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Sinto um calor impertinente esquentar meu rosto e ao abrir os olhos devagar, vejo que as cortinas estão abertas e ainda estou viva, deitada em minha cama vazia.

Me senti devagar e minha cabeça dói um pouco mas vejo um copo d'água e uma aspirina na cabeceira da cama, não hesito em pegar e tomar avidamente ambos.

Decido me levantar e ainda estou um pouco tonta, vou até o banheiro e escovo os dentes, abrindo o armário de baixo para procurar o fio dental vejo um vidro diferente e pego devagar.

A letra cursiva diz Éter

Sinto um arrepio na espinha quando as memórias da noite anterior me atingem, como surtei e depois o lenço com cheiro estranho que Gabriel me fez respirar, abro o vidro trêmula e uma leve cheirada confirma, é o mesmo líquido.

Mas por que ele teria isso no nosso armário do banheiro? Procuro outras coisas fora do comum mas não acho mais nada.

Termino rapidamente e vou me segurando nas paredes e saio do quarto descendo para a sala, ouço um som e vem da cozinha, chegando lá vejo Gabriel agachado com uma vassourinha e a pá de lixo catando cacos no chão.

— Bom dia. - ele diz e me olha rapidamente. - Dormiu bastante.

Fico quieta, a mancha do suco de uva está na parede e uma faca ainda está no chão, foi tudo real, e agora ele está ali catando meus cacos de vidro, com muita paciência e de bom humor.

Ele se levanta e joga tudo no lixo e cata a faca do chão devolvendo à pia e vem até mim e me deixa o cabelo.

— Quer ver TV? Parece um pouco zonza ainda, te levo.

Concordo devagar e ele me guia com os braços ao meu redor e me senta no sofá ligando a TV em canal de culinária, ele se senta ao meu lado e me puxa para ele, ficando às minhas costas me fazendo massagem nos ombros.

— Desculpe. -murmuro.

— Hum?

— Pelo meu... Surto. - digo baixinho e sinto minhas mãos suadas.

— Ah isso, está tudo bem Verity, estou feliz que colocou o que sentia para fora.

Me viro para ele saindo de seus braços.

— Não faça parecer tão simples.

— Jamais, estou dizendo que aceito sua ira. - ele diz e sorri um pouco. - Mas não estou dizendo que vou tolerar sempre.

Outro aviso.

— Gostaria de ficar sozinha. - digo me afastando mas os braços dele são rápidos me recuperando para seus braços.

— Você tem duas escolhas, ficar trancada no quarto o dia inteiro ou aceitar meu carinho, que escolhe?

— O que?

— Estou sendo sincero.

— Não pode me prender!

— Vamos ver então. - ele se levanta comigo sem dificuldade começando a me guiar para fora da sala e seu aperto firme diz que não está brincando, estou abusando de sua paciência.

— Não! Eu aceito, Gabriel por favor... - ele não me ouve, chegamos ao pé da escada e me atiro contra ele segurando seu rosto com as mãos. - Me ouve por favor...

Ele para levantando a sobrancelha e sinto vontade de dar um soco na cara dele, maldito.

— Pode ser um pouco compreensivo?

— Claro.

Suspiro com a pausa.

— Vou aceitar.

— Mesmo?

Meu cavaleiro sombrio (Darkstory +18)Onde histórias criam vida. Descubra agora