A Luz que Deixou seus Olhos • MingJoe

54.

Por Joe

O hálito quente batia em meu rosto, a raiva estava em alta dentro do meu coração, podia sentir a minha angústia em controlar a vontade que eu tinha de estapear seu rosto presunçoso.

Se bem que naquele momento específico um brilho de ódio dominava seu rosto lindo, então um sorriso malicioso voltou a pintar em seus lábios carnudos.

—Você não me disse... Eu fiz algo estranho ontem?

Eu o encarei ainda mais irritado, se é que isso era remotamente possível.

—Khun Ming! —Antes que eu pudesse gritar um por cento dos xingamentos que se acumulavam em minha mente por toda a cena anterior e por mais uma vez ele pensar que podia me tocar assim.

A boca quente tomou a minha com força, meu corpo ardendo em raiva sequer reagiu empurrando ele, para fala e a verdade, eu o segurei mais próximo.

Afundei meus dedos em seu cabelo macio, sentindo quando um sorriso deliciado tomou sua boca.

Nossas línguas se uniram, com a mesma rapidez coma qual ele me puxou da porta, segurando minha camisa com uma mão, em quanto abria os primeiros botões, a sua outra mão na minha cintura me forçou a sentar em sua mesa.

O som distante dos papéis caindo no chão não me despertou, minha mente na verdade só conseguia se derreter em um prazer mórbido e profundo como um poço, tão conhecido e vivenciado um dia, o qual eu jamais conseguiria me livrar.

Suas mãos tiraram a camisa agora trabalhando juntas, eu puxei seu cabelo em minhas mãos, enroscando os fios sempre cuidadosamente arrumados nos meus dedos.

Ainda era tão macio.

Ele gemeu mordiscando minha boca, suas mãos passearam pelo meu peito, depois meus braços e por fim as unhas arranharam levemente minhas costas.

—Ah... —Eu gemi baixinho, nossas bocas ainda juntas, ele deu mais uma risada antes de suspirar pesadamente.

—Phi Joe... —Ele murmurou, com um tom saudoso.

Meu corpo congela e eu automaticamente empurro o homem entre minhas pernas para longe. Ele sequer cambaleia, na verdade Ming sempre mostra estar no controle de tudo.

O cabelo bagunçado, sexy em níveis que antes de eu sequer ver essa cena eram inimagináveis, os olhos redondos ardendo de desejo me avaliando em quanto ele ainda respirava em arquejos baixos. Mas ele sequer titubeou, manteve-se ereto e seguro de si como sempre me esperando dizer algo, mas tudo o que eu queria dizer era chamá-lo de filho da puta! Meu pesadelo encarnado e vivo pulsante com pernas.

—Eu não sou essa pessoa! —Resmunguei irado, com o seu maldito rosto perfeito, seu maldito sorriso satisfeito, sua maldita boca macia e promíscua, seu maldito poder sobre minha libido e principalmente a forma como ele deixou meu pau tão duro, depois de eu ter passado a humilhação de me masturbar pensando no causador da minha morte essa manhã. Levantei-me da mesa, fechando os botões da camisa que eu coloquei e volta. Mas meu olhar ardido ainda estava no homem que assim como eu respirava em lufadas rápidas. A movimentação suave em que ele arrumou seu cabelo não passou despercebido por mim.—E nunca mais coloque sua mão em mim!

—Você gostou. —Ele disse cheio de si, dando mais um sorriso lascivo, desviei o olhar de seu rosto antes que meu punho encontrasse seu nariz. —Assim como ontem.

Eu havia terminado de fechar os botões quando eu ergui meu rosto para o seu novamente.

—O que?

—Eu o beijei ontem certo?

—Khun Ming, isso... não aconteceu eu...

—Não minta para mim Joe, eu sei. —Ele voltou a caminhar até mim, eu só pude recostar novamente na mesa, tentando fugir do magnetismo.

Droga, eu deveria estar no controle da situação inteira, como eu voltei a ser uma presa aos seus olhos?

—Depois falaremos sobre isso então, não tem por que ficar tão arredio Joe... —Ele murmurou por fim suspirando, antes de se afastar com a expressão seria. —Tem algo que eu quero que faça hoje venha comigo.

Eu pisquei confuso em quanto o acompanhei para fora da sala. As pessoas nos olharam quando passamos, engoli em seco o seguindo pelos corredores.

O caminho foi silencioso, quando finalmente estávamos em um dia set de filmagem, uma equipe conversava ali, quando nos aproximamos.

Como diabos ele consegue parar ali e discutir com o pessoal depois de ter tirado minha camisa daquela forma?

Parado em pé com os braços cruzados Ming discutiu por um tempo antes de finalmente falar alto.

—Bom Joe, você me disse que queria ser dublê, esse é seu teste. —Ele apontou para uma cadeira no centro do set. —Eu quero saber se você sabe fazer isso.

Mordi o lábio irritado, tentando ignorar o rosto presunçoso que acabava de despertar certos sentimentos que eu pensei ter matado no passado.

—O que devo fazer? —Minha frase saiu agressiva, mas isso é por que meus olhos estavam focados no rosto estranhamente sorridente daquele homem que parecia uma estátua gelada nos últimos dias.

Qualquer coisa que tivesse ocorrido ontem naquele almoço, o fez despertar como outra pessoa hoje.

O pessoal da produção me explicou o que eu precisava fazer e embora eu estivesse me esforçando para prestar atenção nas informações que me eram dadas, eu ainda sentia minha atenção voltada para o par de olhos que me avaliava e me acompanhava silenciosamente.

Bom, num geral eu havia recuperado alguma massa nos últimos tempos, também tinha voltado a me exercitar aos poucos, então eu ainda não tinha a mesma massa muscular de antes, muito menos a de Wen, que era relativamente mais forte que eu.

Então me sentei na cadeira, vendo o pessoal amarrar meu pulso, tentando me concentrar, mas o par de olhos atentos que me avaliavam pareciam arder em meu rosto.

—Khun Ming, vamos começar então? —O diretor questionou.

—Sim, pode rolar.

Com o "ação", minha respiração normalizou, meu corpo relaxou profundamente, era como voltar para casa depois de uma longa jornada, de repente eu estava aonde eu sempre amei estar, o lugar que me chamou por tanto tempo.

O aperto constante no meu peito desde meu despertar cessou.

De repente eu era apenas o Joe, tio da Lidy e dublê. Que nunca tinha deixado de ser ator em seu coração, cujo todo o coração ardia pela arte da atuação e apenas por ela.

Sem qualquer outro amor implosivo.