Dessa vez eu estava só e machucada, o ataque de heroísmo de momentos atrás tinha sumido, tentei me comunicar com as guerreiras, o laço estava mudo, tentei com minha filha, tinha um barulho infernal como um tambor tocando, eu também não conseguia me comunicar.

       Controlei o pouco de oxigênio que restava ainda no peito e fiz um exame completo do espaço onde caí, estava muito distante da parte em que entrei. 

       O pântano se estendia até o despenhadeiro  a uns cinco quilômetros à minha frente. Quando estava voando tive uma visão completa do lugar, estava gravado os locais mais mortais para um pássaro, mas não lembro de ver perigo para os lobos, mas era também perigoso e agora aqui  eu estava no escuro, sem saber como defender e do que me defender. 

 .      O local onde estou até o local em que as  lobas ficaram era muito distante, praticamente ficava no outro lado da ilha, eu caí no lado, mas selvagem e inabitável.

— Ssssssss!

       Escutei mais perto o chiado, ela vinha rastejando, eu sei que estava muito ferida, 

       tiramos  grandes pedaços das suas costas, arrancamos pele e carne, pedaços grandes, eu não comi nenhum, mas a dupla das recentes amigas, não tiverem esse mesmo receio, comiam com agrado a minha porção que eu soltava no ar e elas planava de bico aberto para o petisco cair dentro da boca aberta que fechava imediatamente subindo batendo as asas.

        Rezava para que  a cobra não fosse  mágica e seu corpo não se regenerasse  como o nosso, ainda assim se conseguisse me encontrar, ferida ou não, com certeza seu veneno me tiraria de combate.

🏳️‍🌈Bruxas e Guerreiras vol.03Onde histórias criam vida. Descubra agora