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Por Joe

Minha cabeça doía quando eu finalmente abri os olhos, eu estava em uma enorme cama de casal em um quarto a meia luz, tentei levantar minimamente para olhar ao redor, mas o som de ferro e o peso nos meus pulsos que estavam amarrados nas costas me impediu.

—Ah você acordou. —A voz suave soou a minha frente, diante da cama um grande divã preto se estendia, onde a pessoa vestida com um cardigã vermelho e una calca de alfaiataria preta estava sentada rodando uma chave em seus dedos.

—Ming... —Minha cabeça latejava. —Onde...

—Você pensou que eu ia deixá-lo em casa onde poderiam te encontrar?

—O que... —Me levantei para sentar e encostar as costas na cabeceira acolchoada da enorme cama king size. —O que você está fazendo?

—Te impedindo de me deixar. —Ele respondeu brevemente sorrindo como um menino amável.

Como se fizesse algum sentido.

—Ming, eu tenho um compromisso. Você tem que me soltar.

—Ah sim... a conferência do filme certo?

—Sim...

—Você não vai Phi.

O encarei chocado.

—Você não pode fazer esse papel.

—Do que você está falando?

—Não vou te deixar atuar nesse papel.

—Ming! Se eu não for, vai causar problemas para muita gente.

Ele se recostou confortavelmente no divã, guardando a chave no bolso da calça e alisando o cardigã suavemente em quanto me encarava.

—Idai?

—Ming... eu preciso... falar com a Lidy. —Anunciei timidamente. Ele elevou a sobrancelha me olhando. —Eu disse que ligaria para ela, ela deve está preocupada...

—Eu já falei com ela e com Tia Rose.

Eu o encarei em choque.

—Aparentemente, o tio Ming ia viajar para o exterior certo? —Ele estava cheio de sarcasmo, quando finalmente me olhou rindo. —Então o Tio levou o Tio Joe para uma viagem de casal. Ela ficou feliz.

Mordi o lábio com tanta força que pude sentir o sabor do sangue ao fundo.

—Ming... eu preciso ir a essa conferência. Por favor me solta.

—Phi Joe... Eu não vou deixar você tirar esse papel do Phi Tong.

Essa frase, dita calmamente pela voz melodiosa, foi capaz de sozinha implodir tudo o que restou no meu mundo.

O peso dela, a forma como ela esmagou meu coração de uma só vez, me tirou o ar, de tal forma que eu só pude abaixar os olhos para o colchão da cama.

A pessoa do outro lado viu isso como uma desistência e permitiu que o silêncio envolvesse o quarto.

Eu soube de repente, que todas as falas e ações de Tong nesses anos...

Seriam apoiadas pelas atitudes de Ming.

Por mais errado que Tong estivesse, por mais criminoso que ele e sua corja fossem.

Uma palavra de Tong, valeria para esse homem que passou um ano ao meu lado, mais que um pedido desesperado meu.

—Phi Joe... Coma... —Eu não sabia quantas horas haviam se passado, eu estive em silêncio em quanto o rapaz tentava colocar a colher na minha boca, mas eu ainda me sentia congelado naquela posição. —Phi... por favor.

A Luz que Deixou seus Olhos • MingJoeOnde histórias criam vida. Descubra agora