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Mal podia se mover, estava envolta em talas por todo o corpo e também nem queria se mover, estava satisfeita com a morfina lhe deixando dormente, sabia que sua aparência devia ser penosa e isso preocupou um pouco seu coração em não estar bonita para Gabriel.

Que pensamento idiota não?

Ela sabia que eles estavam se aproximando quando ouviu a reclamação de Melanie e sorriu.

Quando sua "trupe" como dissera Teddy entrou no quarto já estavam todos chorando, aos pés da cama um de cada lado choravam e diziam coisas que ela não conseguia entender muito bem.

Melanie foi a primeira, estava descabelada e zonza, parece que o efeito do sedativo que Teddy disse que aplicaram não tinha passado por completo.

— Oh Verrityy, estou tããoo felizzz !- ela falou arrastado entre soluços e Verity apenas sorriu.

Versália nem conseguia falar, só chorava.

Gabriel parecia ter visto o diabo pois estava com olheiras tão grandes e o olhar tão desesperado que seu sorriso não chegava aos olhos.

— Obrigado... Obrigado por não me deixar. - ele repetia e ao pegar sua mão gentilmente a segurou contra o rosto como se fosse um bem precioso.

Verity apenas olhou para Teddy que deu de ombros e ela entendeu porque ele veio sozinho de primeira.

Todos estavam fora de si.

— Se recomponham por favor, estão me deixando nervosa. - Verity reclamou fechando a cara.

— Desculpee. - Melanie choramingou e empurrou Gabriel. - É tudooo culpa dele, filho da putaa.

Verity arregalou os olhos.

Gabriel já ia reclamar mas Teddy abraçou Melanie a afastando.

— Shh, ela sabe meu bem, me abrace um pouco o que acha?

Melanie não se opôs a abraçar o marido e Verity acabou rindo.

— Desculpe, devemos estar parecendo um bando de loucos. - Versália finalmente falou e limpou as lágrimas dos olhos super inchados. - Ficamos preocupados, Melanie tentou matar Gabriel no estacionamento quando achamos que você estava morta, foi uma madrugada muito difícil.

— Por isso sedaram ela?- pergunto.

Versália concorda e olhando o rosto machucado de Gabriel surgiu a dúvida se aqueles hematomas que estavam se formando foram feitos por Melanie ou no acidente.

Ela estendeu a mão aberta para o rosto dele e ele deitou o mesmo na mão dela.

Essa submissão a fez sorrir.

— Deixou ela te atacar?- sussurro.

Ele não diz nada, claramente se sente culpado com as palavras de Melanie.

Olhando para os outros Verity disse o mais calmamente que pôde.

— Gostaria de falar com Gabriel a sós, poderiam me dar um momento?

Teddy se encarregou de levar as mulheres chorosas para fora e fechar a porta atrás de si, nesse momento Verity recolheu sua mão a tirando de Gabriel que a olhou um pouco ansioso.

— Ele está morto?- pergunto duramente.

— Não.

Fecho os punhos.

A essa altura ela não sabia se o queria morto por vingança ou se podia se contentar com outra coisa.

— Melanie o pegou. - ele diz suspirando. - Fez um estrago mas não o matou.

— O que quer dizer?

— Quero dizer que ela o machucou.

— Me conte a verdade, quero detalhes!

Gabriel revirou os olhos.

— Ela o esfaqueou, quebrou seu tornozelo e o aleijou, ela cortou o tendão da perna boa dele. Ele desmaiou.

As informações reviraram o estômago de Verity, ela não imaginou Melanie fazendo algo tão violento mas acabou desviando o olhar.

— E depois?

— Mandei-a embora, pensei no que ela fez e achei justo que ele vivesse como um maldito inválido então não me intrometi como ela pediu. A polícia o resgatou mas acredito que a melícia da família o tenha pego, devem estar limpando as fraldas dele em algum lugar ou talvez já esteja morto agora que não serve para nada. De toda forma o interesse em acabar com a nossa vida era dele, seu pai poderá ser caçado mas já disse que não vamos mais nos envolver nisso. Já foi o suficiente. - Gabriel explica firme.

Verity fechou os olhos e se permitiu ser envolvida por toda a dor que guardava, tudo parecia ter sido resolvido mas em seu interior ela sabia que isso era mentira, ela ainda estava casada com um serial killer perigoso, Zari estava em algum lugar desprotegida, Versália não tinha encontrado seu lugar no mundo e seu querido bebê estava para ser ceifado para a morte.

E ela nunca mais seria mãe, poderia ser a mãe de três crianças mortas.

Ela nem tinha percebido que estava chorando e Gabriel massageava sua mão tentando acalma-la.

— Você já sabe? Sobre o bebê?- ela perguntou entre soluços e Gabriel negou em silêncio. - Meu bebê... Não tem um braço porque foi arrancado... Ele tinha um irmão que crescia fora do útero e está morto agora, ele é prematuro e talvez não viva mais que hoje... Nunca mais serei mãe pois meu útero teve de ser tirado de mim.

Entre as lágrimas ela viu a expressão de Gabriel se alterar e ele ficou de pé, sem largar a mão dela.

— Ele vai sobreviver e mesmo que não sobreviva, você quer adotar a Zari não quer?

A forma suave como ele perguntou aquilo a pegou de surpresa.

— Eu... Não sei eu...

— Faremos o que você quiser. - ele diz firme.

Mesmo assim ela se sentiu furiosa, puxou a mão novamente irritada e as máquinas avisavam que ela estava muito irritada.

— Você não entende! Eu nunca mais poderei ser mãe! Essa não é a vida que escolhi para mim eu queria ter um amor de verdade, ter sossego e filhos perfeitos! Sou uma desgraça quebrada e nem mesmo um pai normal eu pude proporcionar para a pobre criança que está morrendo em algum lugar desse hospital!- grita Verity.

Gabriel ouviu calado e pela forma sutil que arregalou os olhos ela pode ver que ele foi impactado pelo que ela disse.

— Verity eu...

— Odeio-te! Maldito desequilibrando! Estou cansada de tentar ver o lado bom das coisas, não quero esse bebê, não quero essa família, suma daqui e me deixe em paz!

Verity esbravejava fora de si e as máquinas não paravam de apitar, as enfermeiras entraram e pelos olhares feios era óbvio que achavam que Gabriel estava perturbando a mulher.

Ele cambaleou para trás, aparentemente acuado pela raiva avassaladora de Verity que tirava a aliança e arremessava nele.

— ESQUEÇA -ME, ENTENDEU? FALO SÉRIO, NÃO QUERO VER-TE MAIS!

As enfermeiras tentavam conversar com Verity para acalma-la e Gabriel catou no chão a aliança e uma enfermeira mais gentil tocou o ombro dele.

— É melhor sair agora senhor, não sei o que aconteceu mas ela está obviamente estressada, melhor tentar voltar quando ela estiver tranquila sim?

Ele concordou e saiu.

Gabriel era um homem sério e centrado, calculista e inteligente mas naquele momento ele estava quebrado, vinha lutando para abandonar seus impulsos e escolher fazer a coisa moralmente certa.

Mas agora fora oficialmente abandonado, sabia que ela o odiava mas ele nunca tinha visto tanto ressentimento de uma vez em seus olhos e desta vez ele escolheu mais uma vez que faria o certo.

Ou tentaria pelo menos, era hora de deixá-la em paz.

Meu cavaleiro sombrio (Darkstory +18)Onde histórias criam vida. Descubra agora