30

25 1 0
                                    

Subimos na moto e sinto que vou vomitar, a ansiedade me domina até o último folículo de cabelo.

Kay é atencioso e suave como sempre mas minha mente apenas pensa em Gabriel, como deve estar atormentado, ansioso e inseguro com tudo isso.

Já é meio dia quando entramos na cidade e Kay me leva para almoçar, um restaurante aconchegante e íntimo.

Me oferece seu braço e aceito, entramos como um casal respeitável e sentamo-nos longe onde ele pede comida e pega o próprio telefone mandando SMS para alguém.

— Que faremos? Já vamos atrás? - Pergunto ansiosa.

— Vamos distrai-los, a história é que você correu de Gabriel depois do que aconteceu com Andersen, estou te protegendo e casando com você por cima dele, vou fingir ir atrás do Andersen enquanto te protejo, Gabriel vai sumir do mapa como o bom serial killer que é, se infiltrar e ele sim vai salvar Andersen se ainda houver algo para salvar.  - ele percebe seu tom e se desculpa. - Desculpe, não estou acostumado a...

— Tudo bem, ele já me disse que papai pode nem estar... - meus olhos enchem de lágrimas e ele suspira.

— Vamos fazer o melhor.

— Mas dessa forma Gabriel não vai sozinho de todo jeito? Não deveríamos ajuda -lo? - pergunto limpando as lágrimas.

— Vamos dar cobertura e estamos ajudando, tirando a atenção de cima dele, mas não podemos cair na briga de verdade, não temos chance.

— Gabriel disse que você atira muito bem. - digo ansiosa. - Achei que...

— Verity querida, eu odeio admitir mas sou melhor ajudando de longe com um rifle que pessoalmente com uma faca. - diz e me sorri tristemente - Você não tem preparo físico para acompanhar Gabriel, somos melhores assim, como estamos fazendo. Entenda que se pegarem a gente, vamos dar mais trabalho para ele que está fazendo a parte mais difícil.

Concordo.

— Ele é realmente perigoso então não é? - sorrio tristemente.

Kay parece desconfortável.

— Um ex-soldado é sempre perigoso, mas um serial killer não tem muitos escrúpulos, diria que ele é realmente temível, mas para a nossa sorte, ele gosta bastante de você. - ele pisca para mim.

— Será que ainda irá gostar depois de tudo?

Kay suspira longamente e ficamos em silêncio, junto as mãos na mesa e o olho seriamente.

— Que ele te disse sobre mim? - indago. - sobre este... Plano? Comprar aliança nova e tudo... Não entendo muito bem.

O olhar de Kay revela uma esperança longínqua, mas se mantém sério.

— Ele me pediu para dizer-lhe para esquecer-se dele.

Arregalo os olhos.

— Não poderia ter dito isto. - retruco rapidamente. - S-sei que temos um passado mas entenda que...

— Verity, respeito-a como sempre. - ele diz suavemente. - Mas ele pediu para que suas reações espontâneas não criem dúvidas nos inimigos que vão nos observar com toda certeza.

Fecho a boca e concordo, mas como poderia, esquece-lo depois de tudo?

Tanto as boas lembranças como as ruins estão todas guardadas em minha mente, sempre que o odeio lembro-me que o amo e quando o amo lembro-me que ainda devo odia-lo um pouco.

— Posso ligar para ele? - murmuro.

Kay suspira.

— Disse-me que não iria atende-la, mas se quiser ir tentar. - ele me estende o telefone e pego nervosamente e disco com os dedos trêmulos, o telefone toca uma dúzia de vezes até atender.

— Gabriel, sou eu. - digo rapidamente mas ouço um suspiro e depois silêncio, olho o telefone, ele desligou.

Sinto um nó se formar na minha garganta, ele não quer falar comigo.

— Não chore Verity, lembra-te de tudo de ruim que ele te fez, talvez assim seja mais fácil. - ele diz e então percebo que choro.

— Sou estúpida, pois não? - rio e limpo as lágrimas. - Tantas coisas com que me preocupar...

Ele sorri em silêncio, me compreendendo e indica que eu coma algo.

Como devagar, com os pensamentos a milhão e quando acabo Kay me oferece a mão e aceito, vamos de mãos dadas para fora da loja e montamos na moto novamente, dessa vez ele me leva para um hotel e nos hospeda lá.

No quarto ficou sem jeito, não sei se posso me sentar, as lembras da última vez em um quarto de hotel estão com Gabriel por todos os lados, seus resmungos, suas ordens, meios sorrisos e beijos.

Passo a mão no rosto, isso está me atrapalhando demais, não devo pensar nele, ele quer isso.

— Tem algo que eu possa fazer para que fique mais a vontade? - Kay pergunta indo ao banheiro.

— Está tudo bem.

Quando ele volta, já tirou seus sapatos e se senta na poltrona um pouco afastado de mim.

— Precisamos falar a sério agora. - diz e sinto o nervosismo em sua voz, me sento na cama de frente a ele e olho em silêncio. - Amo-te Verity, sempre soube disso, e por um momento me permiti ter esperanças de que realmente voltasse para mim... Entenda, não estou te culpando por nada, aquele cara jogou sujo eu sei disso. Mas agora vamos ter que fazer algo que me machuca, ter de mentira algo que sempre quis, e eu sei que você está desconfortável com tudo isso e não sei como se sente mais em relação a mim... Mas quero que saiba que Gabriel está ciente se algo mais precisar acontecer entre nós, sim estou falando de beijos e sexo.

Arregalo os olhos em silêncio.

— Mas nunca forçaria nada, eventualmente precisaria acontecer pois vamos receber convites para uma festa na residência dos responsáveis pelo sumiço de sua irmã e a provavel morte do seu pai, então temos que ser um casal apaixonado. - ele continua.

— O-oque?

— É por isso que amanhã vamos comprar uma aliança de noivado nova, e dizer a todos como nos amamos. - diz rouco e desvia o olhar. - Estou fazendo isso para ajuda-la, como me pediu, apenas lembrando.

Minha cabeça gira com toda essa informação, me deito na cama e fecho os olhos.

— Muita informação. - sussurro com a mão na testa.

— Imagino que sim.

— Desculpe... Fazer você passar por tudo isso. - digo e abro os olhos o olhando.

— Sempre estarei aqui para você. - diz e se levanta e se senta na ponta da cama, onde estão meus pés e os pega pondo em seu colo e começa a massagea-los, sinto meu corpo relaxar. - Apesar de tudo sempre fomos amigos pois não?

Concordo.

Suas mãos são macias e ágeis em tocar todos os pontos cruciais em meus pés e sinto que poderia até dormir com esse tipo de carinho.

— Gabriel vai odiar-me depois de tudo. - murmuro sonolenta.

— Ele não tem esse direito, sabe disso depois de tudo que te fez. É uma dívida que ele jamais poderá pagar.

Fico em silêncio observando Kay entre meus cílios que se fecham cada vez mais, até que eu finalmente adormeça.

Meu cavaleiro sombrio (Darkstory +18)Onde histórias criam vida. Descubra agora