Capítulo 43.

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• Víbora •

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Eu me sentei no banco do passageiro outra vez, suspirando alto, com um bagulho estranho no peito. Estava sentindo um pouco de culpa por ter matado logo a minha irmã, mas quem escolheu esse caminho foi ela mesma.

KL estava ao volante, com os olhos ainda brilhando da adrenalina.

KL: Caralho.....adrenalina da Porra, mermão.
— Murmurou, passando a mão no rosto.

Víbora: Sim... meu coração tá acelerado pra caralho até — Eu ri de lado, tentando aliviar a tensão, mas KL me olhou com uma expressão séria.

Vendo ela naquele estado, depois de
praticamente me obrigar a fazer aquilo, me doeu bastante, e depois de anos me deu realmente uma vontade enorme de chorar por conta daquele sentimento de dor de uma perda, e principalmente por uma parte de culpa nisso tudo.

Por mais que ela tivesse feito muita merda contra mim, eu amava essa garota. porra, era a minha irmã! A garota que eu ajudei a criar, e que sempre esteve comigo pra tudo! Menos contra o nojento do Tigrão. Isso, eu nunca poderia perdoar.

KL: Porra, cara — Disse, interrompendo meus pensamentos, enquanto estacionava o carro em um lugar seguro. Ele veio para o meu lado, seus olhos examinando meu rosto de perto. - Tu tá chorando?

Víbora: O quê? Não! Euem, tá doido? — Dei um risinho nervoso, mas a verdade é que meus olhos estavam marejados.

As lembranças de Marcely quando éramos crianças, as risadas, as confidências, tudo parecia um borrão agora, misturado com o sangue e a traição.

KL: Não precisa esconder, Víbora. Tem problema chorar por conta disso não, pô, por mais de toda a merda que ela fez, querendo ou não essa porra aí era tua irmã.— Ele colocou a mão no meu ombro, seu toque era firme, mas gentil.

Partimos de volta para a favela, o caminho todo envolto em um silêncio pesado.

O som do motor era o único ruído que rompida a quietude, refletindo o peso das ações recentes.

Cada um de nós estava imerso em seus
próprios pensamentos, os eventos da noite anterior pairando como uma sombra constante.

Quando chegamos à entrada da favela, avistei o DR sentado na calçada, distraído com o celular.

O contraste entre o ambiente tranquilo e a turbulência emocional que eu sentia era chocante.

Pedi para o KL me deixar ali e, sem esperar resposta, saltei do carro e corri em direção ao DR.

Assim que ele me viu, levantou-se imediatamente. Mas antes que ele pudesse fazer qualquer pergunta, eu o envolvi em um abraço apertado.

As lágrimas começaram a escorregar
livremente pelo meu rosto, e eu chorei sem reservas. O som de meu choro estava alto e crasso no silêncio da manhã.

DR: O que aconteceu, pô? Logo tu chorando, ala.

Víbora: Eu... eu matei a Marcely. — Minha voz estava embargada, e o peito parecia apertado como se fosse sufocar. - Porra, Daniel, eu matei minha irmã, cara...

Ele ficou em silêncio por um momento, sem saber exatamente como reagir, mas logo me apertou contra seu corpo, encostando a cabeça em meu ombro.

Eu estava completamente despedaçada, chorando como uma criança que perdeu a segurança.

Imagens da noite anterior invadiam minha mente – a barra de ferro quebrando os ossos de Marcely, o som seco dos tiros, e o corpo dela ensanguentado no chão.

DR: Na boa, Analice, tu fez o certo, pô. Ela era tua irmã? Era! Mas tava no erro, e merecia ser cobrada. Infelizmente, teve que ser desse jeito.

Víbora: Eu tô me sentindo tão culpada, Daniel.

DR: Culpada por quê? Quem errou foi ela, pô! Quem pediu pra ter esse final foi ela. — Ele se afastou um pouco, seus olhos penetrantes encontrando os meus. - Você não pode ficar assim por ter feito o que deveria fazer. Prefiro ver você sendo aquela mulher fria e poderosa, do que ver você assim, chorando por um bagulho que você não teve culpa.

Eu suspirei profundamente, tentando controlar a respiração e secar as lágrimas. As palavras do DR estavam começando a penetrar minha mente, e eu sabia que ele tinha razão.

Era difícil, mas eu precisava aceitar que o destino de Marcely estava selado pelas suas próprias escolhas.

DR: Vamos, eu te acompanho até a casa. — Ele me abraçou de lado, começando a subir a favela comigo.

Cada passo era um esforço para deixar a culpa para trás e encarar a realidade do que havia feito.

O caminho de volta era uma mistura de sentimentos. O peso da culpa e da dor ainda estava presente, mas as palavras de DR estavam ajudando a aliviá-lo.

Eu sabia que, por mais que o sentimento de culpa nunca desaparecesse completamente, eu precisava lembrar que o que fiz foi uma questão de necessidade, não de desejo.

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