Capítulo 47.

207 13 7
                                    

• Víbora •

Conto com vocês|
Votem e comentem 💗

O barulho ecoava pelo salão, uma mistura de risos, conversas altas e música ao fundo. A fumaça dos cigarros pairava no ar, dando ao ambiente um ar ainda mais carregado.

Homens e mulheres se espalhavam pelas mesas, conversando animadamente sobre assuntos aleatórios. No entanto, uma mesa, maior e mais afastada no canto, atraía olhares curiosos e respeitosos.

Cinco homens estavam sentados ali, figuras imponentes em meio à agitação. Entre eles, estavam Cascavel e KL. Marquinhos, ao meu lado, murmurou discretamente:

Marquinhos: Aquele que tá do lado do KL, é o Morte. E aquele que tá de braços cruzados, com a cara fechadona, é o PW.

Assenti, observando com atenção. Morte aparentava ter uns cinquenta e poucos anos, mas sua aparência era robusta e intimidadora, o tipo de velho que ainda poderia meter medo em qualquer um. PW, por outro lado, parecia estar na casa dos trinta. Moreno, cabelos escuros, com uma expressão de poucos amigos.

Marquinhos: Filho do Rodrigão, que foi assassinado pela PM no começo de 2017. Assumiu o posto do pai depois de fazer um roubo do caralho.

Continuei a observar até que o olhar de Cascavel encontrou o meu. Lhe dei um sorriso falso, que foi ignorado.

Sua irritação com a minha presença era palpável.

Sentei-me com Marcos e logo DR chegou com TK e Alice. A conversa fluiu, mas não demorou para que os homens fossem chamados para uma reunião.

Fiquei sozinha na mesa, mexendo no celular, tentando ignorar o barulho das risadas e conversas das outras mulheres.

A vontade de saber o que estavam planejando me consumia. Desde pequena, sempre me interessei pelos planos, pelos assaltos, pelo tráfico. Era como se, inconscientemente, eu me preparasse para um dia assumir o lugar de Cascavel.

Um desejo que, esperava, não demoraria muito para se concretizar.

Suspirei, largando o celular e decidindo dar uma volta. O salão estava repleto de mulheres, todas envolvidas em suas conversas. Fui até a mesa de comida no canto e comecei a montar meu prato. A fome me corroía, já que o dia havia sido corrido.

- Analice... vulgo Víbora, a filha mais velha do tão temido Cascavel, que todos achavam que estava morta... — A voz desconhecida me fez olhar para o lado, encontrando PW com um sorrisinho de lado. Fiz uma careta, mas continuei a colocar a comida.

PW: Sou o PW, filho do falecido Rodrigão.

Víbora: Tô ligada — Respondi, sem entusiasmo. - Pegou o posto do seu pai faz tempo?

PW: A uns 8 meses apenas. Foi uma briga do caralho pra deixarem eu assumir o posto dele. Achavam que eu não estava pronto..

Víbora: Até você conseguir bolar o melhor plano de assalto do ano passado, e conseguir faturar quase sete milhões de reais em apenas uma noite. — Assim que falei, ele riu, balançando a cabeça. - Ouvi essa história aí. Mandou bem, hein.

PW: Desde que nasci tô sendo treinado pra bolar essas paradas grandes. Peguei tudo do meu coroa.

Víbora: Conheci seu pai, era um machista escroto. — Sorri falsamente.

PW: Era mesmo, que até então não conseguia parar com uma mulher apenas.

Respirei fundo e dei as costas, voltando para a mesa. Senti o olhar de PW me seguindo e, ao olhar por cima do ombro, percebi que ele estava de olho na minha bunda.

Dei um sorrisinho de lado, sabendo que não seria tão difícil trazê-lo para o meu lado.

No jogo do poder, até o mais perigoso dos homens pode ser enredado por um sorriso e uma promessa sussurrada ao pé do ouvido.

PCC - Primeiro Comando da Capital.Onde histórias criam vida. Descubra agora