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Por Joe

Até aquela noite, eu não entendia por que sentia uma tensão tão grande as vezes em que Tong se enfiou entre eu e Ming.

Embora dessa vez eu estivesse sentado na mesa da casa e não do apartamento. Eu ainda apertava as mãos nervosamente.

A essa altura, Lidy dormia em seu quarto tranquilamente, depois de me perguntar onde estava o Tio dela.

Quando a porta da casa finalmente se abriu e a pessoa trôpega entrou, eu senti o alívio me inundar.

Porque eu tinha tanto medo que ele desaparecesse?

—Cheguei! —Ele falou atropelado, se jogando no sofá depois de deixar a sacola sozinha na porta de casa.

Suspirei de alívio, caminhando até a porta que fechei e puxando a sacola com a mão para colocá-la na sala.

Ming estava deitado jogado encarando o teto e rindo baixinho, só de chegar próximo eu soube que ele havia bebido.

Bebido muito.

Coloquei a sacola no chão ao lado do sofá, mas ela virou minimamente, me fazendo puxar a caixa de dentro dela.

Caminhei lentamente pela sala, a escuridão do ambiente me impediu de ver o que tinha dentro da embalagem com clareza, então ali na sala onde a janela enorme trazia a luz daquela lua crescente quase na fase cheia. Eu pude ler o que estava escrito nas duas canetas.

Ming e Joe.

Subitamente eu me lembrei do dia em que...

Naquela primeira manhã em que ele aceitou se mudar para casa, quando nós três estávamos no shopping, Lidy enlouquecia Ming com suas perguntas constantes. Eu acompanhava ela que continuava caminhando animada entre as prateleiras da loja de itens de casa.

—Ei Tio Joe, olha canecas de casal. —Ela ergueu duas canecas onde duas pequenas esculturas de gatinhos se beijavam quando juntas. —Eu vejo isso em dramas chineses. É bem legal né?

Eu assenti minimamente, ato que a levou a soltar as canecas de porcelana com cuidado e voltar a caminhar alguns passos a frente, eu ergui as canecas aproximando as do rosto para ver a qualidade do trabalho manual.

Era realmente bonita.

—Eu acho fofo. —Murmurei para mim mesmo.

—É, também acho. —A pessoa ao meu lado, que usava um belo cardigã colorido respondeu, desviei o olhar para o dele. —Namorados devem usar algo assim.

—Então... devemos levar?

A expressão sonhadora de Ming se voltou para meu rosto, endurecendo levemente. Ele fechou o sorriso suave.

—Quem disse que somos namorados?

Ao dizer isso, o rapaz nove anos mais jovem deu de ombros seguindo Lidy pela loja.

Prendi a respiração encarando as canecas que agora estavam nas minhas mãos novamente.

Isso era...

Sorri abertamente, podia sentir todo aquele bolo que parecia preso na minha garganta, o qual Tong era a causa, desaparecer com essa pequena surpresa.

—Obrigado Ming! Esse é... O melhor Natal da minha vida. —Falei para ele, o olhando por sob o ombro, ouvindo seus resmungos baixos.

A essa altura, eu pude realmente sonhar com um começo, eu podia sentir de volta toda a alegria do Natal de ontem.

Eu desejei por anos dar a Lidy e até a mim mesmo, a felicidade que nos foi roubada pela família do meu até então chefe.

A Luz que Deixou seus Olhos • MingJoeOnde histórias criam vida. Descubra agora