CAPÍTULO CINQUENTA E NOVE

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                           Nara

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                           Nara

        Amina olhou com aquele olhar cor de violeta, que antes era sem vida, mas agora tinha um pouco de brilho. Segundo Heloise, era apenas questão de tempo até ela voltar a enxergar. Algo tinha mudado desde que a garota começou a se alimentar do sangue da Manom. Antes, era só a Nyxs, mas agora nós duas nos revezamos para alimentá-la, enquanto Helô aprimora sua pesquisa na criação de sangue artificial por meio de células-tronco.

— Eu quero ir com a Manom. Posso sentir quando a Amkaly está por perto ou quando suas emoções mais intensas que o normal, como no dia na praia quando ela estava com raiva.

Esther se aproximou e se ajoelhou para ficar do mesmo nível e olhou nos olhos da garota, que parecia ver sua sombra.

— Acho que não pode mais, garota. Antes você só se alimentava dela, mas já faz alguns dias que vem se alimentando da Nyxs, Manom ou Nara. Como o sangue delas é mais forte, limpou o da Amkaly, e agora o sangue das meninas daqui corre em seu corpo, não o dela.

— E o que isso quer dizer? — Como toda criança, essa também era cheia de porquês.

Inaê interrompeu antes que a mãe falasse.

— Quer dizer que você não pode mais sentir se a Amkaly está em perigo, porque vocês duas não têm mais a ligação de sangue. Agora, essa ligação é feita com a Nyxs, por se alimentar diretamente do pulso dela. Mas isso não muda o fato de você gostar dela, porque a gente não escolhe de quem vai gostar. Não é isso, minha mãe?

— Sim, é isso mesmo. Meus filhos Dafo, Scire, Kessa e Ameth vieram para minha vida da mesma forma que você foi enviada para Amkaly e depois para Nyxs. O Kessa, quando chegou na reserva, era filho biológico da Ananya, mas escolheu a mim para ser sua mãe. A ligação de vocês foi feita pela alma, e essa é mais forte do que tudo. — Esther explicou, cheia de meias verdades, agradecendo mentalmente à filha por ter defendido a mais nova guerreira do exército das nove.

Amina olhou para Esther, tão séria que parecia gente grande.

— Pode ler minha mente.

        Esther se aproximou e tocou a mão estendida da garota, abrindo sua mente para mim. Aproveitei para me sentar ao lado de Nyxs, segurando sua mão para dar acesso livre às lembranças que eu veria. Senti uma fina camada de ar nos envolver em uma bolha, isolando apenas a nós duas e Esther.

        O cenário se abriu como se estivéssemos assistindo a um filme no cinema. A diferença era que eu podia sentir tudo o que ela sentia: o medo, o frio na pele que doía nos ossos, o calor de uma lareira velha cheia de fuligem e a chuva fria que salpicava nas pernas cobertas por meias baratas e encardidas.

        O dia cinzento de um inverno rigoroso castigava os casebres pelos quais Amina corria, levando-me junto, sem dar importância ao frio. As ruas por onde seus pés tocavam levemente eram estreitas e lamacentas, cheias de fumaça saindo das casas de pedra. O frio chegava a doer em meus ossos, mas não era real, era o que a garota sentia. Enquanto fugia desesperada, sua dor e seu medo chegavam a me sufocar. Eu tinha certeza de que Nyxs e Esther estavam sentindo a mesma dor.

🏳️‍🌈Bruxas e Guerreiras vol.03Onde histórias criam vida. Descubra agora