Capítulo 7.

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Víbora

Deitei naquele colchão novo, que o KL tinha trazido pra mim esses dias, e fiquei pensando em como estava as coisas lá fora.

Desde que entrei aqui, eu não sei mais de nada do que acontece lá fora. Os caras nunca falam nada, e eu nem posso perguntar se não eles já vem me destratando.

Nunca mais tive notícia da minha mãe também, queria tanto saber se a coroa estava bem, se ainda estava morando na favela e se ainda lembrava de mim. Sentia tanta falta dela e da Marcely, a irmã que eu era mais próxima.

Também estava morrendo de saudades do
Daniel, meu melhor amigo, o que eu cresci ouvindo dele que eu seria uma herdeira foda pra facção, mas hoje eu aposto que ele deve me achar uma Vagabunda vacilona, por ter traído a merda da facção.

Eu só queria pedir desculpas a eles, pedir que me perdoassem pelas merdas que cometi, mas eu sei que isso não seria possivel, pois eu só sairia daqui morta!

Continuei ali deitada pensando neles três, até que a porta se abriu com tudo, e alguns caras entraram.

Me sentei no colchão tampando meu corpo com o cobertor. Um cara veio e tirou as correntes de mim, logo me pegando pelos cabelos, e me pondo sentada na cadeira de tortura.

— KL proibiu a gente de te fuder, mas as pauladas continuam. — um deles falou dando um sorrisinho.

Eles me amarraram ali, e começaram com as pauladas.

1,2,3...14,15,16.27,28,29..

Eu contava as pauladas na mente, enquanto segurava o choro, e os gritos de dor.

Eles batiam sem dó, e eu lá me fazendo de forte fingindo que nem estava doendo, mas estava doendo pra caralho, por que eles batiam com força, e ainda me xingavam de coisas horríveis.

Na minha cabeça só estava eu matando esses filhos da puta das piores formas possíveis. Iria queimar um, esquartejar outro, e matar os outros vacilões de outras formas, uma pior que a outra, para eles sentirem um pouco do que eu senti esses anos todos.

Mas eu sabia que a forma dolorosas que ele iriam morrer, não faria eles sentirem nem 10% da minha dor. Eles foderem meu psicológico, me foderem por dentro e por fora, e isso não tem mais como ser concertado. Era isso que me deixava mais triste nessa porra.

Saber que eu não irei ser mais a mesma.

Mas eu sabia que se um dia eu saisse daqui, sairia bem pior do que eu era antes, sem ligaria ou me importaria com nada e nem ninguém.

Eu entrei uma, e iria sair outra pessoa, bem pior que antigamente!

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