CAPÍTULO 40

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"Zona Norte, fundamento. Chama Oyá, traz o vento. Patakori, meu guerreiro, seja meu caminho, meus pés e meu ar. Sou da falange de Jorge, clareia orixás, a terra e o mar. [...] Não se preocupe comigo, nego, que eu não ando sozinho." - Marcelo D2


ALGUMAS SEMANAS DEPOIS...

ELISABETTA

Sentada sobre a tampa fechada do vaso sanitário, eu respirei fundo enquanto encarava o palito em minhas mãos. Não fazem muitos dias desde que Beto e eu voltamos a ter relações sexuais com penetração e eu decidi que, enquanto eu não puder retomar com meu anticoncepcional, eu farei um teste de gravidez a cada quinze dias, no mínimo. Paranoias? Talvez. Eu não quero ter que passar por outro trauma, outra tragédia, outra perda.

Tia, terminei! — ouvi Rafa dizer do lado de fora — Tá tudo bem?

— Tô indo! — respondi

Joguei o teste negativo no lixo e me levantei, lavando as mãos e o rosto. Saindo do banheiro, dei de cara com Rafael na sala. Ele parecia perdido em meio às caixas da mudança. Beto e eu nos mudamos para uma casa no Grajaú, perto da casa da minha mãe. Fizemos um aluguel de apenas um ano, porque temos planos para nos mudarmos de novo para algo definitivo e nosso, após o casamento realmente sair. Alugamos o apartamento dele, eu devolvi o meu para o proprietário e, juntos, viemos para um ambiente com mais espaço para nossa família e nosso lazer. As portas duplas da sala estão abertas, deixando a luz do sol entrar. Já são quase meio dia, o que deixa a casa muito bem iluminada naturalmente. A sala tem, além dos móveis, caixas com coisas minhas, do Beto e do Rafa, já que ele tinha muitas coisas no apartamento do pai e decidiu trazer algumas outras coisas pra cá, com a promessa de vir passar o fim de semana conosco mais vezes.

— Eu passei todas as caixas dos quartos pro corredor. — ele me avisa enquanto passa o estilete com cuidado no lacre de uma das minhas caixas de livros

— Você é uma bênção, menino. — beijo sua bochecha ao passar por ele

Beto e eu estamos nesta casa há uns quatro dias e, até agora, só conseguimos montar os móveis, arrumar os guarda-roupas e esvaziar as caixas da cozinha. De resto, tudo parece estar um verdadeiro caos.

— Caraca, Betta! — ele arregala os olhos encarando a caixa aberta — Bem que meu pai disse que tu tem muito livro.

— Eu quase me formei em História, então, no mínimo, eu tenho que gostar de ler, né? — murmuro rindo e já colocando alguns livros em ordem, na estante atrás da mesa de jantar

— Dá pra perceber que foi aluna do Diogo. — ele ri — Minha mãe diz que se ele comprar mais um livro, a gente vai ter que sair pela janela.

Me permito rir da piada.

— Mas fala sério, você já leu todos esses livros aqui? — pergunta curioso, me ajudando

— Sim. — confirmo — Todinhos.

— Sério? — me olha — E qual é o seu autor favorito?

— Dan Brown, eu acho. — me viro pra ele, pensativa — Eu já li todos os livros dele e sou obcecada pelos livros contando a história de Robert Langdon.

— Quem é Robert Langdon? — ele franze o cenho, confuso

— Você não conhece esse personagem do Dan Brown? — arregalo os olhos — Ele é um professor de iconografia religiosa e simbologia, que foi criado por esse escritor. Ele aparece em Anjos e Demônios, O Código da Vinci, Símbolo Perdido, Inferno e Origem.

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