68

17 1 0
                                    

Mais tarde naquele dia Verity dormia profundamente pelos medicamentos e Melanie já estava recuperada do anestésico, entretanto ao sair perguntando por Gabriel que tinha sumido desde o momento que ficará sozinho com Verity ela foi guiada até o berçário.

Foi fácil acha-lo pois era um sujeito grande demais para estar entre os pequenos bebês em suas incubadoras, e lá estava ele com o dedo no buraco enquanto um bebê pequeno segurava seu único dedo com toda a pequena mão.

O bebê não tinha um braço, estava cortado pouco antes do tornozelo mas fora isso parecia bem.

Era aquele o bebê de Verity e olhando na placa viu que era uma menina.

Gabriel tinha um sorriso fraco no rosto e Melanie tirou uma foto em silêncio e quando se aproximou ele nem a olhou.

— Você sumiu do nada. - ela disse e pôs o dedo no outro buraco acariciando a pequena perna do bebê.

— Ela me mandou embora, definitivamente. - ele disse sem rodeios e Melanie ficou surpresa.

— Mandou embora?

Ele tirou algo do bolso e Melanie viu que era a aliança de Verity.

— Disse que não me quer, não quer essa família nem o bebê.

Então ela entendeu a melancolia do homem.

— Oh não Gabriel, ela não faria isso de verdade.

A forma que ele a olhou mais uma vez a fez sentir pena, ela não gostava de sentir pena de Gabriel.

— Acho que já está na hora de deixa-la em paz não é?

Melanie não soube responder, pois sabia que a presença de Gabriel costumava ser a alegria da amiga.

— Preciso te perguntar algo.

— Sim?

— Ainda vai me caçar se eu sair da vida dela com essa criança?

Melanie arregalou os olhos.

— Quer pegar o bebê e fugir?

— Não estou fugindo, estou pegando ela para cuidar. Verity disse que não a quer mas não posso fazer isso se tiver que ficar lutando com mais alguém, não quero correr o risco de deixá-la sozinha na vida. Então preciso saber, vai caçar -me?

Que diabo de pergunta era essa Melanie pensou, obviamente não podia mata-lo pois sua, podia bem se dizer, sobrinha estava sendo cuidada por ele.

— Não seja idiota, você não sabe nada sobre bebês. - Melanie arriscou.

— Eu estou aprendendo. - ele disse e sua voz era tranquila, esticou para ela uma sacola e dentro ela viu várias revistas.

"Como cuidar do seu recém nascido?"

" Passo a passo para um pai de primeira viagem"

" Como alimentar uma criança"

" Educação é a chave, limites para seu filho"

Melanie quis rir mas ao invés disso ela chorou.

Chorou e abraçou Gabriel pela primeira vez em todos esses anos e ele não entendeu nada.

— Seu grandalhão feio. - ela disse rindo e chorando. - Não acredito que se dedicou o suficiente para comprar isso!

— Fiz errado?

Ela o soltou enxugando as lágrimas.

— Não, não fez e eu não iria caça -lo entende? Mas tem certeza de que quer fazer isso? Verity deve estar estressada, você entende a situação.

Ele concordou e pegou a sacola de volta.

— Vou cuidar dela, não vou sumir entende? Só quero dar espaço para ela... - ele diz e suspira. - Talvez um dia, ela volte atrás.

Melanie concordou e é claro que não deixaria ele sumir com sua sobrinha, afinal ela ainda não confiava de todo em Gabriel, apesar dele a estar surpreendendo.

Alguns dias depois

Os dias passaram e Gabriel não tornou ao quarto para ver Verity e tão pouco ela pediu para vê-lo, ele apenas passava lá ocasionalmente na madrugada e espiava pela fresta da porta e observava de longe o progresso de cura de Verity enquanto ela dormia, ficou sabendo que ela não foi ver a filha em momento algum também e tentou não deixar que isso o abalasse, afinal a criança tinha um pai, ele não sabia se isso era coisa da cabeça dele mas toda vez que ele punha o dedo na incubadora a pequena coisinha o segurava com seus dedos minúsculos.

Não demorou muito até o bebê poder receber alta e com a certidão de casamento que ainda era valida graças a deus, Gabriel pôde tirar a bebê de lá, tudo sob a supervisão rigorosa de Teddy e Melanie mas ele a avisou que não iria regressar para a mesma casa.

Quando as coisas estavam dando certo com Verity ele adquiriu uma pequena casa no litoral e era para lá que estava indo, deu o endereço à Melanie e passou em frente ao quarto de Verity uma última vez para gravar em sua mente a imagem dela, talvez fosse a última vez que a visse afinal.

Ele foi ovacionado pelas enfermeiras que se derreriam por um cara daquele tamanho e postura carregando uma mochila neonatal com um bebê em um bebê conforto para o carro.

Ele chegou a receber até fraldas e lenços das enfermeiras e algumas até se ofereçam para ser a mãe da menina e ele achou graça.

Como as pessoas eram voláteis em relação a bebês não é? Talvez ele mesmo esteja incluso nisso, enquanto aprontava o carro Melanie o ajudava e o abraçou uma última vez.

— Vou ligar de 10 em 10 minutos. - ela avisou.

Gabriel estava contrariado e queria pedir algo a Melanie e ela entendeu e esperou mas ele não conseguiu dizer nada.

Ao invés disso Teddy quem lhe deu alguns tapinhas no ombro.

— Vou falar com ela, ela vai voltar atrás.

— Obrigado. - Gabriel suspirou aliviado pelo homem o entender mesmo assim, ele estendeu a mão firme para Teddy. - Me desculpe pelos problemas que causei a vocês todo esse tempo, a ajuda de Melanie... Não, de vocês dois...

— Não preciso desse monólogo, já sei disso. - Teddy sorriu um pouco. - Se quiser minha ajuda essa última vez, cuide bem da criança e espere até que ela esteja pronta.

Melanie sorria ao lado do marido para Gabriel.

— Vamos cuidar dela por aqui e você cuide de Verona.

— Verona?

— É um nome forte, ela é uma sobrevivente. - Disse Melanie e empurrou Gabriel para o lado do motorista. - Agora vá embora, iremos aparecer lá a qualquer momento entendeu? Já avisei à ama de companhia para preparar Zari e te ajudar, dará tudo certo!

Mais uma vez o homem se sentiu tocado pela insistência dela e aceitou, com acenos breves e uma despedida rápida Gabriel foi embora e não pode conter-se olhar pelo retrovisor com ansiedade.

Queria acreditar que Verity não iria abandona-los, não agora.

Meu cavaleiro sombrio (Darkstory +18)Onde histórias criam vida. Descubra agora