Por Joe
O Sol brilhava quase alcançando o centro do céu, em quanto eu caminhava calmamente pelas inúmeras araras de roupas.
—Para falar a verdade eu gosto muito de azul, vários tons de azul. —A voz infantil soou pensativa, em quanto os dedos corriam os inúmeros cardigãs de lã coloridos. —Acha que fica bom em mim?
—Depende do tom de azul. —A voz suave respondeu em quanto seu glorioso dono soava compenetrado no celular, caminhando lado a lado com a pequena baderneira. —Veja, azul tiffany aqui ó! Sabia que esse azul foi patenteado pela Tifanny? —Ele mostrou a tela do celular para a pequena criatura que semi cerrou os olhos alegremente.
Fazia cerca de três meses que essa havia se tornado a minha rotina mais comum nos fins de semanas.
Compras.
Naturalmente essa semana era mais especial, pois a pequena encrenqueira que torcia o nariz empinado para rejeitar mais uma peça de roupa, estaria fazendo nove anos.
Então, com uma insistência que durou uma semana, eu permiti que Ming a trouxesse a uma loja de grife.
Para falar a verdade, eu observava a cena com um sorriso silencioso, que preenchia meu coração de forma que era possível ver as ondas coloridas de emoção que vazavam pelo meu olhar encantado na dupla.
Eu nunca imaginei nos meus mais malucos sonhos, que poderia estar com alguém que tão naturalmente pudesse incluir Lidy em seus planos e programas de fim de semana. Principalmente alguém tão jovem como ele. Era uma sensação única, vê-los cada vez mais cúmplices.
As primeiras semanas, Ming parecia realmente disposto a enlouquecer a pequena menina de oito anos, a ponto de me fazer questionar várias vezes se a idade que Ming havia me dito, era verdadeira.
Ele adorava incomoda-la com comentários críticos sobre as coisas que ela gostava, além daquelas que se tornaram rotineiras, pequenas críticas sobre Lidy preferir ficar em casa a sair e praticar algum esporte.
O que me levou, a ter aquele diálogo que eu nunca sequer havia ensaiado como ter antes.
—Para falar a verdade... —Murmurei em uma noite de sexta, na segunda semana após ele cruzar a soleira de casa com duas malas enormes da louis vitton. —Lidy gostaria sim muito de praticar um esporte.
Ming que arrastava o dedo na tela do celular encostado na cabeceira da cama ao meu lado, levantou os olhos para meu rosto murmurando um "uhm" desinteressado.
Suspirei, me endireitando.
—Cinco anos atrás, os pais de Lidy e ela, estavam voltando de uma viagem. O carro perdeu o freio em um trecho de serra, era uma estrada com muitas curvas e naquela noite estava tendo um temporal... Isso fez o acidente ser pior, por que além do carro não ter respondido na curva, a pista molhada... Levou o carro a cair uma ribanceira alta.
Aos poucos, o rapaz ao meu lado, abaixou o celular virando o rosto para finalmente me olhar seriamente. Seu rosto ficou lívido a essa altura.
—Bom, a grade de segurança da estrada foi rompida naturalmente, mas só no outro dia de manhã... O resgate chegou... O carro bom... Isso nem era importante mais. As três pessoas no carro, foram encaminhadas para a UTI.
Fiquei em silêncio por um instante, meu coração sufocando em silêncio. A sobrancelha de Ming se franziu esperando pela conclusão da história.
—De qualquer forma, minha cunhada e meu irmão tiveram a morte cerebral confirmada pouco tempo depois. Lidy passou por várias cirurgias, inúmeras mesmo. Foram muitos ferimentos, mas o principal foi que, uma parte da ferragem da porta traseira do carro, entrou no ventrículo do coração dela. Sinceramente, aquela garota só está viva por que estava na cadeirinha.
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A Luz que Deixou seus Olhos • MingJoe
FanfictionNossos olhos se cruzaram no exato momento em que a luz do apartamento iluminou o espaço antes vazio. Eu soube, no momento em que ele fechou os olhos com o semblante cheio de realização, que a pessoa que esperei por dois anos, sempre esteve diante d...