Uma vez que chegaram até o hotel, Verity ficou constrangida, como poderia mostrar à Kay o que Gabriel lhe fez, se não ficando nua?Os dois já estavam sentados na cama quando ela afastou os grandes cabelos encaracolados dos ombros lhe dando a visão do pescoço dela, as marcas que começavam a arroxear eram aparentes.
Kay observava quieto.
Ela em silêncio se virou de costas e levantou a blusa mostrando outro roxo de sua coleção em sua costela fraturada, os pulsos marcados, o rasgo em seu couro cabeludo, os arranhões na parte interna de sua coxa que já estavam cicatrizando, sua coleção de vergonhas e machucados, totalmente exposta.
— Eu deveria mata-lo. - diz Kay.
Verity nega com a cabeça.
— Não vim te pedir isso, eu só queria te ver... E te mostrei porque quero que saiba que não vou voltar atrás na minha fuga, então por favor, não pense em ir atrás dele contar onde eu estou. - ela diz dura.
Kay suspira.
— Sabe que não te perdoo por ter me deixado como fez, não sabe? - ele diz sério. - Não pode só voltar e me mostrar tudo isso e só dizer que quer me ver Verity, você está num quarto de hotel foragida, com um criminoso!
Verity arquea a sobrancelha.
— Criminoso?
Kay concorda.
— Não sou mais digno de ficar contigo. - a voz ele é amargurada. - Não teria sequer me deixado entrar se soubesse o que faço da vida.
— Me conte.
Ele nega.
— Te mostrei as minhas piores humilhações, me conte. - ela insiste.
— Eu sou um assassino Ven, me pagam para isso.
Verity arregala os olhos, seu precioso Kay havia se tornado um mafioso! Ela não podia acreditar, que as mãos que um dia a acariciaram, que há poucas horas ela pode tocar novamente eram capazes de atos vorazes como tirar uma vida.
Devia ter suspeitado, o modo como ele andava agora, quase silencioso, como passava despercebido mesmo sendo bonito que faria seu coração doer só de olhar.
Ou talvez ele só estivesse inventando tudo isso para faze-la correr para longe dele, para mais perto de Gabriel, ou de sua liberdade.
— Não está inventando isso, não é? - ela pergunta devagar.
Como se para provar o que dizia, ele abre a jaqueta que usa e tira uma pequena carteira, que ao abrir ela vê pequenos cintilantes conjuntos de facas, parecem até de brinquedo, mas pela forma como a luz reluz nas pontas das lâminas, bisturis ela sabe que é de verdade.
— Está com medo agora? - ele pergunta a olhando, seus olhos muito escuros parecem procurar uma fraqueza em sua postura, ela poderia mesmo nadar na escuridão de seus olhos.
— Não tenho medo de você. - diz quase hipnotizada por ele.
Ele guarda e suspira.
— Você sempre foi assim, senti tua falta Ven.
Ela consegue sorrir e ambos voltam ao silêncio.
— Vai chamar a polícia para mim ? - ele pergunta cortando o silêncio.
Ela não tinha pensado nisso, estava com um declarado assassino, não devia teme-lo? Sair gritando por sua vida?
Mas era Kay, ela nunca pensaria em prejudica-lo, apesar de estar mexida com a confissão dele.
— Eu não tenho nada a ver com isso. - ela diz abaixando os ombros.
Ele concorda em silêncio e se levanta.
— Melhor eu ir então.
Subitamente ela sente o peito apertar.
— Vou te ver novamente? - diz se levantando junto.
— Talvez não, mas eu sempre irei te ver de agora em diante. - ele diz sorrindo um pouco e se vai.
Ela fica parada na porta, vendo Kay se mover velozmente pelo corredor do hotel, ele não olha para trás, e em seu interior ela espera que ele esteja mentindo, que finalmente possa vê-lo mesmo muito mais vezes em todos esses anos.
Algumas horas mais tarde
Verity sai novamente do quarto e no saguão do hotel ela liga para Mel, precisa contar as novidades extasiantes para ela.
O telefone toca por 3 vezes e é atendido.
— Melanie?
— Verity! Não é uma boa hora... - ela sussurra e posso ouvir uma gritaria.
— O que está acontecendo?
Ao fundo posso distinguir uma discussão e a voz se aproxima.
“ É ELA NÃO É? ME DEIXE FALAR COM ELA!"
O sangue de Verity gela nas veias, pensa em desligar mas parece que o telefone é tomado de Melanie e a voz grave soa em seu ouvido.
— Very, onde você está? - desesperado, urgente, é Gabriel.
Ela fica em silêncio.
— Very, fale comigo por favor, me diga alguma coisa...
— Estou bem. - murmuro.
Ela ouve um suspiro longo.
— Vou buscar-te, me diga onde está.
“NÃO DIGA VERITY! NÃO ACREDITE NELE!" Melanie grita ao fundo.
— O que você está fazendo com Melanie? - pergunto trêmula.
— Eu não fiz nada! Sei que ela sabe onde você está e juro por Deus que teria tirado dela se pudesse, mas Verity você me deixou aqui, estou debilitado e sozinho, seu pai me cobra há cada momento para saber onde você está, tem que voltar para casa, para ficar comigo!
A culpa parece subir pela sua garganta, será que tinha que ser assim? Por fim a sua pequena aventura e voltar aos hábitos de todos os dias? Será que tinha que revelar à ele onde estava e esperar pacientemente que ele viesse, raivoso reinvindicar o que era dele em lei?
Ela sentiu as lágrimas descendo, não queria, não queria voltar atrás e feder sua liberdade.
— Não.
— Não? O que porra você está...
— Te odeio. - Ela diz firmemente e bate o telefone, subitamente sem ar.
As mãos trêmulas e os soluços já subiram pela garganta, mesmo longe ele a humilhava, conseguia resgatar todo o desespero que a fez sentir todos esses anos, as dores que a causou.
Decidida ela marchou de volta para o quarto, lembrou-se de tomar aquele chá de canela que Melanie havia deixado para ela, ela faria de tudo, para apagar qualquer resquício de Gabriel em sua vida, mesmo que tivesse que matar qualquer embrião que pudesse ser seu primeiro filho.
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Meu cavaleiro sombrio (Darkstory +18)
RomanceDepois de ser casada contra sua vontade, abandonando um antigo amor, Verity se vê em um casamento difícil e anseia por libertar-se. Até que tudo muda com segredos nunca antes ditos, e o coração dela passa a estar em constante escolha. Bem? Mal? Fid...