JOÃO ROMANIA.
6 de maio de 2019.Pouco se fala sobre como é ser filho do fundador do jornal mais famoso da cidade. Talvez, seja porque ele só tem um filho, e ele sou eu. Antes mesmo do primeiro ano do ensino fundamental, eu já sabia ler e escrever, era o mais inteligente da turma. Com notas excelentes e comportamento impecável, eu fui eleito melhor aluno na parede da escola por cerca de 12 anos consecutivos. Sempre fui o orgulho da família, aquele que os primos temem de encontrar no almoço com os avós, aquele que é o exemplo. E bom, até hoje eu sou um exemplo.
Com 22 anos, assumi o jornal do meu pai, sendo eleito como chefe da coluna do jornalismo esportivo. E agora, com 25, minha presença na empresa se tornou crucial para o seu desenvolvimento jornalístico.
De repente, sou tirado dos meus pensamentos com batidas na porta do meu escritório.
— Entra! - digo em tom alto, encarando o papel em minhas mãos, como se estivesse algo além de uma simples folha em branco.
— Filho. - meu pai sorri, fechando a porta atrás de si mesmo. — Como é bom te ver! - exclama, sentando na cadeira livre, do outro lado da minha mesa.
Sorrio contente com sua presença. Meu pai havia viajado por uma semana, me encarregando de todos os assuntos relacionados a empresa. Eu estava exausto, e para a minha felicidade interna, ele finalmente voltou.
— Igualmente, senhor Alexandre. - ele ri com a minha formalidade, cruzando as pernas.
— Como vai o nosso jornal? - pergunta, apreensivo. O encaro com a feição mais alegre que posso proporcionar nesse momento.
— Ótimo! Tudo correndo como o planejado por nós. Eu posso afirmar que está tudo sob controle, senhor. - asseguro, afastando os papéis da mesa, guardando-os em uma pasta confidencial.
Hoje o dia seria cheio, e se eu não despistasse logo o homem em minha frente, ele me enviaria mais trabalhos para hoje. Com a minha bolsa pendurada no ombro, me levanto, sorrindo brevemente para o meu superior, que assente em resposta.
— Vou deixar você trabalhar, te vejo em casa. - ele diz, já em pé. Me despeço apenas com um simples olhar, trancando minha sala quando saímos.
Suspiro atordoado enquanto falho na tentativa de me lembrar de tudo o que eu preciso fazer hoje. Começar por um café quente, talvez não seja má ideia. Ao passar pelas portas de vidro da cafeteria, uma onda de alívio toma conta de meu corpo, estava vazia.
— Um café com leite, por favor. - peço para a atendente atrás do balcão. Ela sorri e em poucos segundos já tenho o copo de café em minhas mãos.
Após pagar, saio em passos rápidos da cafeteria, lembrando que ainda tenho que passar em casa a tarde, para arrumar minha mala para a viagem do dia seguinte.
As ruas de Barcelona estão calmas ultimamente, sem muito tumulto, o que é agradável para alguém como eu, que gosta de caminhar. No caminho de casa, passo em uma livraria em busca de uma distração para as cinco cansativas horas de voo que preencherão a minha madrugada.
Passando os olhos pelas prateleiras, encontro o tão conhecido "Aristóteles e Dante descobrem os segredos do universo", um livro que, apesar de não ser os clássicos que eu estou acostumado, me chamou atenção. E é com ele na bolsa, que vou para casa.
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'Trabalhar em um jornal não é fácil, muitas vezes eu já pensei em desistir e procurar uma profissão que me remunere bem e eu não precise me esforçar tanto. A questão, é que sonho não se discute, e desde pequeno, meu sonho era se tornar o que eu sou hoje.'
Cruzo as pernas em cima da mesa, frustrado com minha escrita. Uma autobiografia era a última coisa que eu desejava escrever hoje, mas como um bom profissional, eu não tive opção.
— Isso é impossível. - resmungo sozinho. Alguém que tem tanta facilidade como eu, preso em uma autobiografia? Inaceitável.
Jogo meu notebook na cama, girando na cadeira da minha escrivaninha.Nem tudo tem que ser tão fácil pra você, João Romania.
Me levanto decidido em arrumar logo minha mala, afastando o bloqueio de escrita de minha mente. Roupas leves e confortáveis são predominantes dentro da mala, e obviamente, muitos livros e cápsulas de café. Não há nada mais João Romania do que isso.
Após arrumar milimetricamente meus pertences, me jogo na cama com o notebook em mãos, pensando novamente no que escrever nesse documento que nem título possui. Que tragédia.
Pego meu novo livro e folheio bem interessado, o perfume de história nova adentra minhas narinas e eu já me sinto mais calmo e preenchido.
"O problema da minha vida era que ela tinha sido ideia de outra pessoa." Essa é a primeira frase que eu leio. Levanto as sobrancelhas e suspiro atordoado, já imaginando o que vem pela frente. O livro me prende por tanto tempo, que nem percebo que já está próximo o horário do meu voo. Guardo o livro na bolsa contra a minha vontade, separando os meus pertences principais e documentos para ir em direção ao aeroporto.
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N/a: Oi! Bem vindos novamente. Vocês sabem que o primeiro capítulo é sempre complicado, mas espero que mesmo assim tenha sido possível a conexão com o João de edb! Beijos 💋
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Entrelinhas De Barcelona | pejão
Fanfictionjoão romania é um jornalista esportivo muito aclamado, uma inspiração para todos de sua empresa e um exemplo a ser seguido. entretanto, críticas direcionadas a um certo jogador do barcelona, podem prejudica-lo.