8

65 3 1
                                    

Dentro do carro de Kay, ela se sentiu segura mas em seu interior ela sabia que Gabriel não a deixaria assim, ela sabia que ele devia ter um plano sórdido para fazê-la voltar.

O caminho foi feito em silêncio e a respiração de Kay denunciava que ele estava chateado, seria com ela por o colocar nessa confusão toda?

— Desculpe-me... Por te arrastar para isso. - murmuro.

— Não te desculpe, não é culpa sua.

— Talvez... Se eu tivesse voltado....

— Não! - ele bate no volante a assustando. - Preferia mata-lo que deixar ele te levar para fazer isso novamente contigo!

Ela se encolhe.

— Acho que sempre fui uma fracote...

— Você não é assim, não é essa Verity que eu conheço, ele destruiu você, te fez instável e trêmula. - ele balança a cabeça negativamente. - Mas se depender de mim, vai se encontrar rapidamente.

Ela ergue uma sobrancelha.

— Que quer dizer?

— Chegamos. - ele diz e para o carro, estamos em frente a uma casa de tijolos vermelhos.

Ele sai do carro e da a volta abrindo a porta para mim, me ajudando a sair.

Assim que estamos perto da porta ela se abre, uma figura pequena e feminina está com os braços na cintura e parece impaciente.

O coração de Verity se aperta, e se essa dor a esposa de Kay? Mesmo ele tendo dito que não era casado...

— O que é isso? Sumiu esse tempo todo e agora trouxe uma pobre coitada?

— Não é uma pobre coitada, é a Verity. - ele diz abrindo espaço e me puxando para dentro.

A mulher arquea a sobrancelha surpresa.

— Verity?

— Muito prazer senhorita. - murmuro sorrindo fracamente.

— Kay ela não era casada? - a mulher parece tentar compreender.

— Legalmente ainda é. - ele diz e me acomoda no sofá, puxando um banquinho e pondo meus pés em cima e uma manta me cobrindo.

— Espera, não estou acompanhando alguma coisa aqui.

— Ela fugiu, ele a espancava e... Forçava ela. Viemos do hospital, ela teve um aborto espontâneo. - ele resume.

A mulher tapa a boca com as mãos pequenas e corre para o meu lado.

— Oh querida, eu sinto muito...

— Tudo bem... Foi melhor assim. - murmuro.

— Que situação terrível! Mas quem iria aceitar gestar uma criança de um homem tão mal não é? - ela balança a cabeça negativamente e começa a andar para o outro lado. - Farei um caldo imediatamente, fique tranquila, Kay é um menino muito bom.

Olho para Kay que puxa uma cadeira para perto de mim.

— Ela é Missy, minha secretária do lar. - ele diz cobre meus pés com a manta. - Um homem sozinho não iria conseguir arrumar uma casa de família.

Pela primeira vez olho em volta, notando como tudo parece projetado para comportar uma família grande e feliz, mas está vazio demais.

— Está noivo? - pergunto subitamente.

Ele nega.

— Então...

— Acho que sempre tive esperança. - ele diz me olhando.

Meu peito esquenta.

— Como ela sabe meu nome? - murmuro falando de Missy.

Ele dá de ombros simplesmente e se levanta, Missy corre para mim com uma tigela quente de caldo de frango espesso.

— Prontinho querida, pode comer tudo. - diz me entregando a tigela com um pano para não me queimar as mãos.

Seguro e obedeço, e está realmente muito bom.

— Nem acredito que estou vendo a famosa Verity! Você não iria acreditar em como ele fala de você quando está bêbado ou te chama enquanto dorme.

— Porra Missy. - Kay reclama.

Ela abana a mão dispensando o constrangimento de Kay, e eu rio.

— Está menos exuberante do que ele me disse, mas se estava sofrendo tanto, como poderia estar nos melhores dias não é?

Encolho os ombros.

Kay poe as mãos nos ombros de Missy e a direciona para o corredor além da sala.

— Por que você não tira o dia de folga? Você trabalha muito por mim, vai Missy, tchau.

— Nem pense em encostar um dedo na moça, ela está fraca e não é tempo de consumar....

— MUITO OBRIGADO POR TUDO MISSY, ATÉ AMANHÃ. - ele diz mais alto e fecha a porta atrás dela suspirando.

— Gosto dela. - admito terminando minha tigela.

Ele revira os olhos.

— Ela é irritantemente cativante, não?

Concordo devagar.
De repente Verity começa a pensar, estava ali havia pouco menos de 1 hora mas já estava sendo um fardo, já estava se colocando sob a proteção de alguém que gostaria que a visse como igual.

E por mais que ela gostasse de certa forma, não podia só ignorar a aliança em seu dedo e a responsabilidade que deixou para Melanie.

Pela primeira vez em horas, ela sentiu que talvez tivesse que voltar e resolver as coisas, amarrar o passado de uma vez por todas para seguir em frente.

Se Kay a visse como alguém que talvez... Amasse ainda, como poderia tê-la se legalmente ela pertencia a outro?

— Verity?

Kay a olhava preocupado.

— Sim? Desculpe.

— Estava dizendo... Que preciso ir trabalhar agora. Você pode ficar aqui, vou pedir para um colega buscar suas coisas no hotel. Tudo bem?

— C-claro, espero não incomodar... É temporário é claro, posso pagar a minha estadia e...

Ele nega apenas.

— Não vamos falar disso. Eu volto logo. - ele passa a mão em meus cabelos suavemente e se vai.

Fico perdida, uma casa desconhecida a animada Missy parece realmente ter ido embora.

Procuro um telefone e a primeira coisa que faço é ligar para Melanie que me atende em poucas chamadas.

— Alô?

— Mel, é Verity.

— Graças a Deus! Me desculpe pelo outro dia, Gabriel veio até aqui e foi um caos...
— Eu entendo Melanie, obrigada pela sua ajuda.
— Ele tinha dito que iria atrás de você... Não te achou... Né?

— Tive um aborto. - digo simplesmente e a linha fica quieta, como ela segurasse a respiração.
— Sinto tanto Verity... Estamos felizes com isso?
— Não poderia ter dado vida à filho dele. - de repente sinto a frustração e a dor me inundarem e soluço chorando. - Ele me odeia, quer matar-me e veio até o hospital tentar me levar de volta, por Deus Mel eu estou com medo...
— Verity meu bem! Fique calma... Onde você está? Quero ir ve-la... - junto comigo Melanie chora, sempre fora uma amiga emotiva e por acompanhar meu drama diariamente, isso estava começando a afeta-la.
— Não posso te envolver mais ainda... - choramingo.
— Não me negue a sua companhia, sempre vou estar com você!

Por fim, acabou cedendo, e fico nervosa com a possibilidade de Kay achar uma visita ruim...

Mas a minha presença já não seria ruim o bastante?

Meu cavaleiro sombrio (Darkstory +18)Onde histórias criam vida. Descubra agora