CAPÍTULO 44

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"Mas não posso deixar você simplesmente ir embora. Eu deixaria o mundo queimar, deixaria o mundo queimar por você. Eu deixaria queimar, deixaria o mundo queimar só para ouvir você chamar meu nome, observaria tudo arder nas chamas." - Chris Grey


ROBERTO

O carro do cara encostou e eu tirei o blazer dos ombros, arregaçando as mangas da camisa que eu usava. O sangue do Cristiano e do meu filho já estava seco e impregnado no tecido, o cheiro metálico dando porrada no meu estômago e fazendo o ódio ferver e passear pelas minhas veias.

— Abaixa essa arma, rapaz. — Guaracy exigiu — Quem é o encarregado dessa operação?

— Sou eu! — disse abrindo a porta do carro

Com as mãos firmes em seu colarinho, eu o arranquei do carro e o atingi socos. Meu punho fechado atingiu seu maxilar, o barulho oco satisfazendo meu ódio. Eu o soltei e o virei de costas para mim, batendo sua cabeça contra a lataria do porta-malas inúmeras vezes. O sangue espirrou na carroceria, o vermelho se destacando no prata. Eu ouvi o osso de seu nariz quebrando e o virei pra mim, forçando o antebraço em sua garganta e o debruçando no carro.

— Olha pra mim! — minha voz soa como num sussurro firme, ameaçador e grave — Olha pra mim, seu merda!

Ele arregala os olhos e ergue as mãos em rendição. Nem se ele fosse homem de verdade ele aguentaria me enfrentar. Irmão, eu vivi a minha vida inteira acreditando que a polícia podia fazer a coisa certa, mas de uma hora pra outra toda aquela certeza tinha ido embora. O sistema sempre acaba machucando onde mais dói. Eu não tenho mais alternativa.

— Olha pra mim, seu filho da puta. — colei meu rosto no dele, vendo-o quase se borrar nas calças — Se acontecer alguma coisa com o meu filho... — digo com os dentes cerrados — Se acontecer alguma coisa com alguém da minha família, se vocês forem atrás da minha mulher... — o ódio me faz enxergar vermelho — Se o meu filho morrer, eu vou matar todo mundo, Guaracy.

— Vamos conversar... — ele ofega — Calma...

— Eu vou matar todo mundo, você tá entendendo? — o encaro — Você entendeu? E o primeiro a morrer, vai ser você! Seu filho da puta!

Pensando na minha mulher e no meu filho ensanguentado nos meus braços, eu jogo o filho da puta no chão e lhe dou uma série de chutes e pisões. Eu posso não ter poder para prendê-lo agora, mas eu vou, pelo menos, fazê-lo se lembrar de mim.

— Coronel. — ouço Bocão me chamar — Coronel!

Eu paro de chutar o desgraçado e me viro para meus homens fieis, que toparam vir comigo nessa jornada. Bocão me encara com seu celular na mão.

— Eu preciso que o senhor fique calmo.

— O que é? — o encaro

— O capitão Eurípedes. — ele diz — Encontraram o carro dele fuzilado na porta da casa do senhor e da major.

Arregalo os olhos e sinto meus ouvidos zumbindo. Bocão continua falando, mas não consigo ouvir nada do que ele diz. Minha cabeça só consegue rodar, eu não consigo raciocinar.

— Coronel! — Azevedo me segura

Percebo que minhas pernas falharam por um segundo, me fazendo cambalear pra trás. Eu ergo a cabeça, encarando os dois.

— Não encontraram nenhum dos dois, mas tinha sangue no local. — Bocão explica

Sinto minha garganta fechar, tornando difícil respirar.

— Vamos seguir com o plano. — eu puxo meu celular do bolso — Seguir com o plano.

Tropeçando, eu vou até meu carro. A tela do celular acende em minha mão, a foto de bloqueio me atinge forte como uma voadora de dois pés no peito. Betta e Rafa sorrindo, sujos de bolo de aniversário. Eu encontro o contato dela e coloco o celular na orelha, ouvindo os toques da chamada.

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