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Por Joe

Minha mente parecia estar em branco, mas eu sabia com certeza que Lidy dormia no quarto, também sabia com certeza que a pessoa que estava deitada no meu braço comendo pipoca estava relaxada.

Dentro de uma casa tão simples.

Usando roupas minhas que não eram de grife.

Assistindo uma série comum.

Dentro de uma rotina normal.

—Você também não acha Phi? —A pessoa que falava suavemente em quanto colocava a pipoca na boca me cutucou. —Phi Joe?

—Sim? —Despertei da minha tortura encarando o rosto angelical que estava deitado em mim. Ming parecia confuso que eu não estava dando minha atenção para ele.

—Phi está bem? —Ele perguntou de repente. —Você parece meio... distante ultimamente.

Assenti minimamente, vendo ele se levantar para me encarar de perto, parecendo verdadeiramente preocupado.

—Ming... Você... Está feliz?

A pergunta saiu tão travada, que por alguns segundo eu me preocupei que ele não entenderia, mas honestamente, eu não teria coragem de perguntar de novo.

Mas o rapaz sorriu assentindo.

—Porque Phi me pergunta isso?

—Bom... Tenho medo de só eu estar feliz...

—Estou feliz com Phi. —Ele salientou, então seus dedos acariciaram minha bochecha para que eu o olhasse. —Phi anda cansado... O que acha de sairmos? Talvez você precise de um programa só nós dois.

O encarei surpreso, embora estejamos a tantos meses, quase um ano juntos, Ming nunca sugeriu de sairmos apenas nós dois. Não que eu não goste de sairmos os três como normalmente fazemos, mas eu queria também passar um tempo sozinho com ele.

Então eu sorri, pela primeira vez desde a minha discussão com Tong, abertamente. 

—Está falando sério?

—Sim Phi! Podemos sair para almoçar dia vinte e cinco. O que acha? Por minha conta!

Eu só pude concordar e sorrir feliz.

Foram dois dias felizes. Eu jamais seria hipócrita e dizer que aquele tempo em que eu estive imerso naquela ilusão, não me trouxe felicidade genuína.

Na noite da ceia de Natal, quando rimos juntos abrindo os presentes, eu preferi ignorar o nome das grifes de alta costura nas peças, preferi deixar Lidy desfilar na sala com um conjunto inteiro da Chanel, parecendo uma personagem de dorama coreano.

Mesmo sabendo o quanto aquela vida era irreal para alguém como eu ou como ela. Eu apenas sorri com a felicidade dela em estar em um conjunto rosa lindo, parecendo uma princesa.

Eu queria dar essa vida a ela. Desde que entrei naquela sala da UTI para ver pela primeira vez o rostinho machucado. Em meio a todos os tubos e acessos, lembro da forma que meus olhos se encheram de lágrimas ao ver que ela:

—Ela tem o seu nariz Joe. —Tia Rose murmurou de repente, segurando meu braço com força, quando meus dedos arranhavam o vidro da sala.

—Tio Joe! —A garotinha saltou diante de mim, me fazendo erguer os olhos para olhá-la. —Tio Ming e eu, temos algo para você.

Pisquei confuso olhando Ming que levantou para o lado dela.

O rapaz diante de mim, sempre se vestia com roupas de cores vivas, vibrantes, ou bege e creme.

A Luz que Deixou seus Olhos • MingJoeOnde histórias criam vida. Descubra agora