JOÃO ROMANIA.
29 de junho de 2019. — viajar para praia.As luz do sol atravessa a janela do quarto, batendo em meu rosto. Resmungo incomodado, me aconchegando em Pedro para conseguir dormir mais, mas ele se vira para mim, me fazendo despertar.
— Esquecemos de fechar a janela. - ele diz, com a voz rouca.
— Essa era a última das minhas preocupações ontem. - murmuro, abrindo os olhos lentamente.
— Você gostou? Digo, você.. - ele se embaralha em suas próprias palavras, corando de imediato.
Rio com seu nervosismo.
— Eu gostei, amor. - beijo sua bochecha, me levantando para sentar na cama em seguida. — Preciso de um banho urgentemente.
— Eu iria com você se não estivesse com tanta preguiça. - fala, se aninhando nos lençóis como um gatinho.
— Preguiça de ficar comigo, Tófani? - questiono, afrontoso.
— Me perdoa dessa vez, tô cansado. - resmunga, manhoso. Solto uma breve risadinha enquanto beijo sua testa, procurando por uma toalha em meio ao caos que se encontrava o quarto.
— Só dessa vez. - afirmo, cedendo para a sua manha.
Entro no banheiro e me permito relaxar embaixo da água, lavando meu cabelo com cautela na intenção de ficar bem cheiroso para ele.
Apesar da noite incrível, eu não havia me esquecido da nossa conversa. Eu não queria força-lo, mas de qualquer forma, não suportava mais guardar isso para mim.
Ele merecia saber.
Demoro um pouco mais do que o normal, pensando e ensaiando diversas formas de contar para ele tudo o que aconteceu. Nenhuma me agrada.
Enquanto me seco, decido apenas ser eu mesmo e ser sincero. Era isso que Pedro merecia de mim.
Visto uma bermuda preta e uma regata, ajeitando meus cachos no espelho antes de voltar para o quarto.
— Olha quem está super cheiroso pra você. - digo, animado.
Pedro está sentado na cama, com um olhar diferente do que eu costumo ver.
— Tá tudo bem, amor? - pergunto, preocupado. Me sento na ponta da cama, acariciando sua perna.
Ele não me responde, apenas me encara com desdém.
— Você tá me deixando preocupado, lindo. - digo, tentando me aproximar mais dele.
Ele recua e levanta da cama, ficando de pé.
— Você contou pra alguém sobre o que eu te disse? - ele me confronta, com os olhos levemente marejados.
— Sobre o que? - eu digo, ainda confuso. Me levanto para ficar de frente para ele.
— Você contou pra alguém sobre minha transferência, João Vitor? - ele refaz a pergunta, dessa vez, em um tom seco e magoado.
Fecho meus olhos e deixo meus braços caírem ao lado do meu corpo, percebendo o que acaba de acontecer.
— Pedro. - chamo, enquanto abro os olhos novamente. Ele me encara fixamente, buscando respostas.
— Me responde, João. Você contou? - insiste, apertando os dedos na mão.
— Amor, eu tentei te contar ontem e- ele me interrompe, aumentando o tom de voz.
— Ontem? Você sabe disso há semanas. - ele praticamente grita. — Eu confiei em você.
— Me escuta. - peço, em súplica.
— Escutar o que? Já não basta pra você? - ele faz uma pausa. — Eu perdi o meu contrato, João. Eu não vou mais pra Inglaterra.
— Você o quê? Pedro. - ele caminha para fora do quarto, mas eu o sigo. — Fala comigo.
— Pra você postar no seu jornalzinho? - retruca, com sarcasmo na voz. — Eu passo.
— Não fala assim. - peço, engolindo em seco.
Eu nunca imaginaria que essa situação explodiria dessa maneira.
— Eu não contei isso nem pra minha família. - diz, com a voz embargada. — Agora eu nem preciso mais contar.
— Amor, a gente pode resolver isso. - asseguro, mesmo não tendo segurança nenhuma.
Eu tentaria de tudo por ele.
— Porra, João. - ele murmura, passando as mãos pelos cabelos enquanto caminha pela sala.
— Eu posso tentar ligar pra alguém e sei lá, falar que é uma notícia falsa. - disparo as palavras freneticamente, mesmo sabendo que a situação é irreversível.
— Eles já cancelaram comigo. Eu tô fora do Chelsea. - responde, em uma mistura de irritação e tristeza.
Tento me aproximar novamente, mas ele anda para o outro lado, guardando seus pensamentos para si. Posso ver uma lágrima escorrendo em sua bochecha, mas é impossível saber se é uma lágrima de chateação ou de raiva.
Suas mãos passam pelo seu rosto e seus cabelos, enquanto ele anda de um lado para o outro, talvez tentando não descontar sua frustração em mim.
Mesmo que eu mereça.
O jeito que ele me olha demonstra tudo o que ele quer me dizer, ou gritar. As palavras parecem ficar presas na garganta dele, e seus olhos não tem o mesmo brilho que tinham quando acordamos lado a lado.
Nesse momento, eu estaria contanto tudo para ele.
— Como você descobriu? - pergunto, com o mínimo de coragem que ainda me resta.
Ele não me responde.
Se passam minutos e Pedro continua parado, com os braços apoiados na mesa de jantar.
Escuto apenas o barulho de sua mão batendo na mesa, antes que ele pegue suas chaves e comece a procurar pelo seu calçado.
— Onde você vai? - questiono, sem resposta novamente.
Ele não vai me dizer mesmo.
— Amor, onde você vai?
— Não me chama assim. - ele sussurra, com uma feição séria.
— Não fala isso. - peço novamente, caminhando até ele.
Insistente, eu sei.
— Não me chama assim, João Vitor. - ele diz, mais firme dessa vez.
Não era um simples pedido, e eu entendi exatamente o que ele quis dizer com isso.
Antes de sair, ele para na porta e vira para mim, me encarando nos olhos. Engulo em seco, pensando se deveria falar algo.
— Eu nunca imaginei que você seria tão baixo só pra conseguir visualizações.
✶
N/a: Boa noite né...
VOCÊ ESTÁ LENDO
Entrelinhas De Barcelona | pejão
Fanfictionjoão romania é um jornalista esportivo muito aclamado, uma inspiração para todos de sua empresa e um exemplo a ser seguido. entretanto, críticas direcionadas a um certo jogador do barcelona, podem prejudica-lo.