PEDRO TÓFANI.
4 de junho de 2019 — terceiro encontro."Sai logo, nem precisa trocar de roupa." - é a mensagem que envio para João, assim que estaciono meu carro na frente de sua casa. Segundos depois, o vejo caminhar saltitante em direção ao meu carro.
— Onde vamos? - pergunta, rápido e curioso.
O encaro com as sobrancelhas franzidas.
— Oi, tudo bem João Romania? Comigo também está tudo bem, obrigado por perguntar. - ironizo, fazendo caretas. João ri, se inclinando para beijar minha bochecha.
— Oi, Pedro Tófani. Tudo bem? Onde vamos? - ele reformula a pergunta, acariciando meu rosto,
— Eu não vou te contar. - respondo óbvio, jogando os ombros.
João cruza os braços e se emburra no banco do passageiro, arrancando uma risadinha minha. Nego com a cabeça e volto a dirigir, nos levando diretamente ao destino final.
Ao chegar lá, abro a porta do carro para João sair e o puxo delicadamente pela mão, entrelaçando nossos dedos.
— Vem, é lá em cima.
Ele sorri um pouco nervoso, segurando minha mão e seguindo pelo caminho até o prédio escuro que ficava naquela rua mal iluminada de Barcelona. Subimos pela escada de incêndio, João parecia amedrontado, então eu apertava sua mão com força para lhe passar segurança.
— Tem certeza que nós podemos fazer isso?
— Shh! - resmungo, beijando sua bochecha de forma estalada. — Só vem!
Ao chegar no último andar, na cobertura, deixo João passar em minha frente e tapo seus olhos com minhas duas mãos.
— Ei! Eu quero ver! - reclama, infantil. Guio seu corpo um pouco mais para frente.
— Eu vou tirar as mãos, e.. eu espero que você goste.
Eu nunca havia vivido algo parecido. Era mágico, como nos filmes de romance que eu maratonei com Malu. Minha surpresa mal começou, e eu já estava completamente feliz e confortável apenas de ver o sorriso nos lábios de João.
Eu não avisei para onde o levaria, nem em que horário. Não disse nada. Só a data.
4 de junho.
Espero que fique sempre na minha memória.
Tiro minhas mãos dos olhos do loiro, um pouco inseguro. Ele olha em volta, em silêncio profundo.
Ele não gostou.
Abruptamente, João se vira e pula em meus braços, nos derrubando no chão.
— João Vitor! - digo em quase um grito, enquanto rimos juntos na cobertura daquele prédio escuro.
— Pedro! - ele grita de volta, beijando meu rosto. — Que coisa linda! Vem, me mostra tudo!
Me levanto com dificuldade, sendo levado por João até o cantinho que eu separei para nós.
Um tapete cheio de cobertas macias, uma cesta com doces e um belo telescópio, que ele ainda não havia reparado.
— Eu amo esse chocolate! - ele diz, ao abrir a cesta. — Meu Deus!
Enquanto João está encantado com os doces, me sento no tapete e o puxo para perto de mim. João se senta de frente para a cesta e eu me posiciono atrás dele, abraçado em sua cintura enquanto ele se maravilha com seus itens favoritos.
— Você acertou todos os meus doces favoritos. - ele murmura, incrédulo. Jogo os ombros de forma convencida.
— Eu tenho uma memória boa.
Toda a minha fala ensaiada sumiu rapidamente da minha cabeça. Um nervosismo incomum toma conta de meu corpo e minhas mãos começam a suar, mas eu ignoro.
Deito minha cabeça no ombro de João e assisto ele abrir os pacotes dos seus doces prediletos, aproveitando o momento.
— Eu tava com saudades. - ele murmura, se aconchegando em mim. — Nossa, o céu está lindo!
João estava tão animado e feliz, que puxava diversos diálogos de uma vez só, mudando de assunto a cada minuto. Eu apenas ria um pouco nervoso e concordava com tudo.
Eu adoro ouvir João falar.
— João. - chamo em um impulso, o interrompendo sem querer.
Ele me encara confuso, percebendo meu nervosismo e se virando em minha direção. O puxo para mais perto antes que eu perca a coragem.
— Você tá tenso, o que foi? - pergunta, com a boca toda suja de chocolate. Solto uma risada baixa, passando meu polegar pelos seus lábios sujos.
— Eu te trouxe aqui porque, um dia, você me disse que gostava de ver as estrelas.. mas você disse que via muito de longe, e sempre imaginava o dia que veria elas de outra maneira. - ele me encara atentamente, com os olhos brilhantes. — Então, eu escolhi esse lugar, sabendo das tuas vontades e sonhos. Hoje, em especial, o céu está bem azul marinho, da sua cor favorita.. significa que é um dia especial..
Limpo a garganta, acariciando o rosto do loiro com meus dedos.
— Eu quero tornar esse dia mais especial ainda.
João sorri com o canto dos lábios, deslizando suas mãos delicadamente até meu pescoço. Nossos olhares se encontram por longos segundos em silêncio, conectando nossas almas em uma só.
— Só se você deixar. - finalizo, com um fio de voz que me restava. Não tenho tempo de tomar iniciativa, porque João já está mais próximo, raspando nossos lábios como se quisesse conhecer cada pedaço de mim.
Um suspiro pesado sai de minha boca, e é o suficiente para que ele os sele de uma vez por todas, acariciando minha nuca.
O beijo é forte, mas ao mesmo tempo delicado como uma flor. Porque João é delicado.
Ele é carinhoso, amável, cuidadoso.. Isso é o que mais me encanta nele.
Nossas línguas se tocam depois de muito tempo esperando uma pela outra, em uma dança sincronizada que me prende cada vez nele.
Eu estou cada vez mais acorrentado nele.
Quando a falta de ar se faz presente, nossas testas se encostam levemente e nós não desgrudamos nossos lábios, relutantes.
Todo o tempo de espera valeu a pena assim que nossos lábios se encostaram pela primeira vez, mas agora, eu já não sei se consigo esperar mais para te-los de novo.
Quatro de junho de 2019.
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N/a: boa noite 😁
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Entrelinhas De Barcelona | pejão
Fanficjoão romania é um jornalista esportivo muito aclamado, uma inspiração para todos de sua empresa e um exemplo a ser seguido. entretanto, críticas direcionadas a um certo jogador do barcelona, podem prejudica-lo.