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Quando acordo a janela escura denuncia a noite lá fora e o suspiro suave ao meu lado mostra Kay desacordado.

Meu coração parece pequeno sem Gabriel por perto para me dizer algo vago e tocar-me só para lembrar a mim mesma que sou dele.

Sinto um frio inquietante.

— Acordou? - olho para o lado e Kay está com o rosto ainda enfiado no travesseiro me olhando sonolento.

Concordo em silêncio.

Ele levanta o braço com a coberta, me convidando para entrar.

— Não vou morder. - sussurra.

Prendo a respiração e vou lentamente, ele me abraça de lado e seu braço grande ao meu redor com seu calor me acalma um pouco.

Não fosse pelo cheiro diferente e os olhos claros e confiáveis, poderia sentir que estava quase com Gabriel.

Kay ficola me olhando em silêncio enquanto estou em seus braços e começa a fazer cafuné em minha cabeça.

— Sempre foste uma deusa. - murmura seus olhos prendendo os meus. - Sonhei contigo todos os dias desses miseráveis anos.

Solto a respiração devagar, o que poderia responder? Meu coração se inquieta, não era isso que eu quis durante todos esses tempo?

Kay tem razão, Gabriel jogou sujo e agora só faço quere-lo.

— Quis-te durante muito tempo... - murmuro e toco timidamente seu pescoço. - Não sei bem como tudo acabou assim ainda...

— Ainda agora, me repulsa?

Nego.

— Sempre foi bem-vindo no meu coração.

— Senti sua falta. - diz rouco e sua mão em meu cabelo afaga minha bochecha. - Gostaria de fazer tantas coisas...

Me encolho.

— Iria trai-lo, não poderia... - digo ansiosamente.

— Foste minha primeiro. - ele diz ansioso como eu. - Ele está ciente disso.

— Ah Kay... - seus olhos claros parecem carregar um milhão de lembranças e de repente estou muito ciente do calor entre nós e como ele está sempre coberto de razão quando se trata de mim.

— Lembra-se... Quando fui visitar você e corremos para os bancos do jardim? - ele diz devagar e minha mente parece desembrulhar uma lembrança perdida, aquele dia em que me beijou apressadamente e eu mesma o levei para um lugar mais afastado, para o caso de alguém procurar por mim e quando dei por mim ele estava com o rosto entre minhas pernas me fazendo ver estrelas no céu diurno.

Minha garganta fica seca.

— Lembro bem. -digo simplesmente.

Ele chega mais perto e beija suavemente a ponta do meu nariz.

— Quem sabe outro dia... Possa repetir.

Meu rosto queima, minha mente é uma confusão de lembranças, dele, de Gabriel.

Nunca os comparei mas de repente meu interior o começa a fazer para ter certeza de que Gabriel é meu preferido.

— Está me confundindo. - digo ofegante. - Por Deus Kay...

— Nunca se perguntou como poderia ter sido comigo? - ele continua e de repente já está debruçado sobre mim, beijando minha bochecha, cheirando meu pescoço, sua ternura é tão diferente.

Gabriel estava sempre por todo lado, sua presença, sua voz nublando tudo.

Kay é diferente, devagar parece uma neblina que me toma a consciência aos poucos, me convencendo de que todo esse carinho é meu direito.

— Estou te incomodando? - respira em meu pescoço.

—N-não...

Ele para quase em cima de mim me olhando.

— Você é perfeita meu bem. - se apoiando em uma mão segura suavemente meu queixo o erguendo para ele, seus olhos claros e suaves me confortam. - Poderia?

Ele se inclina e apenas fecho os olhos, e quando penso em abrir, em dizer que está rápido demais, que isso pode realmente não dar certo ele já tem a boca na minha, tão devagar e carinhosamente seus lábios beijam os meus e isso evoca as sensações de anos atrás, quando ele me fazia girar em torno dele e me beijava devagar debaixo de alguma árvore, seu cheiro ainda parece daquelas árvores antigas, o corpo dele pressiona o meu no colchão mas é só isso.

Um beijo lento e cheio de lembranças, ele não preocupa-se sequer em me exigir que abra mais a boca para reinvindicar minha língua como Gabriel faria, com sua necessidade de ter-me por inteiro.

Quando termina ele tem a testa colada na minha.

— Amo-te, independente da resposta. - diz rouco e sai de cima de mim se sentando na cama. - Melhor eu... Levantar agora.

Fico ofegante e zonza com tudo isso na cama.

— Onde você vai? - pergunto incerta.

— Tomar um banho gelado. - diz e seu sorriso no escuro diz como parece envergonhado e logo se vai.

Me encolho na cama, queria-me.

Por Deus o que estou fazendo?

Meu cavaleiro sombrio (Darkstory +18)Onde histórias criam vida. Descubra agora