Capítulo 61.

97 14 3
                                    

• Víbora •

Enquanto o PW me mostrava as provas sobre o que ele tinha acabado de me falar, eu estava ainda em um estado de choque com a parada que ele soltou aqui pra mim.

KL seria o último cara que eu imaginaria traindo alguém do comando, mesmo que fosse para conseguir alguma coisa.

E pensar nisso, vendo tudo provado que ele foi um filho da puta com pessoas que confiavam nele, eu senti medo...

Medo dele estar me traindo também! Tudo apenas por poder.

Ele iá tinha me dito uma vez, que por poder, ele faria tudo! Derrubaria quem tentasse entrar em seu caminho.

Mas, no fundo, eu sempre pensava que ele não era pra mim. Eu tinha colocado na cabeça que entre nós dois havia uma confiança sólida.

A possibilidade de ele ser um cuzão, filho da puta, nunca passou pela minha mente. Talvez fosse ingenuidade minha, talvez fosse o fato de que eu associava tudo que ele fez pra me tirar daquele galpão como um favor que eu nunca poderia retribuir de verdade.

Na minha cabeça, ele era quase um anjo. O cara que apareceu na hora certa, no lugar certo, e me tirou do inferno em que eu estava.

Era difícil desconfiar de alguém que te salva, que te estende a mão quando você tá no fundo do poço. Eu via o KL assim. A pessoa que me deu uma chance de escapar, que me trouxe pra onde eu tô hoje.

Só que agora... agora a história era outra. Eu não podia acusar sem provas, não tinha como apontar o dedo e dizer que ele me traiu, que estava planejando alguma coisa pelas minhas costas.

Não tinha como parar de confiar nele de uma vez só, não sem saber a verdade. Era arriscado demais, e se eu fizesse isso sem certeza, o jogo podia virar contra mim.

Eu precisava manter a calma, segurar as pontas. Não sabia se ele realmente estava me traindo ou se suas intenções eram tão podres quanto o resto do esquema. Se ele estava mesmo jogando pra conseguir o comando do PCC às minhas custas, eu ainda ia descobrir.

Mas uma coisa era certa: eu não ia dar mole. Daqui pra frente, eu ia ficar com dez pés atrás. Nunca mais ia confiar cem por cento nele, não depois de tudo que eu soube. Ele poderia continuar ao meu lado, poderia até me ajudar, mas a confiança? Essa ele perdeu, e eu ia jogar o jogo com isso em mente.

PW: Na hora em que fiquei sabendo dessa
parada, a vontade foi de entregar ele para os líderes, mas pensei bem, e resolvi esperar pra contar pra ti.

Víbora: Tu contou pra mais alguém? — Ele negou com a cabeça. - Então não conta! Deixa só entre eu e você, que se alguém souber, vai foder tudo!

Ele balançou a cabeça concordando, e eu dei um sorrisinho de lado, voltando a olhar os bagulhos que ele estava me mostrando sobre o KL.

De toda a sujeira que o KL tinha feito pelas minhas costas, fiquei mexida.

A sensação de traição queimava no peito, e isso misturado ao clima tenso do que estava por vir, tornava impossível tomar qualquer decisão sem pensar mil vezes antes.

Eu tentava colocar a cabeça no lugar, mas os olhares do PW estavam me deixando desnorteada.

Aquele homem sabia que era irresistível, e a forma como ele me encarava, cheio de segundas intenções, me fazia questionar minhas próprias barreiras.

Eu, que sempre fui controlada, já estava começando a fraquejar. PW não era qualquer um, ele tinha um jeito que desarmava qualquer mulher. Forte, com aquele sorriso malicioso e o olhar pesado, era difícil ignorar.

Eu fingia, claro, olhava pro outro lado, fazia de conta que não via, mas por dentro? Por dentro eu sentia o sangue ferver.

A parte racional da minha cabeça dizia que era loucura ceder novamente, que o momento não era esse, mas o corpo? Ah, o corpo queria outra coisa.

Eu não ia deixar que ele percebesse o quanto aquilo tinha me atingido.

A verdade sobre o KL tinha batido forte, mas eu precisava manter a cabeça fria. PW já estava de olho em mim, e eu não podia vacilar agora.

Jogar o jogo era a única saída, fingir que nada mudou e continuar a encenação.

A confiança que eu tinha nele já estava rachada, mas ele não podia saber. Ainda não.

PW: Fala aí, tu gostava dele, né? — Me lançou aquele olhar desconfiado, cruzando os braços, me provocando.

Fiz uma careta, me fazendo de desentendida, o coração acelerando por dentro, mas a voz saiu firme.

PW: Do KL, pô... — Completou ele, como se a pergunta precisasse ser mais direta.

Víbora: Não! — soltei quase rindo. — No máximo, uma gratidão por ele ter me tirado daquele galpão. Fora isso, nada demais.

PW balançou a cabeça, cético, como se soubesse mais do que eu estava disposta a admitir.

PW: Tá de caô. Vejo teu olhar brilhando quando olha pra ele... — Suspirou pesado. - Só não se deixa levar pelo desejo, pior merda que tu pode fazer.

Eu dei de ombros, mantendo a fachada.

Víbora: Relaxa, cara. Eu sou mais forte do que pareço. Sei me controlar... e principalmente, sei jogar.

Se ele achava que eu ia me deixar levar pelo que rolava com o KL, tava muito enganado.

Ninguém sabia do que eu era capaz.

Já tinha passado por coisa muito pior, enfrentado situações que fariam qualquer uma fraquejar, mas eu? Eu sempre levantei a cabeça. Resistir a um desgraçado era fichinha.

Minha mente estava uma confusão, mas o jogo ainda era meu. Se o PW achava que eu estava vacilando, ele não me conhecia bem o suficiente.

Estou de volta 💋 e Conto com vocês 💗
Votem e comentem |

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Oct 23 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

PCC - Primeiro Comando da Capital.Onde histórias criam vida. Descubra agora