CAPÍTULO 38

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"Me machuquei, mas estou viva, tudo que é seu vou devolver. Embora esteja prevenida, preciso parar de te ver." - Ana Carolina



ELISABETA


— BATI! — gritei jogando minha última pedra na mesa — Gaboada nas duas pontas de novo!

Me levantei e, fazendo uma careta implicante, eu levei as mãos aos joelhos e balancei a bunda de forma desengonçada, em uma dancinha da vitória ridícula.

— De novo, Carolina? — meu pai franziu o cenho — Não é possível.

— Você tá roubando, Betta. — minha irmã me acusou — Tá escondendo pedra.

— Escondendo onde? — a encaro — Só se for dentro do meu cu, né?

— Ei! — meu pai me repreendeu — Estamos jogando em casa ou em um botequim?

— Desculpa, pai. — murmuro voltando a me sentar na cadeira do jardim — É que sua filha molenga aí não sabe perder sem chorar.

— Não é possível que você tenha ganhado cinco vezes seguidas e de gabão nas duas pontas duas vezes. — Fernanda insiste

— Chora na cama que é lugar quente.

Eu recebi alta há uma semana e, há uns três dias, vim pro sítio do meu pai passar uns dias com ele. Minha irmã Fernanda veio comigo, assim como minha sobrinha, mas ela está dormindo agora enquanto Nanda, nosso pai e eu jogamos dominó na varanda, à beira da piscina. Cada um de nós tem uma manta quentinha nos ombros, devido ao frio da noite e tivemos um dia maravilhoso. Meu pai já sabe o que aconteceu por completo, mas ainda não conversou comigo sobre o assunto. Eu confesso que estou animada de estar aqui. Estou longe dos problemas, distraindo a mente... mas sinto saudades de Beto, embora tenhamos decidido que eu precisava de um tempo pra pensar na vida e digerir os últimos acontecimentos.

— Eu já passei muito da minha hora de dormir. — meu pai resmunga — E já me cansei de perder pra Carolina.

— Só mais uma partida, pai. — o olho

— Amanhã, filha. — ele murmura — Joga com a Cida. — ele chama minha irmã caçula pelo apelido do segundo nome

— Eu não quero jogar mais não. — ela resmunga arrumando as peças brancas no estojo — Cansei.

— Perdedores. — murmuro

Ajudo eles a arrumarem as coisas e entramos para a parte coberta da varanda. O sítio do meu pai é enorme e a casa principal tem vários anexos. A entrada principal dá para as áreas compartilhadas como sala, cozinha e banheiro social, além da escada para o segundo andar. Entretanto, em uma reforma, meu pai fez duas entradas laterais que dão para os anexos. Ele deu um anexo para cada filha.

— Eu vou entrar, gente. — minha irmã beija minha bochecha e a do meu pai — Boa noite e se cuidem.

— A gente se vê amanhã, Cida. — meu pai beija sua testa

— Boa noite, Nanda. — eu me despeço

Ela sai pelo lado esquerdo da varanda, seguindo o caminho de pedras até seu anexo. Eu entrego o estojo com as peças de dominó pro meu pai, que me observa.

— Quer conversar agora, velho? — o olho — Porque eu sinto que você quer falar alguma coisa.

Ele sorri fraco e, me surpreendendo, eu sinto seus braços me envolverem em um abraço terno. Meu pai não é um homem de abraços e isso me pega desprevenida. Eu sinto vontade de chorar um pouquinho, mas apenas me aconchego em seus braços.

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