Capítulo Vinte.

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PEDRO TÓFANI.
25 de maio de 2019. — Final da Copa Del Rey.

O time estava organizado e confiante. A tensão frequente no vestiário já havia sumido e estávamos nos preparando para entrar em campo.

De manhã, meu pai me ligou diversas vezes, provavelmente para me criticar ou pedir dinheiro. Mas dessa vez, eu fui mais esperto e não o atendi antes do jogo.

Isso tirou um grande peso das minhas costas.

— Tá pronto? - Messi questiona disfarçadamente, enquanto entramos em campo.

— Sempre estou. - respondo com naturalidade.

Independente do meu sentimento, no dia do jogo, todos acharão que eu estou confiante.

Mas nem sempre eu estou.

Nos primeiros vinte minutos, o Valência faz seu primeiro gol e sai na vantagem. Aos trinta e três, mais um gol do adversário.

Apenas no segundo tempo, aos setenta e três minutos de jogo, desvio a bola para o Messi e ele faz o último gol do jogo.

Caso não tenha ficado explícito, nós perdemos outro título.

Como sempre, volto para casa exausto, me afundando em um banho gelado como um freezer e me jogando em minha cama em seguida, com um conjunto de moletom.

Hoje, decidi não ler as críticas de João.

Eu sabia que havia jogado mal, e para não afetar a nossa relação que está se formando aos poucos, era melhor evitar. Apesar de tudo, uma ponta de curiosidade cresce em meu peito, mas ignoro-a jogando o celular para longe.

Horas se passam e eu não sinto vontade de levantar da cama, meus olhos estão marejados mas eu me recuso a chorar.

Em um certo momento, a campainha da minha casa toca.

Mas eu não estava esperando ninguém.

Me levanto da cama, caminhando arrastado e cheio de preguiça. Quando abro a porta, me deparo com um loiro muito conhecido por mim.

— Eu te liguei e mandei mensagem, mas você não respondeu. Fiquei preocupado pelo jeito que você saiu do jogo e quis saber se você tava bem ou não. Desculpa chegar na sua casa assim do nada, não quero invadir sua privacidade e- o interrompo, segurando seus ombros.

— João! - uma risada baixa escapa de meus lábios. — Respira, cara.

— Perdão. - ele ri, envergonhado e contido.

Dou passagem pra que ele entre em minha casa, fechando a porta atrás de nós.

— Eu gostei que você veio. - digo sincero, com as mãos nos bolsos do meu moletom.

— Que bom. - responde, dando um passo a frente.

Envolvo seu corpo em um leve abraço pela cintura, enquanto seus braços rodeiam meu pescoço. Ficamos assim por alguns segundos, como se ele soubesse que era exatamente o que eu precisava.

— Você quer conversar sobre? Se não quiser, podemos nos divertir até que você esqueça. - diz, em meio ao abraço.

— Quero me divertir com você. - falo, sem ao menos pensar.

É claro que eu escolheria essa opção.

Nos desvencilhamos um do outro e eu me jogo no sofá, batendo do meu lado para que João se aproxime.

Entrelinhas De Barcelona | pejãoOnde histórias criam vida. Descubra agora