Entrelinhas De Barcelona | pejão

Capítulo Setenta e três.

JOÃO ROMANIA.
12 de agosto de 2019: 2 dias sonhando. (parte dois)

Respiro fundo, um pouco incomodado com tamanho mistério após uma discussão cansativa.

— Do que você tá falando? - pergunto novamente, o encarando nos olhos. Ele cruza as pernas em cima da cama e acaricia as costas da minha mão com o polegar.

— João, você sabe que eu te amo muito, né? - questiona, encarando nossas mãos juntas. — Eu não sei se você vai gostar ou não de saber disso, mas.. eu recebi uma proposta.

— Uma proposta? Como assim? - aperto meus dedos na mão dele, um pouco confuso.

— Sabe as reuniões que eu andei participando? Elas me trouxeram um bom resultado. - ele suspira, sorrindo entristecido. Eu recebi uma proposta muito boa do time do Corinthians.

— Amor, mas isso é incrível. - eu sorrio de orelha a orelha, o encarando. É uma felicidade tão pura e genuína que mal consigo explica-lá. — Por que você está com essa cara? Isso é tudo o que você mais queria.

— Meu bem.. jogar de novo nesse time significa que eu vou precisar morar aqui, em São Paulo. - ele fala, desviando o olhar para o chão.

— Você lembra quando tivemos aquela conversa, que falamos sobre estar sempre onde o outro estiver? - pergunto, subindo minha mão esquerda para a bochecha do moreno.

— Lembro.

— Eu não me importo de mudar toda a minha vida por você, Pedro. Eu quero estar onde você estiver.

— Lindo, você tem um jornal famoso. Seus amigos, seus pais, todo mundo que você conhece mora e Barcelona. Seus gatinhos, que estão morrendo de saudade de você, estão lá. Você vai largar tudo isso por mim? Nós nem moramos juntos, não temos nada para se manter. - ele diz, em um tom um pouco desesperado.

— Eu sei que parece loucura e, eu também já te chamei de louco por isso, várias vezes. Mas, não tem nada que me impeça de vir pra cá. A gente ainda não tem nada, tudo bem, mas por que não podemos começar a construir? Meus gatos podem vir pra cá, eu nem estou tendo contato com meus pais e, eu quero mesmo tentar começar a fazer meu próprio trabalho independente. Você não quer tentar?

— Eu não quero atrapalhar sua vida, João. Você tem coisas tão boas em Barcelona, você é feliz lá.

— Eu só sou feliz lá, porque eu tenho você. - afirmo, rapidamente. — A gente faz tudo aos poucos, amor. Me deixa te mostrar que eu realmente quero um pra sempre com você.

— Então, o que fazemos? - ele fala, após alguns segundos em silêncio.

— Voltamos pra lá e organizamos nossa mudança. Quando você precisar vir, nós voltamos para cá com pelo menos o básico.

— Podemos tentar.. e-eu quero tentar.

Puxo meu namorado pelo braço e abraço seu pescoço de maneira forte, o prendendo-o contra mim como se não quisesse que ele escapasse.

E eu não quero.

Ele fica em silêncio, se aninhando lentamente em meu corpo. Gosto da maneira que nos entendemos rapidamente mesmo com tantas coisas que aparecem para nos atrapalhar.

Meu coração está cheio de alegria e emoção por saber que a pessoa que eu mais amo irá realizar um grande sonho, ainda mais, por saber que poderei assistir isso bem de perto.

Bem de perto mesmo.

Com o moreno deitado em meu peito, acaricio seus cabelos e começo a imaginar como será a nossa nova vida. Mesmo que ela seja mais difícil e muito diferente do que estamos acostumados, apenas saber que terei ele, já é gratificante.

Pedro e eu temos uma bela história. Uma história de idas e vindas, de desentendimentos, amor, momentos alegres e diversão. Nós temos um ao outro e o sentimento mais lindo do mundo em nosso peito.

Um dia escreverei sobre isso.

Nesse momento, nada mais me importa. Talvez eu perca meu emprego, meu pai surte, me mande ir embora de uma vez e nunca mais queira me ver. Talvez, eu perca o contato com meus amigos de trabalho e com pessoas que são importantes pra mim, pela distância. Talvez eu demore para me adaptar a vida nova.

Tudo é um grande talvez, mas eu adoro viver isso com Pedro. Adoro me aventurar e saber que ele vai estar comigo independente da situação.

Pra ser sincero, eu adoro tudo que tenha ele. Das coisas mais simples até as mais grandiosas e importante. Até porque, pra mim, o que importa é a sua presença e sempre vai ser assim.

Sinto vontade de escrever as coisas mais lindas e românticas que alguém já leu, dedicar todas as músicas mais belas pra ele e até compor melodias sobre o nosso amor, sobre a leveza que é estar com ele e sobre tudo o que ele me ensinou.

Muito cedo para escrever os nossos votos de casamento? Porque eu casaria com ele nesse exato momento, nesse quarto de hotel em um país diferente do que eu estou acostumado.

Eu casaria com ele e viveria ao lado dele pra sempre.

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N/a: tô chorando.