JOÃO ROMANIA.
21 de maio de 2019.De cima do palco, consigo observar meus companheiros de trabalho na primeira fileira, meu pai e alguns acompanhantes, mas nada me chama tanta atenção do que um moreno que eu conheço bem, sentado quase em minha frente, ao lado da Maria Luísa. Ele me encara com os olhos brilhando e eu sorrio discretamente para ele, acenando para Malu em um ato rápido.
Me aconchego na poltrona macia, segurando o microfone com minha mão direita.
— Bom, eu sou o João Romania, chefe da coluna esportiva do Diário de Barcelona e, inicialmente, irei contar um pouco sobre o novo projeto esportivo do jornal. - inicio, com um sorriso leve nos lábios.
Eu nunca tive problemas em falar em público, para ser sincero, normalmente eu me voluntariava para falar e apresentar sempre que possível. Essa prática me ajudou a me acalmar em momentos como esse, com muitas pessoas me assistindo e sendo transmitido nas televisões da empresa. Eu sabia que todos estavam me vendo de alguma forma, e queria fazer o meu melhor em cima daquele palco.
Quando a palestra foi encerrada, um grande alívio tomou conta de meu corpo. Desci do palco calmamente, cumprimentando meu pai e meus amigos que me olhavam orgulhosos, em seguida, me juntando para fazer um registro com eles.
Nossa foto seria a capa do jornal de hoje.
Após as fotos e algumas conversas rápidas, sigo pelo corredor da empresa, caminhando até a minha sala. Me sento na cadeira e me permito descansar por alguns minutos, até que ouço batidas na porta.
— Posso entrar? - o moreno sorri, apenas com o rosto para dentro da minha sala. Assinto com a cabeça, sorrindo com o canto dos lábios.
— Te vi na plateia. - digo, brincando com meus dedos em cima da mesa. Ele se senta em minha frente, apoiando os braços na mesa.
— E eu te vi no palco. - ri anasalado. — Palestra legal.
— Você estava com uma bela cara de quem queria fugir daqui. - respondo, virando um pouco a cabeça de lado.
— Eu queria, mas quando você subiu no palco, mudei de ideia. - fala, deslizando sua mão pela mesa, até que nossos dedos se toquem.
— Estou ansioso para sair com você. - assumo, mordendo meu lábio inferior devido ao nervosismo.
— Meu próximo jogo é dia 25, que tal sairmos amanhã? Você pode? - questiona, encarando nossos dedos.
— A noite? Eu posso! - afirmo.
Pedro pega minha mão com delicadeza, e enquanto isso, posso sentir nossas pernas se encostarem levemente, o suficiente para me fazer estremecer.
— Eu passo na sua casa às 19h. - ele diz, acariciando minha mão. Assinto com a cabeça, estático.
Era uma grande novidade essa ato de carinho vindo de Tófani, mas eu gostei mais do que deveria. Nos encaramos por alguns instantes, como se conversássemos pelo olhar, eu conseguia entendê-lo.
— Não conhecia esse seu lado romântico. - arrisco dizer. O moreno me encara um pouco surpreso com minha fala repentina.
— Eu também estou conhecendo agora. - assume, sorrindo envergonhado.
— Que bom que sou eu que estou fazendo você conhecê-lo.
— E que bom que estou conhecendo ele com você. - retruca, rindo baixo. — Então.. te vejo amanhã? Estarei cheiroso!
— E quem disse que eu vou te cheirar? - implico, em tom de deboche.
— Se você decidir me cheirar, estarei preparado. - ele pisca com um dos olhos, soltando minha mão. — Até amanhã.
Tófani levanta da cadeira sutilmente, sorrindo para mim antes de sair da sala. Rio sozinho pensando na cena que acaba de acontecer, do momento que ele entrou aqui até agora.
Pude sentir uma corrente elétrica pelo meu corpo no momento em que nossos dedos de tocaram e nossas pernas se encostaram por baixo da mesa.
A ansiedade para o nosso encontro está cada vez maior.
Eu quero conhecer mais dele, saber mais sobre sua vida, sua família, conhecer mais lugares que ele frequenta e descobrir coisas novas. Me sinto jovem novamente, como se o que eu vivi até agora não fosse o suficiente para mim.
Jogo a cabeça para trás, apoiando-a na cadeira giratória.
Mas além de tudo isso, ainda tenho trabalho a fazer. Me ergo calmamente, abrindo o meu notebook e procurando nos documentos favoritos o meu esboço da autobiografia. Agora que estou mais leve e calmo, com menos trabalho, talvez consiga aproveitar um pouco de tempo escrevendo.
Se passam minutos, horas, mas eu não passo de três linhas.
Frustrante.
Não entendo o que falta para conseguir fazer a escrita fluir, como eu faço em todos os outros projetos. Essa autobiografia é um grande passo para minha carreira independente, e talvez, esse seja o maior motivo pelo qual eu não consigo escrevê-la.
Eu acho que não estou pronto para começar.
Na mesma rapidez que abri o eletrônico, eu o fecho, indignado com essa situação. Arrumo minha bolsa e me permito ir para casa, descansar.
Afinal, amanhã seria um dia bom, e eu precisava estar disposto acima de tudo.
Além do encontro com Pedro, eu fiquei encarregado de supervisionar o estúdio, o que certamente, nunca foi trabalho meu. Mas todos sabem que eu faço tudo o que o meu pai manda, sem questionar.
E era isso que eu ia fazer.
De novo.
✶
N/a: oii meus amores! mil perdões pela falta de att ontem e antes de ontem, juro que foi por uma causa maior. fiquei bem doentinha e fui pra emergência, não tinha mesmo como postar aqui pra vcs! mas já estou em casa e melhorando aos pouquinhos, jaja voltamos com a rotina ok? beijos da ma :)
VOCÊ ESTÁ LENDO
Entrelinhas De Barcelona | pejão
Fanficjoão romania é um jornalista esportivo muito aclamado, uma inspiração para todos de sua empresa e um exemplo a ser seguido. entretanto, críticas direcionadas a um certo jogador do barcelona, podem prejudica-lo.