Capítulo Sessenta e dois.

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JOÃO ROMANIA.
4 de agosto de 2019: 10 dias sonhando.

Sigo Pedro e seus seguranças até estarmos dentro do jatinho. É claro que, viajar com um jogador de futebol famoso, me traria vivências como essa: passar por uma multidão de pessoas chamando seu nome e pedindo fotos e autógrafos.

Enquanto Pedro realizava os pedidos dos fãs, eu encarava meu celular ao lado de um dos seguranças, desejando que isso acabasse logo. Eu estava gostando até ouvir algumas garotas gritando por ele. Minha expressão se fechou na hora. Agora, estamos no acomodando no jato. Coloco rapidamente meus fones de ouvido e me viro para a janela, apoiando meu rosto no queixo.

Não precisava de muito para saber que eu estou emburrado.

— Lindo, você trouxe chiclete? Não estou achando o meu. - Pedro diz. Finjo não escuta-lo. Infantil? Óbvio. — Amor, ei! - ele chama novamente.

De repente, Pedro arranca o fone de meu ouvido rapidamente. O encaro com a mesma expressão anterior.

— Eu tô falando e você nem tá ouvindo. Você trouxe chiclete? - questiona. Tiro o chiclete do meu bolso e jogo em seu colo. Enquanto isso, o jato decola. — O que você tem?

— Nada. - jogo os ombros, pegando o fone da mão do moreno e colocando em meu ouvido.

Um começo de viagem pacífico, eu diria.

— Tudo bem, você não tá pra papo. - resmunga, colocando seu fone também e virando para o outro lado.

Me emburro mais ainda por ele não ter tentado mais. Imaturo? Talvez um pouco. Mas ele merece depois de ter ficado de papinho com outras.

Como se não bastasse, até beijo na bochecha teve! Inadmissível.

O voo passa lento, visto que, estamos apenas calados olhando para a paisagem escura. Nesse clima terrível, acabo dormindo por muito tempo, acordando cerca de duas horas antes de aterrissar.

Pedro que me acordou.

— João, deita aqui. Seu pescoço tá torto, vai se machucar. - ele diz, preocupado.

Odeio como ele é gentil até com raiva. Resmungo antes de me render e deitar em seus braços, me aconchegando relutante. Ele acaricia meus cabelos e eu cochilo novamente, acordando quando já estamos em terras brasileiras.

O jatinho acaba de aterrissar e eu me levanto rapidamente para pegar minha mochila com o notebook. Pedro faz tudo calmamente, sem parecer se importar com minha pressa.

O caminho no uber também foi silencioso, alguns pequenos diálogos, mas nada demais. Eu sabia que ele já estava estressado por causa de seus pais, então também não insisti muito.

Quando chegamos no hotel, tiro o tênis e me jogo na cama, suspirando pelo cansaço. Estava de tarde e eu não queria nada além de descansar. Mesmo dormindo no voo, é um processo cansativo. Pedro faz o mesmo que eu, sentando na cama calmamente assim que chegamos.

— Podemos conversar agora? - pergunta, tirando o tênis devagar.

— Hum. - murmuro, deitando de barriga para cima. Ele suspira e deita na cama, virando pra mim, deitado de lado. Pedro apoia sua cabeça em uma das mãos.

— Para de querer roubar meu lugar e ser orgulhoso! - brinca, tentando aliviar o clima. — Sério, amor, o que aconteceu?

— Eu já te disse, Pedro.

— Não me chama assim, seu chato. - reclama, revirando os olhos. — Você não me disse, você ficou calado o caminho todo, na verdade. Vamos nos resolver, por favor.

— Por que você não pergunta pra mulher que você deixou beijar sua bochecha e bateu várias fotos? - disparo, encarando o teto.

Não preciso encarar Pedro para saber que ele caiu na gargalhada assim que eu terminei a frase, pois o som é alto e preenche todo o quarto.

— Você não existe, João Vitor. - fala, se aproximando para tentar beijar meu rosto. Não deixo. — Amor para com isso, são só fãs.

— Vou deixar um cara me beijar também e falar que foi só um fã do meu trabalho. - retruco, irônico.

— Ei, calma aí queridinho! Ela beijou minha bochecha, só isso. Se você quiser eu não deixo mais.

— Agora ela vai ter uma foto com você de plano de fundo do celular, todo mundo vai perguntar pra ela se é o namorado dela e ela vai dizer que sim. - digo, criando um cenário certeiro na minha cabeça.

Ele gargalha mais ainda.

— João, você que é o meu namorado. Todo mundo sabe disso.

— Ninguém sabe disso, Pedro.

— Se você quiser eu saio com você nesse exato momento e te dou um beijo na frente da imprensa brasileira toda. - fala, como se fosse algo muito simples.

— Você é um maluco, isso sim.

— Para com essa marra e vem cá, deita comigo. - chama. Eu continuo parado, encarando o teto. — Amooor, para com isso! Deita comigo. - ele pede, deitando em cima de mim. — Eu nunca mais respiro perto de ninguém se você quiser.

— Agora a proposta está melhorando. - falo, arqueando uma das sobrancelhas. Ele sorri e beija meus lábios rapidamente.

— Eu sou só seu, você sabe. Se eu soubesse que seu bico era só por isso, não tinha deixado você me ignorar a viagem inteira. Fiquei com saudades. - diz, acariciando meu rosto.

— Também fiquei. - respondo, indiferente. Ele faz beicinho para mim.

— Vou ficar chateado de verdade, João Vitor. - ameaça, colocando o rosto em meu pescoço.

Suspiro, abraçando ele pela cintura. Ele beija calmamente o meu pescoço.

— Prometo nunca mais deixar isso acontecer, eu não sabia que você ia ficar emburradinho. - sussurra em meu ouvido. — Te amo, muito muito.

— Te amo. - respondo, me aconchegando nele.

Ficar bravo com Pedro é mais difícil do que deveria ser, ele consegue que eu me renda em pouco tempo de diálogo.

Para mim, isso só prova que nos entendemos muito bem.

— Vamos cochilar ou você quer testar essa cama? - questiono, segurando o rosto de Pedro para dar um selinho nele.

— Segunda opção.

N/a: #COMEÇOU

Entrelinhas De Barcelona | pejãoOnde histórias criam vida. Descubra agora