Capítulo Sessenta e um.

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JOÃO ROMANIA.
3 de agosto de 2019: último dia em Barcelona.

Eu sempre gostei muito de sair com meus amigos, então hoje não seria diferente. Escolhemos um restaurante com rodízio de massas e um pouco caro, mas o que mais importava era a companhia.

— Sai do celular, Romania! - Giovana reclama, chutando minha perna por baixo da mesa. Resmungo, descontente.

— Estou falando com meu namorado, posso? - retruco, colocando o celular em cima da mesa. — Estava avisando que chegamos.

— Não pode, já que não contou que estava namorando. - Renan se intromete, me mostrando a língua.

— Mas eu contei hoje!

— Depois de vários dias, né? Saudades de quando você amava a gente. - a baixinha faz drama, enrolando o garfo em um macarrão.

Reviro os olhos enquanto rio fraco, bebendo um gole do meu refrigerante antes de responde-la. Eu passo tanto tempo com o Pedro, que mal percebo os dias passarem. Estar com ele e viver com ele é fácil demais.

— Vocês sabem que eu ainda amo.. além disso disso, sempre nos vemos na empresa. Gosto muito de ir supervisionar vocês. - digo, sincero. — Estava com saudades de passar o tempo conversando besteira com vocês.

— Nós também estávamos. Tem mais alguma novidade pra nos contar? Sei lá, um filho? Um pet? Uma segunda viagem? - Renan brinca, bebericando um vinho caro.

— Um filho? Tá louco? - solto uma risada um pouco desesperada. — Acho que nada que importe agora além de que ele é o amor da minha vida.

— Você é um bestão e eu sempre soube disso. - Giovana responde, jogando os ombros. — Já estava na hora de achar um namorico pra se ocupar e falar sobre o dia todo.. ainda bem que vocês assumiram esse namoro logo.

— Seu pai sabe? - meu amigo pergunta. Jogo os ombros como se não me importasse.

— Por mim, ele só vai saber quando for extremamente necessário. - suspiro. — E eu não sou um bestão, ok? Só estou apaixonado demais.

— Fico feliz que vocês deram certo e mais feliz ainda que você está conseguindo desgrudar do velhote. - a mulher diz, sincera.

Assinto levemente com a cabeça, entendendo exatamente o que ela quis dizer com isso. Meu pai nunca foi muito agradável com eles e eu não os culpo por tanto remorso, mas de qualquer forma, ele continua sendo o meu pai.

— Eu também estou feliz por tudo isso, só espero que os pais dele gostem de mim também. - respondo, fazendo uma careta.

— Eles vão, você vai ver. - diz ela, dando sua última garfada. — Renan, me dá um pouco do seu macarrão.

— Nada disso, pede um você. - nosso amigo reclama, puxando o prato mais para perto de si.

— Pelo amor de Deus. - resmunga. — João, chama o garçom aí.

Faço o que ela pediu, chamando o garçom mais próximo. Ela pede o macarrão e ele não demora muito para trazer com um sorriso no rosto.

— Obrigada. - Gio sorri gentil. Quando ele sai, eu e Renan nos entreolhamos por alguns segundos e caímos na gargalhada.

— O que foi, idiotas? - ela pergunta, nos olhando sem entender.

— Bonitinho, né? - Renan brinca, empurrando levemente o ombro dela.

— Ouvi dizer que ela vai pagar a conta só pra falar mais tempo com ele. - falo, tentando conter as minhas risadas.

— Como vocês são bobos! Vamos voltar a falar da vida do João que é mais interessante.

— Não é não!

— Nisso ela tem razão, infelizmente. - meu melhor amigo diz.

Chuto a perna dele por baixo da mesa e ele ri, da mesma maneira que eu e Giovana fazemos sempre.

Gosto de saber que tenho pessoas tão especiais comigo e que elas estão por perto em qualquer momento da minha vida. A parte mais legal é que trabalhamos juntos e sabemos separar o trabalho da amizade, e por isso, tudo sempre dá tão certo com a gente.

Quando terminamos de comer, Giovana paga a conta enquanto eu e Renan ficamos quietos encarando tudo com atenção, segurando a risada que insistia em sair de nós.

— Ridículos. - ela resmunga, entredentes.

Fomos embora do restaurante no carro do Renan, da mesma forma que chegamos. Ele nos leva para uma sorveteria barata para finalizarmos a noite com sorvete e fofoca.

Conversamos sobre algumas coisas de trabalho e relacionamentos que se formaram e terminaram durante o tempo em que eu estava ocupado. A cada nova informação é uma expressão de choque diferente vinda de mim, que faz os dois rirem alto.

Quando finalmente chego em casa, termino de arrumar minha mala e me jogo na cama, pensando na viagem de amanhã. Tudo tem que sair perfeito.

Giovana e Renan me deram alguns conselhos para quando eu for conhecer os pais de Pedro, mas eu não sei se os coloco em prática. Nenhum dos dois tem experiência alguma com pais bravos e rigorosos.

Mesmo assim, decido seguir o que Renan disse e faço uma nota mental para passar no mercado para comprar alguns chocolates caros e gostosos. Talvez Pedro não aprove essa decisão, mas eu posso tentar convencê-lo por um chocolate também.

Meu objetivo principal será fazer esse casal me amar.

Não demoro muito para cair no sono. Mesmo ansioso, meu corpo já estava pedindo uma pausa há dias, finalmente eu obedeci.

N/a: finalmente a viagemmmm! quero muitos votos e comentários nos capítulos a seguir, porque estamos entrando agora na reta final. vão sentir saudades?

Entrelinhas De Barcelona | pejãoOnde histórias criam vida. Descubra agora