A Luz que Deixou seus Olhos • MingJoe

16.

Por Joe

Com o passar dos anos, quando nossa juventude acaba e com ela se vai aquela teimosia da adolescência, você percebe que não importa a tempestade que caiu no dia anterior, o sol sempre vai brilhar na próxima manhã.

Quando eu acordei, meu quarto era iluminado pela luz brilhante do sol, esfreguei os olhos com cuidado antes de virar minimamente e ter a visão mais doce possível.

O rapaz abraçava minha sobrinha com um tablet caído no seu colo, eles ressonavam baixinho juntos. Levantei da cama calmante, tirando o iPad de cima dele. Por um instante a visão dos dois abraçados entre as cobertas foi o bastante para me paralisar.

Acariciei o rosto adormecido da garotinha que sequer se mexeu com meu toque, meus olhos correram para o rosto angelical que sempre que estava adormecido eu podia ver uma ingenuidade linda, que levava meu coração a se alertar.

Corri os dedos lentamente pelo cabelo preto, que costumeiramente ficava perfeitamente penteado para trás, mas agora essa manhã caía por sua testa quase cobrindo seus olhos, afastei os fios deles delicadamente.

Para enfim o rapaz abrir os olhos lentamente.

Me peguei sendo aprisionado pelo seu olhar sonolento mas especialmente atento aos meus movimentos, sua boca abriu um sorriso pequeno me olhando intensamente. Percebi assim que nesse curto espaço de tempo em que eu o admirava em seu sono, eu havia aproximado meu rosto do seu, quando tentei me levantar, o seu braço livre foi mais rápido que eu, me mantendo parado ali a centímetros de seu rosto.

Ele me avaliou silenciosamente por um momento, como se tentasse encontrar algo em meu rosto, antes de me puxar perto o suficiente para encostar sua boca na minha.

O suave roçar de lábios foi o suficiente para me fazer corar e finalmente me afastar, Lidy por fim gemeu baixinho coçando os olhos.

Ela abriu as grandes orbes castanhas olhando para mim e depois para Ming.

—Bom dia. —Murmurou roucamente. Eu assenti em resposta e Ming riu a puxando para mais próximo de seu colo. —Phi! —Ela resmungou baixinho bocejando, quando recebeu um beijo molhado em sua bochecha.

—Bom dia bonita. —Ele respondeu risinho, depois desviou o olhar inocente para mim. —Phi Joe nem me deu bom dia.

Mordi o lábio o encarando chocado.

—Bom dia Ming. —Respondi a provocação. —Desçam vou fazer café da manhã para os dois.

Os dois me acompanharam em silêncio até a cozinha, onde Ming puxou a cadeira para Lidy e se aproximou de mim na pia, me virei para ver que Lidy mexia no tablet compenetrada.

—Sem boys love para você. —Falei sombriamente, ela levantou o rosto para me encarar resmungando. —Só quando você for mais velha.

—Mas Tio... —Sua expressão irritada de repente foi consumida por um sorriso imenso. —Tudo bem! Agora eu posso ver pessoalmente mesmo.

—Pessoalmente? —Repeti confuso, mas ela voltou o olhar para a tela então me voltei para a pia.

—Phi Joe... Quer ajuda? —O homem bonito ao meu lado questionou, então eu o avaliei por um momento.

A franja escura em sua testa o fazia parecer ainda mais jovem.

—Quantos anos você tem Ming? —A pergunta saiu rápido pela minha boca, o fazendo me encarar brevemente com um rosto que transbordava malícia.

—Dezessete.

Abri a boca em choque, ele riu alto negando com a cabeça, o que me fez perceber que realmente seria impossível ele ter essa idade.