A Luz que Deixou seus Olhos • MingJoe

51.

Por Joe

—Então... —A garota prolongou a frase um bom período, sentada no sofá entre mim e tia Rose, ela deslizava os dedos no controle remoto, correndo o catálogo da Netflix na enorme televisão, realmente grande da sala da casa do herdeiro Akhrayothar.

Mas a essa altura, era a sala da casa dela também.

Fora o clima tão comum e cheio de memórias daquele momento para mim, mesmo que tia Rose me olhasse pelo canto de olho, com aquela expressão saudosa, que de alguma forma eu também queria fazer nesse momento, a menina irritada de cenho franzido não sentia o mesmo.

Afinal, ela não sabia quem eu era.

—Phi Joe... Você já se apaixonou? —A pergunta me desestabilizou por um momento, me fazendo erguer o rosto para a tia, que tentou disfarçar uma risada.

—Ahn... Khun Lidy está apaixonada?

—Se você se apaixonasse hoje. —Ela continuou me ignorando prontamente. —Acha que meu tio faria seu tipo?

Como é que é?

—Eu não acho que seria o caso... —Acabei por dizer quase que em um sussurro para respondê-la.

A súbita lembrança vivida, da boca roxeada com sabor de vinho tinto, deslizando pela minha essa tarde, voltou como uma onda forte para minha mente.

O calor do seu corpo contra o meu, o som de seu coração disparado, a forma como ele me tocou com a mão ensangüentada mas ainda cuidadoso o suficiente para não deixar que nem sequer uma gota daquele sangue manchasse minha roupa ou meu rosto.

Na verdade o único líquido que manchou meu rosto, foi a sua saliva com sabor de vinho tinto que se juntou a minha, me fazendo quase suspirar em deleite.

Fazia tempo, que eu não sentia o sabor daquela boca carnuda, dois anos, que mesmo tendo passado apenas em um dia para mim, eu não podia negar que.

Aquele rosto arrogante e superior, buscando discussões comigo por toda a manhã, estava ali diante de mim chamando meu nome, beijando minha boca.

Chacoalhei a cabeça de repente despertando do topor do seu beijo.

Droga, ele causou a minha morte, me prendeu para proteger o Tong, roubou a minha vida, tem a guarda da minha sobrinha, me usou como estepe do amor não correspondido dele.

Eu tinha uma lista de fatores bem claros pelo qual aquele beijo não deveria valer mais do que um espirro para mim.

Você espirra quando goza Phi Joe...

O sussurro suave soou distante.

—Phi? Está pensando em algum crush? —Lidy me trouxe de volta ao presente.

—Eu namoro Lidy. —Falei sério, me voltando para a garota.

O rosto desconfiado e afetado dela se tornou em uma expressão de choque.

—Namora?

—Namora? —Tia Rose falou alto junto com ela. Assenti para as duas.

—Alguém da Coreia? Mas Phi esteve sumido por dois anos... —Lidy a essa altura soltou o controle remoto atordoada, ela se virou para encarar a tia que ainda me olhava confusa. —Então essa pessoa não é famosa?

—Ele é famoso sim. —Falei, bom eu só tinha uma cartada na manga para dar agora, a única pessoa famosa que Wen tinha uma longa história. —É o Sol.

—Phi Sol!

—Joe... —Tia Rose me chamou novamente. Eu a olhei sério.

—Sim, bom tem um tempo...