4.

69 6 5
                                    

Por Joe

O homem chocado, balbuciou algo antes de balançar a cabeça como se tentasse retornar a realidade.

—Phi Joe? —A pergunta confusa cortou o silêncio gelado. Meu sorriso de sarcasmo cortou meu rosto.

—Desculpe... quem?

Ming piscou algumas vezes, finalmente percebendo que eu não era a pessoa que ele tinha medo de ver. Então sua feição assustada retornou para a feição fria normal, ele entrou no elevador se encostando na porta.

O ódio, consumiu meu sangue naquele curto trajeto até o térreo.

Ele não disse nada, eu muito menos.

Eu tive sim medo, de encontrá-lo. Pensava que no momento em que eu olhasse pra ele, eu fosse tremer, chorar, sentir as forças deixando meu corpo.

Mas nesse instante em que ele me encarou apavorado e sussurrou meu nome, eu só senti...

Ódio.

Ódio por esse rosto angelical ter me enganado por tanto tempo, me levado dos melhores dos sonhos aos piores de meus pesadelos. A raiva singela, dominava todo o sentimento de amor em meu peito.

Eu quis trucida-lo. Eu quis pisar nesse homem como se ele fosse apenas uma formiga.

Essa sensação de rancor dentro de meu coração foi tão grande, que eu demorei para sair do elevador quando ele abriu as portas no térreo.

Minhas pernas tremiam.

Minha mão estava gelada.

Mas uma mão quente segurou meu braço me impedindo de andar.

—Espera.

Parei por um instante, sentindo aquele acúmulo de emoções se voltando contra mim como uma bomba prestes a explodir. Virei a cabeça lentamente para encarar o rosto lívido ainda de choque.

—Você... nós já nos encontramos antes?

Minha expressão congelada pela raiva, por pouco não foi cortada pela gargalhada profunda.

—Você deve estar me confundindo com alguém. —Respondi, brevemente. Voltando a andar para longe dele.

Sua mão me soltou lentamente.

Aquele lento processo em que meu braço se tornou livre. Foi o que bastou para uma crise ansiosa nascer em meu peito.

Passei algumas horas caminhado sem rumo, qualquer um que me visse na rua pensaria que eu era maluco.

E talvez eu esteja um pouco.

Todo o amor que senti por aquela pessoa, foi totalmente corrompido em ódio.

Sentei na calçada em frente ao rio, a essa altura uma chuva suave caía sobre minha cabeça.

Eu sentia, que dentro desse corpo estranho, eu estava perdendo muito mais do que a minha própria vida que foi ceifada pelo rio, eu estava perdendo a mim mesmo, a pessoa que eu fui quando...

2 anos antes

O pincel de maquiagem acariciava minha pele em quanto eu mastigava um bolinho, Yim me olhou reprovando.

—Você não pode parar de comer em quanto eu termino isso?

—Uhm... Como pode um dublê precisar fazer tanta maquiagem?

—É para a transição ficar limpa.

—Minha transição sempre foi limpa. —Acrescentei rindo, Yim meneou a cabeça rindo, me libertando da cadeira amaldiçoada.

A Luz que Deixou seus Olhos • MingJoeOnde histórias criam vida. Descubra agora