Capítulo Treze.

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PEDRO TÓFANI
17 de maio de 2019.

Deito minha cabeça no ombro de Romania, relutante. Eu não queria parar de ler e não queria ir embora, mas já estava ficando tarde. Nossa relação começou de forma meio conturbada, mas agora, vejo ele como um bom colega.

— Que tal voltarmos amanhã? - pergunto, fechando o livro e colocando-o em meu colo.

— Gostou tanto assim do livro? - ele questiona, rindo baixo. O loiro deita sua cabeça em cima da minha.

— Gostei.

— Amanhã eu trabalho, e você tem treino. - reforça, cortando todas as possibilidades que tínhamos de voltar aqui amanhã.

— Você é um chato, Romania. - reclamo, beliscando o braço do jornalista.

— Você é mais chato que eu, Pedro Tófani. - ele diz, afastando o braço rapidamente, assustado. — Ei! Não me belisca!

Solto uma risada baixa, dessa vez, beliscando sua cintura. O loiro tenta desviar enquanto ri descontroladamente, com uma das mãos na boca para abafar o som.

— Vamos tomar um sorvete então, por favor! - insisto, querendo prolongar nosso tempo juntos. Ele se dá por vencido, assentindo levemente com a cabeça enquanto ainda tenta desviar de mim.

— Só se você parar de me beliscar! - Romania pede, balançando os pés.

Um sorriso malicioso toma conta dos meus lábios quando me aproximo um pouco mais, beliscando a barriga do jornalista. Ele se contorce rindo e cai do puff, deitando no chão enquanto eu rolo para cima dele, beliscando novamente.

É engraçado ver ele sentir cócegas com algo tão simples.

Segundos depois, as risadas cessam e eu percebo como estamos.

Estou deitado em cima do loiro, enquanto nos encaramos em silêncio. Fecho meus olhos, suspirando baixo, mas quando ouso me aproximar, ele rola para longe de mim e se levanta rapidamente.

— Vamos? - pergunta, desconcertado. Assinto um pouco confuso, me levantando com a ajuda de suas mãos.

O caminho até a sorveteria foi silencioso, Romania não ligou o som para colocar as suas músicas de sempre e não me direcionou nenhuma palavra.

Eu também não falei nada.

Minha cabeça gira em confusão. Eu tentei mesmo beija-lo? E pior, ele percebeu?

Em nenhum momento eu havia sentido vontade de ficar com João.

Até agora.

Mesmo com minha pequena aproximação, ele pareceu recuar. Não me recordo se em algum momento conversamos sobre sexualidade, mas me pergunto se ele é hétero.

Ou não é assumido.

Imagino que, para Romania, também deve ser difícil refletir sobre sua sexualidade quando se é uma figura pública, ainda mais no ramo do esporte. As vezes prefiro nem pensar, apenas me deixo agir da maneira que meu corpo e coração ordenam.

Meus pais sabem e minha melhor amiga também, isso para mim é o bastante. É claro que eu sempre tenho que tomar cuidado com paparazzis e fãs que estão sempre batendo fotos minhas por aí, então, sempre escolho lugares específicos para ficar com homens e compro seu silêncio.

Entrelinhas De Barcelona | pejãoOnde histórias criam vida. Descubra agora