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Por Joe

A dor é algo intrigante.

Se você fere sua pele, ela sangra, você sente a dor e vê a ferida com clareza.

Mas o que pode acontecer com alguém que fere o coração?

Eu ouvia o Diretor renomado falando animadamente sobre o roteiro do filme que Ming empurrou para mim na mesa do jantar.

Mas tudo o que eu podia visualizar era.

O olhar do meu irmão quando dizia, que eu não teria um amor estável com outro homem.

Podia ver a expressão sarcástica de Tong ao dizer com todas as letras que eu não passava de um nada para ele.

Tudo isso desembocava na preocupação de Phi Wut, quando disse... Que aqueles que nasceram na mesma casta social, fatalmente sacrificariam tudo para se protegerem.

Mas eu nunca fui nada... para essa pessoa, além de um substituto.

Então não foi um grande sacrifício.

Para proteger Tong, ele me arrancou tudo.

—Preciso ir ao banheiro. —Anunciei brevemente me levantando da mesa. O homem ao meu lado segurou meu pulso subitamente, me fazendo gemer de dor em resposta, então ele só pode soltar assustado.

Ele trocou um olhar culpado com o meu torturado.

—Desculpe Phi... pode ir... É ali. —Ele apontou, eu assenti saindo da mesa.

Afinal, ele havia me permitido ir ao banheiro.

Quando comprei o vidro de cerveja no bar próximo a grande ponte de ferro, eu só cruzei algumas quadras para finalmente sentar ali.

E avaliar a então enorme lua cheia que brilhava prateada, irreverente.

—Você pensa que... Eu sou um tolo? —Perguntei para a deusa da lua, para a deusa do sol... Para qualquer Deus que pudesse me ouvir, em quanto bebia a cerveja. —Eu vejo que sou.

A essa altura, eu não pensei em tudo o que eu poderia perder.

Eu pensei em tudo o que eu havia perdido.

Meu irmão, minha família, minha carreira...

A minha vida, seria só um presente para aqueles que me deixaram ali, na beira do precipício. 

Então sim, nós já nos encontramos antes.

Para falar a verdade... Você me encontrou antes, quando pensou que eu era aquele que você procurava.

Mas eu nunca fui, nem nunca tive o menor valor perto de Tong.

Quando cheguei em casa tarde da noite, a senhora Hong estava tentando arrumar a enorme bagunça que parecia sua casa.

Embora eu estivesse encharcado a essa altura e chorando. Só consegui arregalar os olhos e me ajoelhar ao lado da mulher que tentava recolher as roupas.

—Mãe! O que aconteceu? —Perguntei assustado. Seu rosto machucado se virou para mim.

Ela me avaliou por um momento preocupada, antes de fazer menção de se levantar, eu a ajudei a se erguer chocado a essa altura.

—Wen... Ah Joe querido... O que houve? Por que está molhado assim?

—Mãe, passou um furacão aqui?

—Ah bem... não é nada querido.

—Mãe. —Segurei seu rosto para me encarar, realmente preocupado com a senhora de idade. —Me diga.

A Luz que Deixou seus Olhos • MingJoeOnde histórias criam vida. Descubra agora