Capítulo 53.

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• Víbora •

Eu já tava no meu limite, dias em Porto Alegre, tentando arrancar alguma coisa da mãe da Luana. A mulher tava mais enrolada que carretel, morrendo de medo de dar ruim pra ela depois.

Prometi o céu e a terra, e garanti que, se desse merda, ela tava sob a minha proteção. No fim das contas, ela abriu o bico.

O Nome do cara é Alberto Negrini Ferraz.
O desgraçado tá na Bolívia, cuidando da produção de droga que vem pro Brasil.

O cara é o cabeça por lá, não é á toa que até da própria família ele se esconde. Saber disso tudo é como achar ouro!

Luana: Já vão embora? — Ela fez um biquinho, olhando pra mim e pro Marcos.
- Gostei de conhecer vocês! Geralmente, a galera foge de mim, nem sei por quê.

Víbora: Se quiser, cola com a gente!
— Suspirei e dei um sorriso. - São Paulo tá cheio de agência de modelo, você arruma um trampo fácil.

Ela fez uma careta pensativa, ficou calada. Eu continuei arrumando as malas, enquanto o Marcos saiu dizendo que ia resolver o que faltava na recepção.

Luana: Analice, agora que o Marcos saiu, preciso te contar uma coisa. — Ela apertou os lábios, visivelmente nervosa, os olhos marejados.

Senti um aperto no peito. Sentei na cama, puxei ela pra perto de mim e esperei. A tensão no ar era palpável.

Víbora: Eita, mulher, fala logo... o que foi?

Luana: É difícil... — Uma lágrima escapou pelo rosto dela. - Mas, enfim, faz uns dois anos, eu fui pra São Paulo com minha mãe numa reunião do PCC. Os caras queriam saber do meu pai, e só ela tinha notícia dele na época.

Ela ajeitou o corpo na cama, respirou fundo, e eu já tava me roendo por dentro, querendo saber o que ela ia dizer.

Luana: A gente ficou no Heliópolis, numa pensãozinha na favela, e... — Ela deu outra pausa, respirando fundo de novo. - Uma noite, fui num pagode num barzinho lá. Fui sozinha, tentando fazer uns amigos, e até que deu certo. Conheci gente boa. Só que, o que parecia uma noite perfeita, virou o pior dia da minha vida.

Ela colocou as mãos no rosto, lutando pra segurar o choro.

Luana: Foi o pior dia porque, voltando pra pensão de madrugada, dei de cara com o seu pai num beco, e ele... ele me estuprou!

Foi aí que ela desabou, chorando
descontrolada. Eu fiquei com os olhos arregalados, sem reação. Mas lá no fundo, não era surpresa pra mim.

Luana: Você conheceu meu "irmão" mais novo, o Breno? — Ela fez aspas com os dedos, e eu balancei a cabeça, ainda em choque - Então, ele é meu filho! Seu pai me estuprou e me engravidou. Ele destruiu minha vida naquela época.

Fechei os olhos, respirando fundo, tentando segurar o ódio que subia dentro de mim. Eu tremia de raiva, querendo chorar só de ouvir o que ela tava dizendo.

Luana: Eu não vou mentir, tentei abortar de todos os jeitos, mas não consegui! O menino nasceu, e eu não conseguia olhar pra ele sem sentir nojo, raiva, sabendo que ele era fruto de um estupro. Quis dar ele pra adoção, mas minha mãe não deixou, então ela que cuida dele.

Víbora: Luana, eu... eu sinto muito! — Foi tudo que consegui dizer, ainda sem chão.

Luana: Tá tudo bem. Hoje, eu amo aquele menino, mesmo que ele tenha vindo ao mundo de uma forma horrível. Digo pros outros que ele é meu irmão pra ninguém me perguntar do pai. Isso dói demais!

Ela limpou as lágrimas e forçou um sorriso. Seu rosto inchado pelo choro mostrava a força que ela tinha.

Uma mulher da porra, uma verdadeira guerreira. Passou o inferno nas mãos daquele desgraçado e ainda teve coragem de me contar tudo.

E ali, naquele momento, eu tive a melhor ideia possível pra acabar com o Cascavel de uma vez por todas. Um plano justo, que ia levar aquele desgraçado pro julgamento e, depois, pra morte.

Víbora: Você precisa vir pra São Paulo comigo, Luana. A gente vai acabar com esse desgraçado do Cascavel juntas!

Luana: Não sei se consigo encarar ele de novo, Analice.

Víbora: Não se preocupa! Vou fazer de tudo pra você não cruzar com aquele lixo até o dia do julgamento!

Ela soltou a respiração, e eu fiquei olhando, esperando a resposta.

Luana: Ok, eu vou contigo! Vamos acabar com aquele filho da puta juntas!

E ali, com o olhar firme e o ódio queimando em cada célula do meu corpo, eu soube que, juntas, nós iríamos destruir o Cascavel e fazer justiça, não importa o que custasse.

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