Por Joe
Deitado no carpete do quarto, torcendo os dedos em quanto olho pro teto, voltei meu rosto minimamente para o lado para observar se o rapaz deitado na cama havia caído no sono.
Dessa distância eu não conseguia ver seu rosto de qualquer forma, o que me levava a:
—Está confortável? —Puxei assunto em um tom suave, o rapaz se mexeu minimamente virando o rosto para mim.
—Sim Phi e você?
—Uhm, tranquilo...
O rosto delicado que me avaliava, ainda fazia algo dentro de mim estremecer, mesmo que eu soubesse que no fim, não teríamos nada de qualquer forma.
—Phi, você não quer deitar aqui na cama?
—Uhm, não precisa Ming, eu imagino que você nunca dormiu no chão antes.
Ele ficou em silêncio por um instante, assentindo levemente para mim. Seus lábios grossos, vermelhos e desenhados se franziram minimamente.
—Venha deitar aqui comigo então.
Os olhos iluminados grandes e redondos me avaliaram por um instante. A forma como eles brilharam essa manhã, quando aquele rapaz me confundiu com Tong parecia passar em reprise na minha mente.
Eu nunca realmente tinha visto um olhar tão arrebatador como o dele, com uma áurea ainda infantil e até brevemente inocente eles pareciam transcender mais sagacidade do que o rosto angelical parecia conhecer.
Ming tinha olhos espertos e curiosos. Como se conhecesse tudo no mundo, ao mesmo tempo em que espera ser ensinado com aquela suave curiosidade.
Os olhos dele traziam luz para sua aparência delicada e me deixavam sem fôlego. Pareciam me intimar a desafia-los, prestes a me ensinar uma lição por talvez em algum momento enxergar aquela inocência infantil.
—Talvez não seja uma boa ideia. —Respondi desviando o olhar do seu rosto que ainda assim fazia meu estômago gelar. Voltei a encarar o teto tentando me livrar da minha própria vontade de o desafiar, para que ele me ensinasse essa tal lição até então desconhecida.
Ming se mexeu na cama, mas continuei em silêncio. Por fim sua voz apareceu de novo.
—Deita aqui comigo, ou eu deito no chão com você.
Eu o conhecia a menos de vinte e quatro horas, mas podia dizer que sua aparência meiga em nada tinha harmonia com sua personalidade. Ele era jovem e ainda tinha todo o ardor da adolescência ao seu redor, mas ainda assim ele era dominador, suas curtas palavras de ordem, pareciam me levar a automaticamente respeitá-las.
Balancei a cabeça sentindo minha bochecha corar. No mínimo ele era quase uma década mas novo que eu e mesmo assim como um servo eu subi na cama ao seu lado, me cobrindo com o edredom silenciosamente.
O silêncio voltou a tomar o quarto. Senti saudade de sua voz altiva e mandona em dado momento.
Também senti falta do meu próprio princípio.
—Sabe Ming... Eu não ligo de ser ativo ou passivo na verdade.
—Uhm? —Ele se mexeu atento, virando na cama o suficiente para me encarar curioso. —Então quer dizer... que eu poderia ser o seu primeiro?
Respirei fundo, engolindo meu princípio de uma só vez, me virando na cama para observar seu belo rosto plenamente.
—Sim.
Ming me avaliou por um momento, buscando talvez um pequeno sinal de que eu estava inventando algo em algum ponto.
Quando seu olhar voltou para meus olhos eles estavam desafiantes.
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A Luz que Deixou seus Olhos • MingJoe
FanfictionNossos olhos se cruzaram no exato momento em que a luz do apartamento iluminou o espaço antes vazio. Eu soube, no momento em que ele fechou os olhos com o semblante cheio de realização, que a pessoa que esperei por dois anos, sempre esteve diante d...