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Sou acordada ouvindo meu nome ao longe, algo quente roça minha bochecha e quando abro os olhos Gabriel está parado com um copo de água e um comprimido em sua mão.

Ele me oferece em silêncio.

— Espero que seja veneno. - murmuro, minha voz arranhada pelo tanto que gritei e chorei, ele apenas me ajuda a sentar e me entrega para que eu tome e obedeço sem lutar, ele encosta as costas da mão em minha testa.

— Acho que está febril.

Ignoro e devolvo o copo, ele põe no criado mudo e fica me olhando por um tempo.

— Deve estar me odiando ainda mais agora.

— Tenho nojo de tu.

Ele sorri tristemente e se levanta me deixando sozinha.

— Já tirei a mulher, quer saber o que aconteceu com ela?

— Deve te-la matado. - palpitou indiferente.

— Ela fugiu. - ele diz e sai fechando a porta atrás de si.

Franzo o cenho, por que estaria me contando isso? Afinal para onde ela teria fugido?

Então ela entende, provavelmente fugiu por minha causa, eu devo ter deixado o sótão aberto o suficiente para que ela conseguisse ir embora, eu fiz isso.

Uma pequena alegria se forma mas se vai tão rápido quando veio, sabe onde eu moro, sabe que foi Gabriel quem a capiturou e vai vir mata-lo.

Me levanto da cama as pressas e saio do quarto procurando por ele, ouço o chuveiro ligado e bato na porta do banheiro várias vezes.

— Gabriel! abra! preciso te falar uma coisa!

— Estou ocupado. - ele responde de maneira abafada.

Suspiro, e se não for boa ideia gritar? Quão longe pode estar aquela mulher? Quem ela poderia trazer até aqui...

Ouço um barulho vindo lá de fora e me arrepio.

— Gabriel, ouvi um barulho lá fora. - digo colada à porta.

— Deve ser um gato. - ele responde simplesmente sem abrir a porta até que ouço um murmúrio.

— Droga...  Merda, merda.. -olho em volta e não tenho alternativa a não ser fingir que não sei de nada e ir ver o que é, ando um pouco devagar até a escada e desço assobiando, como para avisar quem quer que seja que alguém está descendo, mas quando chego na sala não vejo ninguém e meu coração martela no peito e ouço o som de algo cortando o ar e se enrola em meu pescoço e sou içada no ar.

Me debato.

— SOCORRO! - grito mas o aperto é firme, não consigo ver quem é mas meu chutes não fazem nada contra, Gabriel parece não ouvir o que se passa aqui embaixo, então provavelmente só vai me achar morta quando quem quer que seja terminar. - P-porque?

Arquejo tentando tirar a linha do meu pescoço mas é tão fina que meus dedos não conseguem puxar realmente e começo a ver a visão embaçar.

Algo acontece e caio no chão, a linha subitamente liberada e meus pulmões buscam o ar ardentemente, minha visão está cheia de pontinhos e ouço apenas o som de algo batendo no chão, olho para o lado e vejo a mesma menina, inteiramente vestida de preto, mas seu pescoço está dobrado em um ângulo estranho, não é natural. Ela está morta.

Não tenho energia para ficar horrorizada, caio no chão olhando o teto, Gabriel está ofegante, molhado e pinga sangue de um corte costurado pela metade em seu ombro, me sento depressa.

— Se machucou... - digo rouca tentando me levantar, mas ele é quem me lavanta sem problemas, ele põe a mão em meu pescoço e vira meu rosto de um lado a outro, inspecionando.

Meu cavaleiro sombrio (Darkstory +18)Onde histórias criam vida. Descubra agora