Entrelinhas De Barcelona | pejão

Capítulo Vinte e cinco.

PEDRO TÓFANI.
3 de junho de 2019.

O tempo hoje está propício para sentir falta de alguém. Nas ruas de Barcelona, estava quente como o verão ardente, mas meu coração estava frio de saudades do toque de um certo loiro.

Sinto que penso nele mais do que penso em mim mesmo. As últimas semanas, foram as melhores do meu ano, e ele mal começou.

Apesar da temporada ruim, da má fase do Barcelona e dos meus problemas familiares e pessoais, estar com João era a melhor parte do meu dia. Era o momento que eu esquecia todo o resto e só focava em nós.

Eu sinto que já posso dizer para mim mesmo, que estou me apaixonando por ele.

Eu me apaixonei por pouquíssimas pessoas em todos os meus vinte e cinco anos de vida, e nenhuma delas deu muito certo. A maioria queria apenas o meu dinheiro e sair nas capas das revistas mais famosas de Barcelona.

João era diferente. Ele não ligava de estar na frente de uma televisão, ou passeando em uma pracinha, se sujando de picolé. Nossos sentimentos eram naturais, e não forçados.

Eu me acostumei, por muito tempo, com a sensação de apenas beijar na boca e levar para a cama, sem sentimentos a mais. Mas com ele, eu não me vi sentindo toda essa necessidade feroz.

Ele é gentil, delicado, certinho até demais. Ele gosta de animais e de ler livros, passear e competir em sabores de sorvete..

Ele é o João.

Já eu, nunca fui muito disso. Sempre fui de guardar tudo para mim e ficar com qualquer um, ignorando a parte sentimental. Nunca suportei enrolação e palavras de afirmação a todo momento, e ele, me fez descobrir que o problema não era eu.

O problema é que, eu não queria de verdade nenhuma daquelas pessoas.

E eu quero ele.

Malu me tira de meus pensamentos, batendo em minha perna. Me encolho na cama e a encaro irritado.

— Qual foi, Maria Luísa? - questiono.

— Eu tô falando há minutos e você não sai do mundo da lua! Me fala agora no que você tá pensando. - ela diz, cruzando as penas em cima da cama dela.

— Em um cara aí. - jogo os ombros, indiferente.

— Um cara aí? Você nunca pensa em ninguém assim. - arqueia a sobrancelha, me encarando com dúvidas.

— Você é chata, hein! - reclamo, me sentando na cama. — Tô saindo com ele tem algumas semanas.

— E quem é?

— Não vou te contar! - provoco, recebendo uma careta em troca.

— Já pegou ele em quantos lugares diferentes? - pergunta, irônica. Mordo o lábio inferior, um pouco envergonhado do que iria dizer agora.

— Nós nem nos beijamos. - murmuro. Malu me encara em choque.

— O que o gatinho tem contra beijos? - ela ri, jogando a cabeça para o lado.

— Nada.. eu acho. Só que.. nossa relação está acontecendo de um jeito tão natural, que eu acho que nós dois estamos só esperando o momento certo.

— Que fofo, Tófani. Nem parece o Pedro puto que eu conheci. - diz, em tom sarcástico.

— Esquece isso! - reclamo, me jogando na cama. — Eu tô louco pra beijar ele, Malu.

Me derreto na cama, colocando um travesseiro em cima do rosto. Era a primeira vez que eu assumia isso em voz alta.

— Então beija, oras!

— Não é tão fácil! Eu quero que seja especial.

Ficamos em silêncio por alguns segundos, logo, Malu me olha como se uma lâmpada surgisse em sua cabeça.

— Prepara a pipoca. Nós vamos maratonar filmes românticos e planejar tudo! - ela sorri, animada.

— Tudo bem.

Aceito a proposta e caminho pelo apartamento dela, fazendo a pipoca no fogão, e quando pronta, levando o balde até o sofá.

— Qual você escolheu? - pergunto, entregando o balde para ela.

— Fiz uma lista de seis filmes de romance, se você não conseguir tirar nenhuma ideia daqui, eu não sei o que fazer.

Eu não consegui.

Os filmes eram legais e fofos, mas nada disso parecia muito com nós. Não tinha nada nos filmes que me lembrasse João e as coisas que ele gosta, então em meio a eles, eu parei de prestar atenção e comecei a pensar em todos os diálogos que já tivemos.

João gosta de azul, gosta de ver as estrelas, da noite, do frio...

Jogo minha cabeça para trás e penso por mais alguns minutos.

— Já sei o que eu vou fazer! - pulo do sofá, pegando minhas chaves.

— Meu Deus garoto, que susto! - Malu reclama, me olhando com raiva.

— Eu pensei em um lugar. Vou agora mesmo descobrir se tem como levá-lo lá.

— Boa sorte então, garanhão. - ela ri, levantando os braços.

Beijo a cabeça dela e pego meu celular, correndo para fora de seu apartamento.

Estava embaixo do meu nariz o tempo todo. Várias coisas que o João gosta em um lugar só e eu não consegui pensar!

Antes de visitar o local, passo em algumas lojas e compro os seguintes itens.

• Tapete de pelos.
• Telescópio.
• Cesta.
• Doces.

                                          ✶

N/a: tapete?